Capítulo 30 - GAROTOS QUE GOSTAM DE GAROTOS.

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Playlist:
🎶 Chained- The XX;
🎶 Show Me Love- Robin Schulz;
🎶 Working Man- Imagine Dragons.

Mais uma semana em Universitária, mais uma semana sem Stella, Henrique e... Túlio. Pedi para que a Susie dormisse comigo na noite de Segunda-feira, enquanto estávamos deitados, a luz apagada e só o barulho dos carros na rua e uma música vinda de longe, começamos a conversar sobre o rumo que a vida de cada um estava tomando e se era aquilo mesmo que queríamos pra nós:

- Eu, pelo menos, não estou fazendo o curso com o qual sempre sonhei... Nossa, falar assim me faz sentir jogado, sem expectativa.
- Eu não sei por quê você não tentou outra coisa. Viriam outras oportunidades, com certeza. Mas não, estava nessa pressa de entrar no que fosse.
- Mas eu não me arrependo, de maneira alguma. Acho até que terei alguma experiência após a formação. Sem falar que o curso é maravilhoso e abriu demais minha mente.
- É, você sofre mas parece que gosta mesmo.
- E tô chegando lá, falta pouco! Mas, no momento, quero que esse semestre acabe logo, ele está me matando.
- Está nos matando, Arthur, nos matando.
- Susie, eu ainda não falei pra minha mãe.- Mudei totalmente de assunto.- Assim, tenho quase certeza de que ela sabe, mas fica aquela coisa duvidosa. Pelo menos pra mim acho que deve haver um esclarecimento, uma sinceridade; se eu não falar ela nunca vai chegar pra mim e perguntar.
- Ao meu ver não precisa disso, mas se você acha necessário, aí vai da sua escolha.

Virei para dormir, porém fiquei um bom tempo pensando na melhor maneira de ter essa conversa aberta com minha mãe, qual seria o melhor momento e como começar o papo, então tive a ideia de escrever uma carta para deixar com ela no minuto que eu estivesse saindo de casa para pegar o ônibus de Universitária. Assim o fiz.

***

"Mãe, oi... Primeiro preciso dizer que eu te amo muito e nada irá mudar indepedente da forma que você agir e encarar a situação. O fato é que muito cedo conheci o amor, o amor em sua forma mais sublime e sincera: O seu. Só que, à medida que crescemos, o mundo nos diz que podemos amar outras pessoas e receber amor delas também; aí vemos casais andando de mãos dadas na rua, trocando beijos e abraços na praça ou marcando a data do casamento. Meu tio casou com minha tia, minha prima namora um cara, sua amiga me pergunta sobre as namoradas e eu... Eu descobri que o amor é algo tão grande e ilimitado, descobri que há infinitas maneiras de amar; Mãe, uma vez gostei tanto de um garoto, gostei de uma maneira diferente, quis pegar na mão dele e ouvir músicas que falassem de coisas bonitas. Mãe, eu amei um garoto e isso não é errado... Errado seria fazer o mal a alguém e outras tantas coisas que o ser humano faz por aí. Ainda sou aquele garotinho que dizia que, quando ficasse grande e trabalhasse, compraria roupas bonitas pra você; ainda sou aquele que precisa do seu colo e sempre vai te beijar e abraçar inúmeras vezes no dia... Mãe, posso ser feliz gostando de garotos? Mãe, você ainda vai me amar como sempre? Ainda vai me colocar na cama mesmo eu sendo "Tão grande", como você diz? Mãe, eu te amo tanto, por isso queria saber: Você me aceita?"

***

Eu queria muito poder ficar de frente com o Arthur do passado, adoraria poder conversar com ele, ouvir o que ele teria para me dizer e eu lhe dar conselhos; algo do qual posso me orgulhar é de como mudei, meu processo de aceitação foi uma linda jornada ao lado de pessoas que me apoiaram o tempo inteiro e continuarão ali, ou melhor, bem aqui do meu lado. Eu os amo. Será que o Arthur que eu fui gostaria de ser eu quando crescer?

Naquela Quarta, Susie não poderia dormir comigo porque teria que ficar com uma das meninas que morava com ela, por conta de uma barra que a tal estava passando. Então vi que eu iria ficar sozinho em casa e então terminaria o livro que estava lendo, mas ouvi barulho de alguém abrindo a porta e corri até a entrada:

Se aceita, vaiOnde histórias criam vida. Descubra agora