🎶 Talvez- Clarice Falcão
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Naquela noite em que saímos juntos e acabamos parados no acostamento da ponte, ainda ficamos conversando muito durante a noite dentro do carro:
- Tenho um livro que eu acho a tua cara. - Falei enquanto ele inclinava o banco para trás.- É do John Green, meu escritor favorito.
- Qual?
- O teorema Katherine. É um livro bem inteligente e bastante matemático. Tipo, quando eu leio algum livro sempre fico imaginando como é a personagem, e, algumas vezes, atribuo o rosto de pessoas que eu conheço. Enquanto eu lia, sempre imaginava o Colin sendo você.
- Eu?
- Sim.
- Vou querer ler, você me empresta?
- Claro!
Eu queria entender ele, o Lucas; nossa, em um momento ele era o cara mais legal do mundo, coisa que eu sempre achei, mas para as outras pessoas ele era um total idiota, um garoto fútil (Tipo o que a Kelly achava), mas não era bem assim, se tem uma coisa que eu sempre admirei nesse cara é a inteligência, por isso podíamos passar horas conversando... Não importava o que os outros pensassem ou falass a respeito dele, pois eu sabia bem quem ele era e gostava dele assim. Conversamos tanto, mas quando paramos um tempo, olhei do lado e ele dormia. Dormia tão bonitinho que eu deixei amanhecer e não o chamei, fiquei só olhando o Lucas quietinho do meu lado e ouvindo a respiração forte. Ele me disse que eu deveria tê-lo acordado, que chegou tarde na aula àquele dia.
Na sexta, a Susie tinha uma disciplina à noite, por isso íamos juntos, pegamos o ônibus no ponto da praça, tudo que eu fazia naqueles dias parecia no automático: Acordar-Comer-Ir pro trabalho-Ir para a faculdade. O Lucas não saía da minha cabeça um só minutinho sequer.
- Arthur,você está estranho faz dias. - Susie falou enquanto eu olhava pela janela. - Você tá chato, tá em outro mundo...
- Eu tô normal, Susie. Nada de estranho.
- Você que pensa, mas a gente que convive contigo é que sabe. E outra, o Júlio disse que você não está falando direito com ele.
Dois garotos se beijando no banheiro.
Chegamos no nosso ponto:
- Tem uma coisa que preciso te contar, Susie. É... No dia do show eu vi... Ai, é difícil!
- Fala, menino!
- O Júlio e aquele amigo da Nina se beijando.
A Susie fez uma cara que não consegui identificar exatamente o que significava:
- Tá brincando, né, Arthur?
- Não, Susie. Eu vi.
- O Júlio não é gay, tá maluco?
- Mas eu vi os dois se beijando.
- Viu? Será, Arthur, que viu mesmo?
- Eu não tô entendendo essa sua reação. Tem algum problema pra você alguém ser gay, Susie?
- Não, só que o Júlio não é.
Eu não queria ser gay, isso me impedia de ser completo. Eu queria ser completo, sempre tenho essa sensação de estar escondendo algo e isso não é bom. Meus amigos são maravilhosos, mas o problema sou eu, é comigo. Outra vez eu me via culpado por amar tanto o Lucas, só que eu não queria me distanciar dele nunca mais.
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Se aceita, vai
RomanceArthur se apaixonou pelo melhor amigo e agora terá que lidar com isso buscando a aceitação dos outros e aprendendo a se aceitar.