Playlist:
🎶 Pais e filhos- Legião Urbana;
🎶 Como os nossos pais- Belchior;
🎶 Sapato velho- Roupa Nova.- Você é a pessoa que eu mais amo nesse mundo.
- Do jeito que eu sou, mãe?
- Desse jeitinho.As mães são as criaturas mais cheias de ternura que conhecemos na vida, mentir para elas parece que é um pecado elevado à terceira potência, mas será que eu estava pecando em não dizer para minha mãe que sou gay?
***
Eu, comumente, só ia aos Sábados para a casa de minha mãe desde que passei a morar com "D", Susie e seus pais. Sim, eu sentia saudades dela durante toda a semana, estar com minha mãe era a melhor coisa, ali no meu quarto, meu canto... Vendo TV juntos, fazendo bolo com ela e ficar deitados na cama enquanto ouvíamos rádio, sentia falta de tudo isso e tentava compensar nesses dois dias. Eu amo minha mãe, nossa, como eu a amo.
- Mãe, este é o Isaac.- Naquele Sábado levei o Isaac, ele passaria o fim de semana em minha casa.
- Prazer, Senhora!- Vi meus dois amores se abraçarem.
- Oi.- Minha mãe era uma mulher de poucas palavras ao primeiro contato.Apresentei meu quarto, ele colocou a mochila sobre a cama e se dirigiu à minha prateleira de livros, parecia maravilhado:
- A culpa, Alasca, Cidades... Só falta O teorema Katherine para completar a coleção John Green!- Ele exclamou enquanto passava a mão pela lombada de cada um.
- Não, não falta!- Droga, aconteceram tantas coisas nos últimos meses que acabei esquecendo que o Lucas não me entregou meu livro antes de ir embora. Me senti mal por aquilo.
- Emprestado?
- É, ele foi emprestado... Espero vê-lo outra vez, caso contrário ou mato ou morro.
- Só devia emprestar para alguém confiável.
- E foi, pelo menos eu acho. Sempre costumo dizer: Se eu te emprestar um livro, considere-se importante!
- Me empresta um livro?- Ele tinha um sorriso bobo no rosto.
- Deixe-me pensar...- Ri da cara dele.
- Livros são... Nossa!
- É, às vezes fico sem saber descrever o quanto os livros são...- Fiquei procurando palavras.
- Acho que acabou de acontecer.- Ele riu.Deixei o Isaac vendo os livros e fui lá fora dar um abraço em minha mãe, frequentemente eu sentia essa necessidade.
***
Nossas vidas foram marcadas por fases de separação; assim que minha avó morreu, quando eu tinha cinco anos, fui mandado para a casa de minha tia, até hoje não sei o motivo, apenas fui, minha mãe sofria enquanto me preparava para ir embora, ela não queria, mas era preciso... Porque? Ela ficou sozinha com meu vô. Eu fui.
Era Copa do mundo, cheguei na casa de meus familiares durante um jogo do Brasil, o clima de vitória fez com que eu fosse recebido em festa, mas as semanas passaram e a saudade bateu, saudades de casa e principalmente de minha mãe; acredito que tenham sido os anos mais difíceis para mim, me senti solitário, foi então que descobri o quanto o ser humano pode ser cruel, até então só havia conhecido o amor, mas aqueles anos me mostraram um lado duro: Minha tia era uma mulher severa, me olhava de cara feia, ria de mim, me deixava sozinho nas tardes de domingo e quando escurecia eu tinha medo de ficar só dentro de casa, os vizinhos também eram familiares, mas para ser sincero, eu tinha medo deles, já tinha ouvido eles comentarem que eu ia ser uma "bichinha", "viadinho"; e riam; eu não podia chorar que já era julgado: "Não é homem? Só sabe chorar! Seu fraco!"; Mas eu não aguentava, tinha que chorar, às vezes aguentava por dias, mas quando desabava, chorava tudo. Meu primos variavam entre amigos e opressores, minha tia e seu marido me agrediam com suas palavras e piadinhas; mas quando minha mãe ia me visitar a coisa mudava, todos mantinham um sorriso terno no rosto e demonstravam para comigo um amor que era nojento por ser falso:- Eu conheci alguém, Arthur.- Ela me dizia passando as mãos em meus cabelos, que até então eram encaracolados.
- Alguém? Quem?
- Você vai conhecer.
Eu queria contar pra ela tudo pelo qual eu passava, como eu era tratado, mas tinha medo. Sofri sozinho.
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Se aceita, vai
Roman d'amourArthur se apaixonou pelo melhor amigo e agora terá que lidar com isso buscando a aceitação dos outros e aprendendo a se aceitar.