Capítulo 8 - O TEOREMA LUCAS.

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🎶 Talvez- Clarice Falcão

Naquela noite em que saímos juntos e acabamos parados no acostamento da ponte, ainda ficamos conversando muito durante a noite dentro do carro:

- Tenho um livro que eu acho a tua cara. - Falei enquanto ele inclinava o banco para trás.- É do John Green, meu escritor favorito.

- Qual?

- O teorema Katherine. É um livro bem inteligente e bastante matemático. Tipo, quando eu leio algum livro sempre fico imaginando como é a personagem, e, algumas vezes, atribuo o rosto de pessoas que eu conheço. Enquanto eu lia, sempre imaginava o Colin sendo você.

- Eu?

- Sim.

- Vou querer ler, você me empresta?

- Claro!

Eu queria entender ele, o Lucas; nossa, em um momento ele era o cara mais legal do mundo, coisa que eu sempre achei, mas para as outras pessoas ele era um total idiota, um garoto fútil (Tipo o que a Kelly achava), mas não era bem assim, se tem uma coisa que eu sempre admirei nesse cara é a inteligência, por isso podíamos passar horas conversando... Não importava o que os outros pensassem ou falass a respeito dele, pois eu sabia bem quem ele era e gostava dele assim. Conversamos tanto, mas quando paramos um tempo, olhei do lado e ele dormia. Dormia tão bonitinho que eu deixei amanhecer e não o chamei, fiquei só olhando o Lucas quietinho do meu lado e ouvindo a respiração forte. Ele me disse que eu deveria tê-lo acordado, que chegou tarde na aula àquele dia.

Na sexta, a Susie tinha uma disciplina à noite, por isso íamos juntos, pegamos o ônibus no ponto da praça, tudo que eu fazia naqueles dias parecia no automático: Acordar-Comer-Ir pro trabalho-Ir para a faculdade. O Lucas não saía da minha cabeça um só minutinho sequer.

- Arthur,você está estranho faz dias. - Susie falou enquanto eu olhava pela janela. - Você tá chato, tá em outro mundo...

- Eu tô normal, Susie. Nada de estranho.

- Você que pensa, mas a gente que convive contigo é que sabe. E outra, o Júlio disse que você não está falando direito com ele.

Dois garotos se beijando no banheiro.

Chegamos no nosso ponto:

- Tem uma coisa que preciso te contar, Susie. É... No dia do show eu vi... Ai, é difícil!

- Fala, menino!

- O Júlio e aquele amigo da Nina se beijando.

A Susie fez uma cara que não consegui identificar exatamente o que significava:

- Tá brincando, né, Arthur?

- Não, Susie. Eu vi.

- O Júlio não é gay, tá maluco?

- Mas eu vi os dois se beijando.

- Viu? Será, Arthur, que viu mesmo?

- Eu não tô entendendo essa sua reação. Tem algum problema pra você alguém ser gay, Susie?

- Não, só que o Júlio não é.

Eu não queria ser gay, isso me impedia de ser completo. Eu queria ser completo, sempre tenho essa sensação de estar escondendo algo e isso não é bom. Meus amigos são maravilhosos, mas o problema sou eu, é comigo. Outra vez eu me via culpado por amar tanto o Lucas, só que eu não queria me distanciar dele nunca mais.

Se aceita, vaiOnde histórias criam vida. Descubra agora