🎶 The only exception- Paramore.
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Se existe uma pessoa com que quem eu me se sentia frequentemente desafiado, essa pessoa era a Denise, aqui ela será "D". Aparentemente ela sempre soube de tudo, mesmo antes de eu ter total certeza, ela era irmã da Susie, e nesse núcleo familiar eu me sentia o irmão do meio, mas a história toda começou assim:
Já no primeiro dia de aula do ensino médio eu já sabia que conhecia aquela garota branquinha, alta e de óculos, cheguei até a comentar com minha mãe sobre ela, talvez ela pensasse: "Hmmm, ele deve estar interessado." Mas o que falei é que sabia que lembrava da "D", da minha infância, da casa com as portas de vidro, da banheira de plástico no quintal... Eu estava certo! Talvez ela não lembrasse de mim, porém eu sabia até a capa do caderno que usei no jardim de infância, por isso eu não a culpava. Nós nos aproximamos, viramos a dupla oficial, ela gostava de escrever, de ler e de música pop, nossa, aí os professores tinham que chamar nossa atenção diversas vezes. A mãe dela me reconheceu uma vez:- Sim, sou eu... A Senhora lembra de mim?
Só que, tenho que falar, algo estava diferente na "D" que eu conheci quando criança, nem sei como dizer isso, tipo... Ela tinha... Um gosto, sabe? Ela curtia um som Rock'n Roll pesadão e, na hora do intervalo me chamava para dividirmos os fones, aquilo era ensurdecedor!
Quando a "D" me convidava pra ir na casa dela, dentre as várias coisas que fazíamos, a gente via filmes e séries, e foi com ela, durante um seriado americano, que vi pela primeira vez um beijo gay. Lembro que ela olhou pra mim, como se perguntasse: "E aí,.vai tentar?" Não, eu não tentaria, por não ter certeza de absolutamente nada sobre mim, os caras se beijando na tela e eu pensando como aquilo funcionava, para a "D" aquilo parecia a coisa mais normal do mundo, me senti corrompido, porém, era como se eu fosse a pessoa mais rebelde do mundo, como se eu chegasse em casa de cabelo bagunçado no ápice da adolescência e gritasse: "Eu vi dois homens se beijando!" Então minha mãe me chamaria no quarto, sentaria ao meu lado na cama e, com a mão em um dos meus joelhos, diria: "Precisamos conversar." Não era mais uma criança, eu não era.Mas, sobre a "D", eu gostava da facilidade que ela abria um sorriso, enquanto muitos se esforçam para parecerem engraçados e arrancarem gargalhadas de alguém, tudo com ela acontecia de uma forma tão leve; um comentário meio bobo, um modo de olhar, uma opinião sincera, assim era a "D", foi então que percebi o quanto era possível ser eu do lado dela, eu nem gostava muito da Paramore, agora as músicas da banda faziam parte da minha playlist; sim, eu era muito fã do Justin Bieber, só que ela, mais que qualquer um, sabia disso, quase explodi de felicidade quando ela me deu um pôster dele de presente; na minha primeira vez no cinema, alí estava ela do meu lado, fiz questão de sentar bem do lado da "D"para assistir "Valente", e assim foi durante todo o shopping, nós não desgrudamos, ou melhor, eu não desgrudei dela...
Me senti tão honrado de ela ter permitido que eu lesse a história que ela tinha escrito, acho que hoje eu ainda saberia chegar naquele arquivo Word que estava salvo no pendrive preto com vermelho. Talvez a coisa mais mágica que tenha acontecido nessa nossa aproximação, além do fato de ter encontrado duas irmãs de alma, foi a possibilidade de vivermos muitas coisas que a maioria dos nossos amigos já deviam ter apagado ou esquecido, uma essência tão pueril, nos divertíamos vendo filmes da Disney pela sexta vez, as músicas do RBD continuava tocando a gente, aquele desenho animado ainda fazia sentido e a fala decorada ainda estava na cabeça, bem, mas se houveram momentos que nunca vou esquecer, estes foram os que, trancados no quarto, encarnávamos os mais variados personagens: Homem, mulher, criança, seres de outras dimensões ou planetas, encenávamos novelas, séries e filmes, tudo na hora, de improviso, isso era incrível!
