Barkley

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 No dia seguinte, Tyler acordou com Ashley cutucando-o

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No dia seguinte, Tyler acordou com Ashley cutucando-o. Ela olhava sorridente para a janela, apontando para os pequenos flocos de cristais que caíam do céu. Parecia estar feliz, e isso fazia com que ele se sentisse em paz depois de ter tido aquele sonho horrendo. Não conseguia parar de ver repetidas vezes o estado lastimável em que sua irmã acabara. Os sentimentos de perda e dor o assolavam, e era como se um dia aquilo fosse atingi-lo de verdade. O olhar pacífico e alegre de Ashley a trazia para ele, lembrando-o de que tudo estava bem.

— O que foi? — perguntou Tyler.

— Já considerou a ideia de os nossos pais serem de Novael? — indagou olhando o garoto, que estava estirado no sofá, enrolado na coberta como uma espécie de casulo, lutando para acordar.

— Não — respondeu com cinismo, bocejando e piscando pesadamente.

— Você não é nada simpático às vezes — comentou de volta, semicerrando os olhos e soltando um sorriso meio contido.

Ele riu.

— Sou o Sr. Simpático, Ashley. Você que é estranha. Me pergunto que ideia louca está passando por sua cabeça agora.

— Tchau, Tyler — falou, retirando-se, marchando.

Realmente era difícil dizer que a ideia de que seus pais pudessem ser de Novael passava por sua cabeça. Era como afirmar que contos são reais e que você veio de um deles. Era como dizer que tudo que você acreditava ser verdade fosse apenas uma camada acobertando algo muito mais interessante que a triste realidade. Já imaginou se aqueles flocos que caem todo inverno fossem pequenos seres pensantes? Bom... Tinha outras coisas para imaginar. E Ashey não sabia, mas Tyler se lembrava de seu pai, do homem que o deixara na porta do orfanato, com a desculpa de que um dia o buscaria, mas apenas depois de encontrar sua mãe. Fora abandonado duas vezes, e guardava na memória uma única coisa: um casal de bonecos de madeira que perdera há muito tempo.

Encaminhou-se até o local onde os garotos deliciavam-se no farto café da manhã. Estavam sentados ao redor de um balcão americano, beliscando pedaços de torradas, frutas e algumas outras guloseimas. Christopher, Benjamin e Sam esbaldavam-se com total prazer, como se estivessem no fim do mundo e aquela fosse a última vez que comeriam. Já Lincoln permanecia sentado, indeciso.

— Já imaginou se nossos pais estiverem realmente mortos e aquele vídeo foi a última coisa que eles deixaram para trás? — falou Christopher, soltando uma risada nervosa e mordendo em seguida um pedaço de pão.

— Na hora, confesso que até acreditei, mas agora tudo parece muito improvável. Por que eles iriam simplesmente sumir e arriscar que um dia a gente fosse descobrir isso tudo? E se não tivéssemos descoberto nada? — acrescentou Benjamin, cerrando o punho e acompanhando o toque de Christopher, depois voltando a mão para seus cookies.

— Que cheiro bom é esse, Benji? — indagou o garoto asiático, soltando o pão na mesa e se virando para a porta da cozinha.

— É da Ashley — respondeu depois de se aproximar da garota, que deu dois passos para trás, arqueando uma das sobrancelhas.

Novael (VOL. 1) - O Conto de um Reino Perdido | EM BREVE DISPONÍVEL IMPRESSOOnde histórias criam vida. Descubra agora