Era tempo de guerra, e Novael se encontrava em total estado de alerta. As barreiras e muralhas construídas para esse tipo de situação ainda estavam intactas. Porém, o povo acreditava que não aguentariam por mais tempo, pois os ataques do exército inimigo estavam aumentando de intensidade e voracidade.
O reino sempre fora muito próspero e superdesenvolvido, de uma forma quase anormal. Mesmo sendo um povo aparentemente medieval, seus estudos iam além do que qualquer um poderia imaginar. A ciência estava ligada intrinsecamente à sua história. Não existiam ricos ou pobres, mas sim pessoas trabalhando sempre para o bem do próximo. Era como um sonho inalcançável que fora alcançado. Sem ganância, corrupção ou qualquer tipo de sentimento ruim para com o próximo. Pois, para eles, suas riquezas pessoais se tornavam presentes. Nada faltava, e a felicidade acompanhava o rosto de cada criança, jovem, adulto ou idoso.
O castelo, que ficava na capital de Daim Magádir, Mythios, era enorme e de uma cor bege-rosada, com diversos brilhos e formações cravadas como marcas desenhadas que o deixavam com um ar muito mais pomposo. Suas colunas se alastravam até onde os olhos não podiam mais ver. Diversos corredores iam além da construção principal, espalhando-se em formas geométricas perfeitas. Linhas azuladas tomavam conta das mais complexas partes desenhadas, como se fossem as veias de um enorme corpo indo direto ao coração. De alguma forma, o castelo ia subindo gradativamente, tornando-se alto e imponente. Desenhos grandes e pequenos desciam nas colunas e contavam a história dos quatro grandes reis. Os mesmos que fundaram Novael. Mas esse conto não era tão importante quanto a guerra que acontecia naquele momento.
O rei e a rainha temiam pela segurança de seu povo e esperavam que o inimigo se mantivesse no aguardo por mais algum tempo. Pelo menos o bastante para que conseguissem resolver um de seus vários problemas. O exército adversário já estava à porta, mas o que mais temiam era que o próprio Lu'thyien lhes fizesse uma visita cedo demais.
— Temos que levá-los daqui — disse uma mulher de estatura mediana com longas madeixas, quebrando o silêncio na enorme sala do trono.
Amaliah usava uma coroa e um belo vestido vermelho, adornado por pedras preciosas e detalhes que pareciam ter sido tecidos em ouro. Era uma jovem estupidamente bonita de, no máximo, 28 anos. Seus olhos pareciam vorazes e ardentes, capturando a essência que todo ser vivo deveria ter. Suas maçãs arredondadas e avermelhadas lembravam dois pêssegos maduros, acompanhadas de lábios cor de morangos muito bem desenhados. O homem a quem ela se dirigia, Nitzan, era dono de uma beleza imponente. Seu olhar revelava temor pela vida dos que estavam ao seu redor, mas também expressava carinho e atenção. O rosto fino e de expressão dura sugeria que a responsabilidade estava acima de qualquer coisa. A coroa dele era definitivamente maior. Anéis de ouro e alianças enfeitavam os dedos de ambos, mostrando que eram casados. A voz dela era doce, e o que seus olhos expressavam, seu sorriso refletiu. Uma profunda preocupação.
— Eu sei — respondeu ele com uma calmaria que só se manifesta durante uma tempestade. — Precisamos usar as pedras.
— Se me permite, meu rei — manifestou-se um homem loiro. Sua voz era pouco mais rude, rouca, e apresentava pressa, além de uma também preocupação constante. — Não acho que seja sábio simplesmente usá-las. Vossas Majestades precisam esperar o inimigo se mostrar pronto para o ataque e atrasá-lo com uma armadilha.
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Novael (VOL. 1) - O Conto de um Reino Perdido | EM BREVE DISPONÍVEL IMPRESSO
FantasyNovael não é apenas a história de um Reino desconhecido para lhe manter acordado durante a noite. Não é mais uma aventura onde as coisas são previsíveis, tampouco lineares. E se o tempo envolvesse cada detalhe, e desse uma pitada de mistério à medid...