- Eu vou ser a mulher que... - Eu falava.
- Tu vai ser a mulher? - Nunca senti nada ofensivo nos questionamentos dela. Mas eles eram desafiadores.
- Posso, né? - Talvez era isso que ela esperava de mim, que eu não me intimidasse.Ela era totalmente aberta à medida que carregava algumas opiniões que eram da sociedade, coisas que eram absorvidas, assim como uma esponja, aquilo não fazia parte do que ela era ou pensava, se fosse levemente apertada tudo saía, por isso eu penso que ela sempre soube de tudo, de alguma forma, acho que até inconscientemente, ela queria me proteger, "D" sempre conheceu bem as pessoas ao seu redor, como se sentisse a energia que saía de cada um, talvez seja pelo fato de ter mais de 300 anos, segundo a própria, e ter morado muito tempo na Irlanda, quando foi mordida por um vampiro, o que, consequentemente, acabou por se tornar uma (Ei, mas ninguém pode saber disso! Jurei que nunca contaria para ninguém, isso é um segredo só nosso que guardarei para sempre, vampiros vivem eternamente, por isso, a eles o "Para sempre" se aplica.
- Começa agora mais um "Programa do Arthur"! Hoje temos como convidada a Denise! Olá, Denise.
- Oi! - Ela ria, porque essa a piada que só a gente conhecia e ria, todos os dias Denise era a convidada do tal programa e sempre o apresentador pirado a apresentava como uma atração inédita.
- Então, Denise, soube que você vai fazer um filme,ah, além da sua nova turnê, aliás, como você consegue conciliar essa carreira de atriz e cantora? Na verdade, agora quero que você cante pra gente. Muito boa essa música!Ela ria o tempo todo. Sempre riu.
Aquelas ruas nos conheciam de todos os fins de tarde, ela me levava junto, quando ela dirigia eu ia no banco de trás e de pé... Andando. As pessoas não sabiam, mas estavam fazendo parte de um filme que a gente criava, mas quando queríamos ficar longe de todos, íamos para aquela rua onde existia um banco sob uma árvore, ali pude falar até de um garoto que eu achava bonito, com os braços cruzados, usando aquela camiseta azul, ela não concordava comigo, mas não me repreendia, era isso que nos deixava tão próximos, diferente da maioria das pessoas, a "D" era sincera o tempo todo e nunca parecia chata com isso. Ali a gente ficava conversando, até nos momentos de silêncio nós nos entendíamos, era preciso pensar, não importava no quê ou em quem, sempre devíamos nos dar esse tempo, permitir ao outro refletir. Então a mãe dela me ligava, nem tinha visto o tempo passar, anoitecera.
Algumas coisas foram acontecendo lentamente, nos pegando de surpresa, em certo momento a sala era o local fixo de ver tv, depois o quarto podia ser usado de manhã até a noite; o sol das sete às nove não bronzeava mais a pele branca dela, nem aquelas duas rodas foram mais usadas... O céu agora estava preso em uma moldura que era a janela. E eu, eu continuava ali, sim, algumas coisas mudaram, a vida me empurrou, mas eu nunca sairia de lá, os canais favoritos continuavam os mesmos, as bandas e as séries também. O sorriso estava lá , a pizza ainda era sua pedida para uma noite de Sábado e na playlist nenhuma música se forró. Eu ainda estava alí, sim, por mais que eu fizesse outras coisas, saísse, estivesse no quarto da Lívia, fosse pra faculdade , mergulhasse num livro ou estivesse na casa da minha mãe, eu sempre estaria alí, não importaria nada... Eu a amava e sofria também, seu que ela gostava de mim, mas vampiros não costumam muito demonstrar seus sentimentos, era a isso que eu me apegava. Geralmente eu olhava pela porta entreaberta do seu quarto e lá estavam seus olhos abertos, então eu entrava e ligava a tv, eu gostaria de puder fazer mais, porém me sentia limitado àquelas poucas coisas, procurava um canal:
- Deixo aí? - Eu perguntava.
Ela levantava o polegar.
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Se aceita, vai
RomansaArthur se apaixonou pelo melhor amigo e agora terá que lidar com isso buscando a aceitação dos outros e aprendendo a se aceitar.