Reis
Rio de Janeiro, Brasil, 1966
Do alto da sacada do quarto de hotel, Minna Zeppelin Soryu admirava o cenário da praia de Copacabana. O mar encontrava a areia num beijo molhado que envolvia os banhistas, enquanto a avenida terra adentro era um desfile de carros último modelo e corpos bonitos. Com um chapéu florido à cabeça e óculos escuros no rosto, a jovem inconscientemente buscava alguém entre os transeuntes lá embaixo, tentando identificar uma face em particular, um homem...
Logo percebeu, junto a um poste na calçada do hotel, aquele que procurava. Takeo Rokubungi, em sua vestimenta costumeira, vigiava o hotel como um fiel sentinela. Não olhava diretamente para Minna, mas encarava o prédio de modo atento, pronto para reagir a qualquer coisa estranha. Com ele por perto, a filha de Lianna sentia-se segura. Até mais leve. A companhia do oriental, quando se encontravam, mostrava-se agradável e proveitosa, embora ele se recusasse a responder muitas das perguntas que a moça lhe fazia. Compreendia o lado dele, no entanto. As pessoas com que ele e sua mãe haviam se envolvido deviam mesmo ser bastante perigosas.
Em breve entraria para uma universidade local, a Faculdade Nacional de Medicina. Também ingressava no campo das ciências, seguindo os passos de Lianna, mas numa área diferente. Desde pequena sonhava em se tornar médica, e chegara até a se matricular na Universidade de Auckland, Nova Zelândia, no mesmo curso – porém a última mudança imposta pela mãe frustrara seus planos. Tinha esperança, agora, de poder iniciar seus estudos no Brasil, onde imaginava conseguir ficar ao menos por mais tempo. A presença de Rokubungi certamente permitiria isso – o que fazia a jovem olhá-lo com ainda mais simpatia.
Será que finalmente conseguiria uma paz duradoura em sua vida?
Suspirou, contagiada pela maresia. A brisa lhe sussurrava que sim, o que acalentava seu coração...
O peito parava de arder, porém ele ainda não conseguia reprimir os soluços. Os olhos queimavam, enquanto passava as mãos pelo semblante banhado em lágrimas. Será que aquilo um dia teria fim? Toda aquela tristeza, amargura? A cada nova crise, isso parecia cada vez mais distante. Era só fechar as pálpebras que lhe vinha à mente a mesma cena... os dois corpos nus sobre a cama, abraçados. O adultério. Aquela que o traíra...
A porta da sala de descanso se abriu. A cabeça de Richard se voltou instintivamente em sua direção, deparando-se com o comandante Lorenz. Agarrou-se aos braços do sofá, inquieto. Sabia que aquela aparição não podia significar boa coisa... E, se havia alguém que realmente não queria que testemunhasse seu sofrimento, era ele.
- Doutor Langley... – saudou-o o alemão, sempre com um sorriso sarcástico no rosto. – Há quanto tempo não o vejo... Talvez se ficasse mais no laboratório, seu lugar, ao invés de chorando pelos cantos, nossos encontros se tornassem mais freqüentes...
- E-eu... – oscilou o cientista, um misto de vergonha e raiva dominando-o.
- Deixe-me deduzir a história... – Keel cruzou os braços, de pé diante dele. – Traição da esposa, certo? Você os flagrou ou descobriu depois, pela boca de outra pessoa?
O pesquisador optou por não responder. Era difícil lidar com aquelas provocações, mas não podia perder a cabeça... Mantendo os olhos no chão, apenas se submetia à humilhação, rogando para que terminasse logo.
- Volte já ao trabalho, doutor, não podemos desperdiçar tempo! Além do mais, encolher-se como um legítimo perdedor não vai trazer a vadia de volta para os seus braços...
Aquilo foi a gota d'água, o íntimo de Richard atingindo o ápice da revolta. Maldito... Maldito arrogante! Uma nova força tomou seus membros, desejando revanche por aquele desrespeito por sua dor!
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The Dawn of Evangelion
Fiksi PenggemarFanfic que constitui um prelúdio do anime/mangá "Neon Genesis Evangelion". Desde o infame Segundo Impacto, muito se especula e investiga, no submundo pós-apocalíptico, a respeito da misteriosa organização denominada "SEELE". Quando foi criada? Quais...