26°. ☪️

3.3K 260 158
                                    


Na manhã de meu aniversário antes mesmo ter consciência da data que o calendário marcava, já sentia o leve aperto no peito acompanhado da tristeza no coração.

Às vezes tentava algumas técnicas de relaxamento quando se aproximava do único dia que marcava minha vida, literalmente. Contudo, ao passar dos anos tive percepção de que aquelas técnicas não funcionavam e nem qualquer outra coisa tiraria de minha mente a data de morte de minha mãe.

Entretanto, completando dezoito anos prometi que não choraria, que tentaria aproveitar o máximo o dia de hoje. Achava que não seria algo complicado de se cumprir. No café da manhã papai agradou Amber e eu com nossas comidas preferidas. Não lembrava da última vez que todos estávamos reunidos felizes ao redor de uma mesa, sem celulares na mão ou assuntos estressantes de trabalho, apenas nós três presente totalmente no dia de hoje como deveríamos ser diariamente.

Minha irmã estava visivelmente animada. Ela considerava dezoito anos como a melhor idade para ser ter para sempre. Embora eu não ligasse para número, no fundo estava feliz de estar mais um ano viva. Amber havia separado os filmes para que assistíssemos no dia de hoje. Esse era nosso acordo, ela faria algo de meu agrado, e eu iria com ela até a nossa festa.

Papai estava preparando a pipoca quando tive a primeira chance de conversar com Amber a sós.

— Você descobriu alguma coisa sobre o Zayn?

— Uhm. — respondeu ela, mastigando um chiclete.

Aguardei mais informações, porém soube que Amber não iria soltá-las. Frustrante de certa forma pois estava curiosa e preocupada.

— E então..? – a incentivei a falar.

— Hmm. Não foi tão difícil. Como eu te disse — Deu de ombros — E ele é realmente bonito.

Mesmo próxima o bastante de Amber por dividirmos o mesmo sofá, ela não olhava em meus olhos e parecia se divertir em guardar informações de mim.

— Sim, mas me conte o que realmente interessa.

— Não sei — suas expressões forçavam parecer pensativa – Por que contaria?

— Por que se não fosse eu, você nem saberia dele!

— É claro que saberia. — respondeu ela, um pouco mais alto.

— Por que você está sendo tão chata, logo hoje? — retruquei na mesma altura.

— Eu não sou chata! — Amber rebateu como uma criança de cinco anos.

Eu acabei rindo de sua maturidade, finalmente quando ela encarou meus olhos, percebi que estressa-la não era a melhor tática para fazê-la falar de Zayn.
Pensei em outra forma de fazer ela abrir o jogo:

— Tá. Você não conseguiu encontrar o Zayn e por isso não quer falar?

— Você sabe que não. Primeiro porque não foi complicado saber o fim de mundo que ele mora e fingir estar perdida e procurando informação do ponto de ônibus mais próximo.

— Você fez isso?

— É claro – gabou-se — E lógico que ele apareceu para ajudar uma garota bonita precisando voltar para casa.

Memories » H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora