2º.☪

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O canto em que eu estava, era praticamente a área que todos sabem que é minha, como se meu nome estivesse marcado ao local. E na verdade está, pois atrás de minha estrutura corporal, existe uma grande e firme árvore que serve de sustento para minha costa, e em letras médias escrevi Angel ao tronco nos dias que não havia nada para me entreter do intervalo das aulas.

Ninguém mais chega a ficar próximo desta área onde meu corpo habitua, isso devido aos ventos e por ser menos frequentado pelos alunos. Geralmente todos costumam almoçar no refeitório, sentados em longos bancos de formato circular bem próximo a uma mesa do mesmo formato e observam a bela paisagem dos populares.

Amber estaria sentada no colo de Harry, e tenho certeza que neste momento ela brinca com os cabelos dele não dando nenhum pingo de atenção a sua comida. Ao seu lado estaria Chelsa babando em cima de Tyler Buttler, pedindo apenas um pouco de atenção para poder se sentir mais autoconfiante com sua beleza. E todas as garotas presente no refeitório estão olhando a cena que acontece na mesa mais invejada do local, e estarão desejando somente uma chance para poder um dia estar entre eles.

Encolho meu corpo dentro de meu casaco disposta a tentar me proteger do frio. Embora o inverno esteja quase no fim, os ventos gélidos ainda costumam percorrer alguns cantos de Cambridge, o que para algumas garotas é uma estação desfavorável, pois as mesmas não podem exibir seus corpos em micro shorts para atrair olhares de homens que a observam como um pedaço de carne.

A tela de meu celular se iluminou relevando uma parte da mensagem de Amber. Rolo o dedo pela tela abrindo a mensagem da mesma.

"Se o papai estiver em casa quando chegar, diga que tive que fazer trabalho na casa de uma amiga. Harry não está se sentindo bem, irei cuidar dele.

Amber Xx."

Não demoro em responder:

"Sem problemas"

Os horários passaram-se rapidamente, e antes que pudesse me dar conta, estava montando na scooter que meu pai me dera ao completar dezesseis anos. Sempre fui mais responsável que Amber, desta forma fui presenteada com uma moto agradavelmente de minha preferência e ainda diminua a distância entre a escola e minha casa.

— Pai? — chamei ao abrir a porta de casa.

— Oi filha. Onde está sua irmã? — papai limpava sua arma e subiu os olhos apenas para me notar.

— Ela precisou fazer um trabalho na casa de uma amiga.

— E essa amiga tem cabelos cacheados?

Não é segredo para meu pai que Amber namora Harry, porém, continua sendo segredo as subidas do rapaz pela escada que dá acesso a minha sacada do quarto. Isto tem que ser mantido em segredo, pois meu pai não ficará feliz em saber disto.

— Se eu confirmar que tem.. – sorrio nervosa, sentando ao lado dele — Amber levará uma bronca?

— Sim. Uma enorme bronca.

— Hm..então não, a amiga não tem cabelos cacheados.

— Sei. — ele me olha desconfiado — Está com fome? Estava pensando em pedir pizza.

— Com mais fome do quê posso explicar.

— Então vá tomar um banho enquanto eu faço o pedido.

Levei minha bolsa até meu quarto, retirando meus tênis e amarrando meu cabelo em um coque firme no topo de minha cabeça. Ao colocar meus óculos no criado-mudo, noto o pequeno pequeno retrato que se encontrava sob a cômoda.

É uma colagem de fotos minha junto a Amber, algumas quando possuíamos oito anos, ambas embrulhadas em roupas para frio devido a cidade extremamente fria em que morávamos, não era atoa que era considerada uma das cidades mais frias do mundo. Em outra foto estávamos em frente à nossa nova casa em Cambridge, a antiga ficava ao lado da casa de Harry, embora fosse no mesmo condomínio, minha nova casa eram alguns passos de distância de nossa antiga rua.

Na foto com quinze anos, Amber já mostrava que cresceu muitos centímetros a mais que eu, e seus cabelos na época eram loiros escuros, porém hoje, eles possuem fios claríssimos com algumas mexas rosas. Nossos olhos azuis envoltos em longos cílios deixam ainda mais claro nossas semelhanças físicas.

Volto minha atenção para a janela de meu quarto, e sorri imaginando que meu pai conseguiu fechá-la por completo, pois ontem à noite não consegui desemperrar a janela, o que foi péssimo porque o frio triplica quando a noite cai.
Arrastando meu corpo até o banheiro me relembrei a agradecer ao meu pai assim que formos jantar.

Um cheiro amadeirado, no entanto suave, adentra em minhas narinas assim que abandono o compartimento do banheiro. Aquele aroma não era meu, e me sinto paranoica em achar que possivelmente algum estranho adentrou meu quarto. Possuía medo quase sempre por causa da profissão de meu pai, mas antes de criar preocupações para ele, resolvi ignorar o perfume desconhecido, fingindo acreditar que era somente um novo perfume que Amber decidiu usar.

— Isto está com um ótimo cheiro — assumo com um sorriso nos lábios descendo as escadas.

– Deixei um pedaço para sua irmã no microondas – papai despejou a Coca-Cola em dois copos.

Ele ja estava vestido com seu fardamento e rapidamente imagino que meu pai trabalhará pela noite. Torço para que Amber não demore muito, mesmo que não seja a primeira vez em que ela me deixe sozinha tomando conta da casa, o perfume desconhecido ainda me deixava assustada, por este motivo espero que ela volte logo.

— Aqui o seu pedaço. — meu pai proferiu, colocando um pedaço de pizza em meu prato.

— Falou com a Amber?

— Liguei para ela, disse que daqui há pouco estava de volta.

— Ainda bem, não quero ficar sozinha em casa.

Meu pai se senta em minha frente puxando o copo preenchido com o líquido escuro para perto de seu corpo.

— Obrigada por desemperrar a janela do quarto

— Janela do quarto?

— É... a que eu comentei que estava emperrada – murmurei cortando em pequenos pedaços a pizza.

— Eu não lembro de ter feito nada disso, Rosie.

— Mas.. — balbuciei, pensativa — Quando eu cheguei da escola ela estava fechada.

Não posso colocar a culpa no vento, pois realmente a janela estava emperrada e tentei com todas as forças a pôr no lugar. Se não foi o vento ou meu pai, quem podia ter feito isto?

Memories » H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora