Capítulo 1 - PODEMOS TER FINAIS FELIZES?

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É, sei que é meio estranho falar de fim se só estamos no começo, mas, constantemente, pensamos no final: Quando assistimos ao piloto de uma série já tentamos imaginar como ela deve acabar, mal aquele professor chato entra na sala e já contamos os minutos para que ele dê tchau... Até ficamos sonhando com o "Felizes para sempre" no fim da nossa história - De amor - Bem, até temer a morte é pensar no final.

"Ogros não têm finais felizes!" Às vezes me sinto o Shrek: Um ogro não termina com a princesa, assim como você é um cara e não pode namorar na intenção de casar e formar uma linda e feliz família; é errado e nada tradicional! Errado? Conheço bem os sete Pecados Capitais e nenhum deles diz que amar é errado, acho algo absurdo esses julgamentos pelo fato de existir o padrão, o normal, o que é aceito pela sociedade. E isso com faz com que pessoas que sentem atração por alguém do mesmo sexo sintam-se deslocadas, estranhas e passem a não aceitar aquilo, a não se aceitarem. Tradicional? Quem liga para tradição? A menos que o tradicional aqui seja o amor, aí sim é bom manter.

O fato é que, Cinderela, pode ficar tranquila, eu não vou querer seu sapatinho de cristal e não faço a menor questão de ter uma Fada Madrinha - É sério -, Sabe o que eu quis dizer com esse fora que dei em uma das muitas princesinhas que são donas dos finais felizes? Que eu não dependo disso para ter o meu FINAL FELIZ; Os Irmãos Grimm jamais escreveriam sobre mim e muito menos a Disney faria da minha história uma de suas animações; não preciso disso, só o que me basta é ser verdadeiramente feliz, certa vez a Stella me disse o seguinte: "Não dá para alguém ser totalmente feliz, não existe felicidade plena, o que existem são momentos felizes." Então eu desejo que esses momentos se multipliquem, posso pedir isso antes de apagar a vela do bolo, depois de ver uma estrela-Cadente ou quando o cílio ficar no meu dedo? Acho que posso, né? Eu decido!

- Ela fica com ele.
- Arthur, você já sabe o final?
- Claro, né, mãe, é um filme de princesa!
- Em "Encantada" ela não fica com o príncipe.
- Uma rara exceção.
- Mas não fica.
- Tá, mãe, sei que ela não fica... Mas é óbvio que a última cena desse vai ser em um casamento no castelo.

Minha mãe era do tipo que adorava os finais clássicos, por mais chatos que eles pudessem ser, últimos capítulos de novela deveriam, obrigatoriamente, ter como cena final o casal protagonista se beijando com o "FIM" em letras bonitas no canto da Tv; pronto, não importava se ela cozinharia mal ou odiasse lavar louça, não importaria a toalha molhada na cama e o futebol de domingo... Eles se beijaram no fim, o que importa? Aliás, o que importa o fim, não é verdade? Acabou, ponto-final, já era, o que tinha que dar já deu; Agora recolha suas coisas e vá tentar ser feliz sem ilusões, sem a maquiagem que cobria aquela espinha no nariz e sem o roteiro que falava sobre um beijo na cena seguinte; acorda pra realidade! As pessoas não vão comemorar porque você ficou com quem ama de verdade, longe da audiência você é a única pessoa responsável sobre a escolha certa a tomar, fica aqui um alerta antes de tudo: As histórias de amor adoram acabar como a chama desprotegida de um fósforo, sim, de repente foi... Acabou! Então, o que nos resta é cuidar do clímax, só assim veremos os fins justificarem os meios.

Nossa, nem me dei conta de tudo que falei, acho que viajei mais que uma das minhas professoras da faculdade, mas, fica claro: Posso ter um final feliz, depende de como essa felicidade pode ser definida pra mim, levou uns quatro filmes, eu acho, mas o Shrek teve o seu FELIZES PARA SEMPRE, então, quando, aqui dentro, eu ouvir um "Gays não têm finais felizes!" Eu vou fingir que não ouvi e partirei em busca do meu.

A propósito, aquele filme que eu assistia com a minha mãe terminou com um casamento no castelo, mas não o do Príncipe e da Princesa, mas dos seus bichos de estimação.

Se aceita, vaiOnde histórias criam vida. Descubra agora