Capítulo 17 - ACHO QUE O AMOR É ISSO.

243 14 21
                                    

   playlist:
🎶 Outra vida- Armandinho;
🎶 One- Ed Sheeran;
🎶 Sweet Child O' mine- Guns N'Roses.

   Certa vez, um passarinho se chocou contra a parede da minha casa, isso geralmente acontecia porque a pintura era branca e a luz que refletia os encandeava. Recolhi ele do chão, por sorte ainda estava vivo, decidi cuidar dele até que estivesse bem a ponto de voar, mas acabei me apegando tanto a ele que até o batizei, passei a chamá-lo de Lucas.

***
  Todo o meu mundo já sabia que eu amava muito o Lucas, que ele tinha sido a pessoa com quem descobri quem eu sou e que por isso sofri muito... Amar doi mesmo. Só que o Lucas não, ele não sabia de nada, por muito tempo eu fiquei com tanto medo de contar isso pra ele, sério, tremia só de pensar na possibilidade; porque ele era daqueles homens que acham que qualquer coisa pode comprometer sua masculinidade. Mas todo aquele apoio que eu vinha recebendo me fortaleceu, me deu coragem, há alguns dias eu me sentia tão bem e seguro de si, não importava a reação do Lucas, ou talvez importasse, porém eu sabia que podia suportar qualquer coisa que viesse, além do mais ele ia embora, será que eu seria tão covarde a esse ponto? Era necessário contar tudo, eu ainda escondia algo dele e melhores amigos não tem segredos um com o outro. Eu estava na aula, nada do que o professor falou entrou na minha cabeça, mentalmente me encontrava longe dali; Enviei uma mensagem para o Lucas:

EU: "Posso te contar uma história?"

  A resposta dele veio algum tempo depois:

LUCAS: "História? Conta."

   Já estávamos no ônibus de volta pra casa, por sorte a minha resposta poderia chegar antes que o sinal fosse perdido:

EU: "Era uma vez dois garotos, eles era muito próximos, sabe? Um convidava o outro para ir em sua casa e passavam tardes inteiras brincando, conversando e fingindo que estudavam. Até que em certo momento um dos garotos acabou descobrindo que estava apaixonado por seu amigo, ele percebeu isso porque não o tirava de sua cabeça, estar ao lado dele lhe fazia bem... O fazia feliz. Só que ele não queria nada em troca, nunca quis. O simples fato de estar perto do amigo já o preenchia. Tudo era muito sutil e inocente; era um amor de criança, um amor de verdade, sem maldade. Até que ele achou que devia acabar com aquilo, na medida que todo o sentimento que sentia o fazia feliz, o garoto também sofria muito; foi aí que começou a recusar os convites para ir na casa do amigo, inventava qualquer coisa quando o chamava... O que ele queria era abafar aquele sentimento dentro dele, mas sabe o que o garoto sentia de verdade enquanto tentava se manter distante?  Sentia como se estivesse esmagando seu coração com as próprias mãos."

Enviada.

Só que ele não havia visualizado ainda e a área sumiu, eu ficaria desconectado pelas próximas duas horas. Era tempo demais, tempo suficiente para pensar bastante, para julgar que minha atitude foi precipitada, que ele ia me odiar, que  não precisava ter contado; tempo suficiente para voltar atrás e achar que o que eu fiz foi correto, para quê continuar escondendo isso dele? Acho que era até necessário para fechar um ciclo, tantas coisas vinham acontecendo, eu fui aceito,  estava me aceitando, a vida estava indo tão bem; só o Lucas era minha âncora sentimental, talvez eu até continuasse amando ele desse jeito por ter guardado isso dentro de mim por tanto tempo, quem sabe contando tudo de uma vez o amor evaporasse e fosse se dissipando. Elaborei diversas respostas dele para mim: "É um livro que você vai escrever? Se for, sim, tá legal, mas ficaria mais interessante se fosse um homem e uma mulher."; "Que viadagem é essa? Não, para, você se apaixonou por mim? Kkkkkk"; "Eu já sabia que você era gay. Valeu, falou."

Se aceita, vaiOnde histórias criam vida. Descubra agora