7º.☪

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As doses exageradas de café na qual tomei durante a noite anterior, foi a razão pela qual permaneci o dia seguinte sem conseguir grudar os olhos. Fora a vontade enorme dormir, a agitação devido a cafeína ainda fluía em minhas veias, me deixando bastante hiperativa.

Não hiperativa o suficiente para suportar as dúvidas de Amber sobre qual lingerie usar para o aniversário de seu namorado. A observei prender seus cabelos em um coque alto facilitando que eu veja o sutiã rendando que cobre seus seios.

— A vermelha ou azul?

— Qual o propósito disso? – pergunto sem ao menos retirar minha cabeça do travesseiro.

— Qual o propósito? — Amber questiona incrédula. — Aniversário de dezoito anos de meu namorado! Eu quero fazer um agrado para ele! Então responda uma simples pergunta: a cor vermelha ou azul?

Um agrado com peças íntimas? Como eu posso ter uma irmã que pensa desse jeito?

Desde o dia em que fui ao cemitério, não criei expectativas para que Harry falasse comigo naturalmente, e ainda bem que não criei, pois trocamos breves olhar, porém nossas vozes não chegam a presenciar nenhum momento em que estejamos próximos.

— Azul — respondo-a.

— Que droga! Mas vermelho é a cor preferida dele. — Amber resmunga sozinha.

— Não sei o motivo de tanto estresse, essa roupa não vai ser retirada de qualquer das formas? — levanto a cabeça do travesseiro enquanto a indago-a.

Amber arregala seus olhos visivelmente revoltada. O fato de escolher a peça íntima já estava esgotando a cota de paciência que a mesma possui, e minhas perguntas pareciam a enfurecer cada vez mais. Por que tanta raiva se eu só estava falando a verdade?

— Argh! — ela grunhe atirando outras peças de roupa em cima de mim — Você não sabe nada sobre relacionamentos!

Ri descontroladamente quando Amber bateu a porta de meu quarto com força, fazendo com que os quadros pregados na parede vibrassem contra o gesso, porém sua batida não foi forte o bastante para fazer os objetos caírem. Se ter um relacionamento trazia tanto estresse com pequenos detalhes como uma peça íntima, eu sou extremamente grata por não ter este tipo de problema.

Estando com a taxa de energia bastante elevada, cheguei à conclusão que realmente não conseguiria dormir. As provas de hoje exigiram que passasse a madrugada acordada para que pudesse pelo menos tirar uma nota boa, uma pena que meu único energético é o café, o qual me retira o sono do dia seguinte e eleva minha agitação.

As nuvens com coloração um pouco mais escura, começaram a cobrir o céu, de modo que anunciou a chegada da noite. E eu ainda sem sono resolvi ir passar um pouco de tempo lavando os cabelos, deixando que a água tirasse a tensão de meus músculos. Enrolo a toalha envolta de meu corpo enquanto caminho para fora do banheiro.

Amber usava o cacheador em seus cabelos, formando pequenos cachos nas pontas dos mesmos. Abro a boca para perguntar o que ela faz em meu quarto, mas ela responde antes que questione:

— Seu quarto tem a iluminação melhor — diz, apontando para a lâmpada brilhante em meu quarto.

— Papai está em casa?

— No bar com Ched — Amber retruca me encarando pelo espelho. — Tem um sutiã que não serviu em meu peito, deixei aí na cama para você.

Pegando o sutiã preto, penso silenciosamente sobre o porquê dela me dar: Claro que uma peça tão pequena não caberia em algo tão grande.

— Obrigada — minha voz responde com sinceridade.

Amber e eu, acima de tudo, somos irmãs, como melhores amigas, que brigam mas no fundo sempre voltam a se falar. E mesmo com tantas diferenças, conseguimos nos entender.

— Quer ir comigo no aniversário do Harry? — me sento na cama penteando meus cabelos, deixando sua pergunta ser repensada em minha mente.

Encaro a prateleira com livros, sem nada novo para ler, e com a cafeína em meu organismo, ir ao aniversário dele não era uma opção ruim.

— Tudo bem. — minha resposta fez Amber parar de cachear seus cabelos, me olhando fixamente para ver se eu estava respondendo irônica.

— Está falando sério? – mostrou todos os seus dentes esboçando um sorriso — Sério que quer sair comigo?

– Uhm — prossegui penteando os cabelos.

— Por livre e espontânea vontade? Não posso acreditar! – mesmo incrédula, a felicidade é tanta que reflete em seu rosto — Vou ao aniversário de meu namorado com minha irmãziinha!

— Não é para tanto. — resmungo baixo. — Vou me arrumar. — levanto da cama deixando a toalha sobre ela.

Coloco minhas peças intimas aproveitando o sutiã na qual ganhei de minha irmã. Ela continua enrolando seus cabelos, e o vestido preto já cobre seu corpo - pelo menos uma parte dele - sua maquiagem não me impressiona, as sardas não são visíveis em seu rosto novamente por conta do pó compacto, não que isso me incomodasse, já estou até acostumada.

Retiro o primeiro vestido de meu roupeiro não me importando em olhar que roupa seria. Se está em meu guarda-roupa, logicamente que não será algum tipo de roupa parecido com as vestimentas de Amber. De agrado com a roupa na qual peguei, prendo meus cabelos molhados pronta para passar o vestido por minha cabeça.

— Você não vai com isso, né? — passo minha cabeça pelo vestido, podendo assim encarar Amber.

— Qual o problema?

— Sei que não vai aceitar ir com alguma de meus vestidos — concordo com a fala de Amber anuindo a cabeça — Mas, aceita ir com uma calça minha? Bem melhor que vestido e você se sentirá mais à vontade.

Franzo o cenho à procura da pegadinha na fala dela, porém, a mesma não aparentava querer me vestir igual a ela. Ela só está parecendo simpática, e mesmo desconfiada balanço a cabeça concordando novamente, a vejo saltitar feliz logo em seguida, indo em direção a seu quarto.

Xxx.

À vontade era tudo que eu não estava enquanto tentava arrastar meus passos ao lado de Amber, que seguíamos em direção à casa de Harry, e o mesmo agora estava na guarda de sua tia, após a morte de seu responsável.

Minha irmã possui uma pontuação duas vezes menor que a minha, e por isso sinto que a qualquer momento o couro de sua calça irá se fundir com minha pele, impossibilitando que eu dê passos mais longos, pois literalmente tenho a impressão que se esticar mais meus passos, o tecido se partirá ao meio.

Dobrando a última esquina, consigo ver a casa do aniversariante devido à quantidade de adolescente que estão segurando copos coloridos no lado de fora.

— A tia dele deixa ele fazer uma festa? – pergunto passando a mão nos fios que caiam em minha testa.

— Claro que não. Ela viaja por conta do trabalho, então temos a casa toda nossa.

Meu dente se crava em meus lábios quando começo a analisar o que eu estou fazendo andando em direção à porta da casa. Sentindo meu corpo roçar em vários braços e a carne de minha bunda ser apalpada duas vezes.

— Hey irmãzinha! — Amber chama minha atenção assim que entramos definitivo na casa — Cuidado com as coisas que bebe.

Bufo fortemente quando a vejo correr até seu namorado beijando todo o rosto dele enquanto o mesmo pousa suas mãos mais abaixo da costela de Amber, subindo seu vestido sem sutileza alguma.
Acho que não preciso desejar um feliz aniversário.

Memories » H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora