23º.☪️

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A moto de Harry era mais alta que a de Zayn. Percebi, logo ao comprovar que minhas pernas não eram compridas o bastante para que eu subisse ou descesse de sua moto sem ajuda.

Na primeira vez que Harry me ajudou a montar no veículo de duas rodas, ele não pronunciara nada, somente dirigiu para longe da praia. Vinte minutos depois, parou no acostamento de uma estrada de pedra. Assim que me ajudou a descer, comentou:

— Você não está armada.

Analisei o local meticulosamente após sua afirmação. A estrada era estreita, porém conhecida; um atalho que alguns arriscam pegar para chegar ao shopping. Não havia postes, tornando-a escura. Os ventos eram brutais e úmidos, isso por conta das inúmeras árvores a quais cercavam a estrada.

Harry notou que não estou armada com qual intenção?

Automaticamente me questionei: Deveria estar armada?

Sua risada cortou meus pensamentos, foi um risada forçada, quase parecia triste.

Você não acha irônico confiar em um cara que mal conhece, do que em um com qual tem memórias de infância?

Dei de ombros.

Aquele cara não me deu motivos para usar uma arma.

O rosto de Harry se contorceu aparentando uma feição triste. Senti o peso de minhas palavras rapidamente, mas não tão rápido quanto o rosto dele voltou a ter uma expressão fria.

— Desculpe — murmurei. Ele não respondeu.

Começou a andar no caminho entre as árvores. Não hesitei, o segui, sem ter medo por não possuir uma arma. No fundo era por que sabia que Harry não me faria mal, se quisesse já tinha feito. Pelo menos acreditava nesses pensamentos.

Cinco minutos depois, meus pés pisavam em um caminho de pedras na cor azul, elas eram tão brilhantes que iluminaram o caminho escuro.
Parecia mágico.

— Que tipo de pedras são essas? – indaguei, pegando uma delas.

Harry se virou para mim.

— Pedras normais — ele disse.

Vendo-a em minha mão, a pedra era exatamente como outras que já tinha visto, exceto pelo tom azul que brilhava no escuro. Queria perguntar mais sobre as pedras, ou os tons de azul, porém, o rosto de meu amigo de infância ficou tão bonito na luz azul, que não consegui falar.

Devia ser efeito das pedras. Não há possibilidades de me interessar por Harry. Era as pedras, apenas elas que me deixaram sem fala.

Estava tão encantada por conseguir ver um caminho que brilhava no escuro, e também em ver que o fim do que Harry iria me mostrar era à menos de vinte passos.

— O segredo é o spray.

– O quê? – o olhei, tentando entender do que falava.

— Elas brilham no escuro por um spray. — respondeu dando de ombros, como se não fosse nada.

Fiquei sem fala novamente. Engoli em seco, olhando a pedra brilhante em minha mão. Harry não faria um negócio desses. Ele não perderia tempo pintando pedras.

Memories » H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora