3º.☪

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O sábado não demorou para chegar, e minha rotina continuou monótona.
Não que eu esteja me queixando, pois na verdade já me acostumei com os meus dias iguais aos de ontem, e de anteontem e segue esta sequência desde que eu voltei para Inglaterra.

Em minha frente, Amber passou algo em seu rosto que escondia as pequenas sardas que enfeitavam suas bochechas, ela usava tanto maquiagem que esquecia que as manchinhas vermelhas também faziam parte dela, igualmente a mim. Os cabelos de minha irmã estavam presos, porém sabia que era apenas para não dificulta-la ao se maquiar.

O sol ia embora gradualmente assim que os minutos se passavam e enquanto minha irmã passava quilos de maquiagem em seu rosto eu a observava vestida em um curto vestido de cor preta.

— O papai sabe que vai sair? — decidi perguntar, brincando com a bainha de minha camisa para dormir.

— Ele só chega pela manhã, você sabe disso. Papai nem ira desconfiar que eu sai — disse ela, terminando de passar o batom vermelho — Claro que para isso você tem que deixar sua boquinha calada.

— Não vou falar nada — afirmei — Mas, vê se não chega tão tarde.

Ela sorri para mim e consigo visualizar seu sorriso devido ao espelho em que a mesma se mirava. Para Amber, ter um sábado lucrativo se resulta em se preparar para alguma festa qualquer que ocorrerá em alguma casa recheada de alunos, drogas, e testosterona. O que mostra exatamente nossas diferenças sobre a definição de o que seria um sábado lucrativo.

Mesmo que ainda nem seja sete horas da noite, meu pijama já está em meu corpo enquanto tento decidir qual série irei fazer uma maratona, ou até mesmo uma maratona de filmes, é quase a mesma coisa. De uma forma ou de outra não mudará o fato que para ter uma noite de sábado alegre ficarei no sofá da sala, tomando café e rindo sozinha. Como uma festa poderia ser melhor que isso?

— Sabe o Tyler? — a voz de minha irmã ecoa em minha cabeça.

— Sei.

— Ele me convidou para sair.

— Mas você está com o Harry.

— Eu sei, mas, é só sair, o que tem de mal nisso? — questionou ela.

— O fato que vocês podem acabar em um motel?

Amber rir e continua fazendo um processo extremamente chato para ganhar ondas no cabelo.

— Não seja boba — contrapôs ela.

Fiquei feliz em saber que pelo menos Amber não teria coragem de ir para em um motel com um amigo de seu namorado.

Sua voz consegue ser aguda o bastante para acabar com meus pensamentos:

— Sabe que eu o traria para meu quarto. — assumi ela.

— Hm — é o único som que consigo murmurar.

Continuei no quarto de minha irmã, vendo sua produção exagerada para uma simples festa. Uma vez tentei acompanhá-la na festa de Zack Prinze, o que não deu muito certo, pois duas horas depois eu me sentia deslocada de todos presente naquela casa cheia, e para piorar, ao meu lado possuía um casal se beijando e beijando é apenas um eufemismo para o que eles estavam fazendo.

Naquele dia eu percebi que era bem melhor ficar em minha casa do que em um local onde me sentia como um peixe no inferno.

— Que horas vai sair?

— Assim que Harry chegar — responde.

— Ele vem buscar você?

Seria a primeira vez em que minha irmã chegaria em uma festa junto com seu namorado.

— É estranho, eu sei, mas esses dias ele está muito próximo de mim.

— Hm — murmuro novamente.

— Acha que ele me ama?

— Oras Amber! Eu não sei, estão juntos a seis meses?

— Cinco.

— De qualquer das formas, eu não sei — pronunciar algo relacionado a Harry ainda faz o frio em minha barriga aumentar — E você, o ama?

— Quando eu olho nos olhos dele, sinto algo forte.

Sorri sem graça notando o rubor crescer nas bochechas de minha irmã e o vermelho se escondendo com facilidade no blush que a mesma havia passado.

— Consegue identificar o que sente?                                                              

Fiquei feliz esperando que sua resposta assuma que minha irmã ama meu ex melhor amigo.

— Tesão – a palavra soou naturalmente entre seus lábios.

— Nossa...

As horas se passaram e eu ajudei Amber a terminar de se arrumar e em escolher o melhor salto, pareci o papai pedindo para que ela levasse um casaco visto que o frio estava forte, mas ela negou proferindo que o casaco esconderia o decote de seu vestido.

Minha irmã possui peito demais e bunda de menos, mas ela não parece ligar muito, pois prefere manter suas roupas com decotes longos relevando o que deveria continuar escondido. E mesmo que eu usasse um de seus vestidos com decotes fartos, meus seios ainda seriam praticamente invisíveis. Também não podia fazer nada se possuo mais bunda do que peito.

— Vê se ele chegou! — sua voz corta meus pensamentos.

— Claro — clareei a garganta fazendo minha voz soar convicta, no entanto, sinto o tremor

Quando chego a sala, já consigo escutar o motor da Harley de Harry. Minha irmã não contava que ele viesse de moto, mas duvido muito que ela troque o vestido por conta do veículo de duas rodas.

Não querendo ver ele diretamente, apenas abri uma brecha no espaço da cortina que cobria a janela. Pensei que ele não me veria, porém, através do vidro consegui ver seus olhos verdes no meu e foi algo que me assustou bastante. Enquanto um fraco som de susto fugiu de minha boca, automaticamente solteis a cortina de modo que a janela voltou a ficar totalmente fechada.

— Ele chegou — avisei

Ela demorou uns cinco minutos para descer as escadas, não liguei muito para o som do salto sobre a cerâmica de minha casa, pois eu prestava atenção na tela em minha frente que brilhava produzindo imagens do filme na qual eu assistia.

— Tchau! Prometo não demorar — beijou meus cabelos — Amo você.

Ela abriu a porta se despedindo com um sorriso perfeitamente alinhado.

— Mais do que chocolate... — murmurei quase que silenciosamente.

Quando éramos menor, Amber e eu costumávamos falar "amo você" de maneira diferente. Fazíamos meio que uma comparação do nosso amor com algo que gostávamos.

Ela dizia:

— Mais do que minha boneca Barbie.

Seu amor por mim era maior do que o amor dela por sua boneca.

E eu falaria:

— Mais do que chocolate.

E quando eu falava isso, significava que eu a amava mais que tudo devido à grande paixão que tenho por chocolate.

Ao crescer, Amber começou a achar isto uma coisa boba, mas eu, ainda a amo mais do que chocolate e sei que ela me ama mais do que sua boneca barbie.

Presto atenção no filme e mesmo lutando para permanecer acordada, meus olhos se fechavam como se algo os puxasse para baixo. Sei que devo subir e dormir em minha cama, pois eu não tenho mais quatro anos e meu pai não me levará mais para minha cama quando eu dormir no sofá.

Por volta da madrugada, me mexo desconfortável escutando os tombos de minha irmã tentando achar seu quarto. Ela está bêbada e eu, com sono demais para abrir meus olhos. Assim que os sons sumiram, senti meu corpo ser carregado para algum lugar, ou talvez seja um sonho, mas sentindo minha coberta esquentar meu corpo, só poderia estar em um lugar.

Quando eu acordar, eu sei que estarei em minha cama.

Memories » H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora