🎶 Wait - M83.
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Seu sorriso era translúcido e me passava uma certeza que nunca tive, uma sinceridade que não era confiável, mas eu acreditava. O Lucas me respondia com um Tchau! E não com um Flw! Sim, pode parecer meio bobo, mas só isso já era capaz de fazer as borboletas do meu estômago saírem voando, e eu as via sempre que eu enviava uma mensagem pra ele e a resposta chegava ou quando estávamos no mesmo ambiente e meus olhos, de repente, esbarravam nos dele e ele assentia de leve com a cabeça para mim ou quando ele dormiu no carro naquela noite das doze cervejas, vê-lo caído no sono tão próximo deixava minhas borboletas alçarem voos belíssimos, claro que eu preferia que ele estivesse acordado, que a gente conversasse, porém eu sempre iria respeitar suas escolhas, sempre fui assim em relação ao Lucas, meu amor permitia e esse sentimento parecia ter poucas necessidades a serem supridas: Um sorriso dele, sentar ao seu lado, receber uma mensagem (Nem que fosse somente dois olhinhos depois de eu ter dito "Oi, Lucas! Como você está?"), um aceno, uma música nova que ele me apresentava... Acho que o amor é exatamente assim: Menos cobranças e o máximo de valor às pequenas coisas que nos deixam felizes, não é uma sede insaciável quanto a da paixão, no amor tudo é mais leve, tudo é mais brando, tudo é único.
- Arthur, você tem algum filme nos teus pendrives? - O Lucas me perguntou por mensagem de áudio.
- Tenho, você gosta de quê? - Respondi com outro áudio.
- De tudo, romance, comédia... Qualquer coisa, gosto de filme!- Ele realmente não tinha frescura.
-Ótimo! Depois te passo alguns, tá?
- Eu preciso assistir uns filmes... É que ainda não fiz amizade de verdade aqui, não tenho ninguém.
- Tem a mim, ora! - Sim, pois era assim que eu considerava o Lucas, um amigo, o melhor que já tive ou chegaria a ter, então eu tinha um melhor amigo, mas nunca soube se ele também teve um.
- Verdade. Então, nesse fim de semana, aparece aqui em casa pra gente assistir um filme.
Aparece aqui em casa... Quanto tempo passou? Quando foi a última vez que fui na casa do Lucas? Aquela casa onde vivi momentos únicos de minha infância... Chegar no portão, chamar no interfone, ele perguntar "Quem é?" E eu responder, brincando, "É o carinha que mora logo ali"... A vida se resume em últimas vezes, mas lembrar perfeitamente do último encontro entre amigos do ensino médio, do último natal com sua avó, da última ida ao cinema é bom, fica ali na lembrança, porém, ter havido uma última vez e não saber detalhes é bastante desconsolador; nunca saberia se foi em um Sábado ou numa tarde de Terça, se o Garoto Serial Killer tinha sido assassinado ou cometeu suicídio, se ele completara uma missão no GTA- San Andreas ou me venceu, como sempre, no Gran Turismo (Com direito a replay). Mas agora eu teria a chance de mudar isso tudo, mesmo que fosse no apartamento onde morava sozinho em Universitária e não em casa lá na nossa cidade, era como se o tempo nunca tivesse passado ou uma daquelas brincadeiras em que perguntamos: "Se você pudesse voltar no tempo, para onde queria?" E eu responderia: "Para a última vez que fui na casa do Lucas." Assim eu poderia lembrar, tudo estaria vivo em minha memória, quem sabe até aquele peso de que o abandonei fosse retirado dos meus ombros e só restassem coisas boas a respeito. A vida é tão cheia de boas surpresas, na minha cabeça um garoto descia do ônibus e perguntava: "Você vem aqui em casa hoje pra gente..."
"Estudar?""Eu ia dizer pra gente brincar, pra eu te matar, sua babá desgraçada!"
O outro garoto ria.
"Venho... Eu sempre venho. Mas, olha, antes tem uma aula de História, tá? Não quero que você fique de recuperação."
"Tá bom...".
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Se aceita, vai
RomansaArthur se apaixonou pelo melhor amigo e agora terá que lidar com isso buscando a aceitação dos outros e aprendendo a se aceitar.