13º.☪

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Sendo duas da madrugada ou não, assim que optei por decidir que a revelação de Harry era apenas mais uma forma dele brincar comigo, procurei meu celular pela barraca e quando o encontrei disquei o número de Amber.

Harry não estava na tenda. Não tenho ideias de onde mais ele possa estar, afinal, é madrugada, e não é como se ele fosse pegar sua carteira com dinheiro andar por aí e encontrar um lugar para curtir. Estávamos no meio do mato, mal encontro sinal nesse lugar, o que Harry pode fazer se não está na barraca e nem próximo a fogueira?

O primeiro toque da ligação soa em meu ouvido. Espero impaciente para conversar com minha irmã, as ideias me fugiam sobre o que iríamos dialogar, mas nesse momento só desejo mesmo escutar uma voz para me fazer lembrar da situação que vivo com Harry.

— Rosie? — escuto o ruído de minha irmã.

Seu timbre não está fraco ou sonolento como pensei que estaria, na verdade, Amber dá um grito tentando abafar a música alta que soa.

– Hey? – tento escutar alguma coisa porém são muitos sons ao mesmo tempo — Está em casa?

— Estou sim! — ela grita novamente — Aconteceu alguma coisa? Por que está me ligando a essa hora?

— Você está fazendo uma festa em nossa casa?! Amber o papai vai ficar furioso!

Me encontro gesticulando para o nada, próximo de uma árvore alta e com meu biquini ainda em meu corpo. Questiono-me o que alguém acharia se olhasse esta cena. Provavelmente uma maluca brigando com seu filho, infelizmente, é uma maluca discutindo com alguém doido. Ponho no viva-voz tentando entender as coisas mais nítidas.

— Ah Rosie! – Amb resmunga — Você é sempre tão certinha.

— Não é isso! É que nosso pai confiou em você, e olha o que você faz? Uma festa enquanto estamos longe dentro da nossa casa!

O som da música fica mais fraco, imagino que minha irmã foi para uma área mais reservada. Ela pronúncia grosseiramente da outra linha:

— Não é por que você matou nossa mãe que precise pegar o papel dela!

Fico apenas parada, deixando sua voz se alinhar no mais profundo de minha mente. Algo tranca minha garganta enquanto sinto um murro invisível atacar meu estômago. Assim que sou golpeada, deixo o celular escorregar por meus dedos ao mesmo tempo que as lágrimas se juntam em meus olhos.

— Rosie — Amber disse, porém estou concentrada demais em suas palavras para me importar com sua voz me chamando – Eu não quis dizer isso.

Me agacho tentando recompor-me e segurar as lágrimas, e vejo que é uma tentativa falhada quando percebo que a água já fluía de meu olhos.

— Eu.. – fungo, fechando as pálpebras várias vezes – Tudo bem. Vou parar de te incomodar. Sinto muito. Nunca quis retirar a vida de ninguém — solto um soluço assim que encerro a chamada.

Mantenho meu corpo na mesma posição mesmo depois de ter encerrado a ligação há mais de três minutos. Embora quisesse levantar e ir trocar de roupa visto que permanecer com uma vestimenta molhada de madrugada não é lá uma ideia muito inteligente, naquele instante eu não me importava com nada, muito menos com um pedaço de pano molhado.

Memories » H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora