Um estranho que sabia de sua história

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 Ao acordar no outro dia, Ashley parecia se sentir, de certa forma, pesada, como se os fatos do dia anterior fossem um pesadelo eterno

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Ao acordar no outro dia, Ashley parecia se sentir, de certa forma, pesada, como se os fatos do dia anterior fossem um pesadelo eterno. Queria que seu dia continuasse assim, anestesiado, sem sentir de forma total o medo que a assolara logo cedo. Estava na casa de alguém desconhecido e não podia fazer nada. Poderia se tornar mais uma mecha em uma gaveta fechada a qualquer momento. Mas não deixaria isso acontecer. Não podia.

Vendo que Sam continuava adormecido, levantou-se com calma, e como de costume suas roupas já estavam dobradas e passadas, apenas vestiu-as no banheiro. Então comeu um pouco, e aguardou na beira da cama até que o menino acordasse sozinho.

— Bom dia, batatinha — brincou. — Quer comer alguma coisa?

Batatinha — repetiu ele, sonolento. — Essa é nova — e se espreguiçou. — Me perdoa por ter vindo te incomodar...

— Seus incômodos são sempre bem-vindos. — E depositou um beijo na sua testa. — Vou até o quarto do Tyler, então sinta-se à vontade e desça quando quiser — falou sorrindo. — Pode comer qualquer coisa daí — apontou para a bandeja. — Aproveita, porque eu não aguento tudo sozinha. — E deu uma piscadela.

Chegando no quarto do irmão, bateu algumas vezes, mas não houve resposta. Esperou algum tempo, e resolveu descer até o jardim. Tyler encontrava-se com os garotos e um homem forte, mais velho. Seu cabelo era um loiro-palha, e seu cavanhaque e olhos eram azuis semelhantes aos de Benjamin. Ele passaria por seu pai caso precisasse, mas tinham expressões e traços muito diferentes.

Conversavam tão distraídos que somente aí Ashley se deu conta de que havia acordado mais tarde que o normal, pois pareciam estar no assunto há algum tempo. Coçou a nuca, incomodada com o fato de ter se atrasado e perdido tudo que acontecera até então, e se aproximou, acabando por chutar a neve sem perceber, deixando suas botas esbranquiçadas. Sentindo o gelado tentar passar pelo material em seus pés, os sacudiu instintivamente, limpando os calçados.

— Tudo bem? Passei lá, mas você ainda estava dormindo, então não quis te acordar. Ainda mais depois de ontem. Me perdoa, Ash — falou Tyler com um sorriso no rosto.

Ashley balançou a cabeça, concordando. Agradeceu por não ter sido acordada, havia sido uma noite e tanto.

— Quem é ele? — sussurrou.

— Adam. Outro arqueólogo.

— Por que é que todas as pessoas que ouvimos falar ou que conhecemos estão ligadas à arqueologia de alguma forma? — perguntou, arqueando uma sobrancelha.

— Porque todos estão atrás de uma mesma coisa — respondeu o homem com um sorriso implacável no rosto.

Quando Ashley olhou para trás, se assustou ao ver com o estranho que a notava de forma amigável e branda. Os olhares se encontraram, e algo parecia diferente, familiar. Um brilho emanava dele, como se aquele momento lhe fosse muito precioso. O semblante do sujeito trazia algo conhecido para ela, um sentimento bom. Ela arqueou uma das sobrancelhas, desconfiando dos próprios sentidos. Como poderia pensar aquilo de alguém que nunca vira antes? Aquele sentimento aconchegante, de pertencer a algo, fazia com que no fundo do seu coração uma coisa completamente contrária ao seu costume a preenchesse. Era a melhor coisa que poderia sentir, porém a dúvida batia à porta. Será que seus sentimentos não a estariam traindo?

Novael (VOL. 1) - O Conto de um Reino Perdido | EM BREVE DISPONÍVEL IMPRESSOOnde histórias criam vida. Descubra agora