Negamos automaticamente como grandes mentirosos. Meu pai pareceu acreditar enquanto pedia para que nos aproximássemos das outras pessoas presentes.
Conheci um pouco mais sobre os novatos, entretanto ainda é um pouco difícil pensar no que se passa em minha frente, sabendo que mais tarde eu terei que dormir no mesmo lugar que Harry. A fogueira continua quente aquecendo a roda de conhecidos. Iremos seguir caminho amanhã cedo, parece que a meta é chegar a parte mais alta da floresta, segundo Ched, a visão é extremamente bela do topo.
A voz de Aisha - irmã de Ryan - conta animadamente sobre a trilha que fez no Peru, se nos organizarmos melhor no próximo ano, talvez nas férias possamos trilhar um local com mais paisagens tranquilizantes. Eu com certeza estarei mais tranquila se Harry não estiver lá.
Quando todos levantam-se e caminham para suas cabanas, Harry e eu somos os únicos que sobramos em volta da fogueira. Meu pai se despediu de mim, perguntando se eu iria ficar bem, e ao vê-lo entrar em seu abrigo, tive a certeza que só restou Harry, eu e estrelas.
O silêncio que originou entre eu e ele, só não foi tão desconfortante devido aos ventos que acoitavam as árvores fazendo as mesmas criarem um som reconfortante. Os grilos faziam sons juntos à alguns animais que não consigo identificar, esses sons se misturavam com minha respiração fraca. Até a água descendo rio e levando algumas pedras eram possíveis de escutar por conta do silêncio de nossas vozes.
Fecho os olhos por alguns segundos apenas para sentir mais intensamente a natureza ao meu redor. Jamais escutaria algo do tipo próximo da civilização, e isto aumenta a vontade que possuo de morar em uma parte mais rural da cidade. Minhas pálpebras se abrem e revelam que Harry não se encontra mais junto à mim. Imagino que decidiu ir para a cabana, porém eu, estou decidida a passar mais alguns minutos observando as estrelas.
A infinidade de pontos brilhantes no céu mergulham meus pensamentos para bem longe de presente.
Naquele passado minha memórias ainda eram reais. Tinha um melhor amigo, podia brincar até cansar porque não teria compromissos para me responsabilizar, quando a noite chegava eu esperava todos irem dormir para poder conversar com Harry da janela do quarto. Tentaríamos gritar baixo, mas alto o bastante para que conseguíssemos distinguir os que falávamos em uma distância um pouco grande de cada janela.Papai sempre estava cansado demais para acordar com minha voz fraca, mas Amb acordaria e ordenaria para que fossemos conversar no quintal, então eu desceria a árvore ao lado de minha janela para poder chegar no quintal de Harry, até que uma vez por conta da escuridão, acabei escorregando meu pé do galho e então meu corpo atingiu o chão em uma altura capaz de me fazer torcer o tornozelo.
Antes que meu grito de dor pudesse sair, Harry colocou a mão em minha boca, escondendo qualquer som que quisesse fugir. Eu era apenas uma criança, e naquela altura meus olhos já estavam cheio de lágrimas enquanto reprimia o choro.
— Eu quero o meu pai! – minha voz havia saído esganiçada e tremida.
— Hey Angel! Não pode fazer barulho senão nossos pais vão escutar.
— Mas está doendo!
— Não. Mamãe diz que a dor é psicológica. É só não pensar nela que vai passar.
Lembrando dessas coisas, Harry não aparentava ter sete anos possuindo uma forma de pensar tão madura. Durante a noite à luz de um porte ficava acesa, aquela luz era o suficiente para que me deixasse olhar o meu quintal. O gramado estava molhado devido à fraca chuva que havia ocorrido mais cedo, mas eu ainda continuei sentada sob ele, com um perna reta e a machucada um pouco mais elevada.
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Memories » H.S
FanfictionAngel Rosie assim como toda adolescente normal, guardou grandes memórias de sua infância, algumas de suas memórias viraram lembranças distantes. Ao voltar em sua cidade natal, as memórias que ela continha daquele pequeno vilarejo continuava quase m...