Caça e captura

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 Por mais que tentasse permanecer calma, estava desesperada

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Por mais que tentasse permanecer calma, estava desesperada. Se ela se encontrava amarrada, era porque algo muito ruim aconteceria e a mulher queria ter certeza de que não iria a lugar algum. Precisava sair dali rápido, mas como? Enquanto pensava em ideias absurdas de como se livrar daquelas amarras, a mulher de cabelos escuros apareceu com um pequeno estojo na mão esquerda e o colar pendendo na outra. Ajeitando um coque, largou a pequena bolsa de couro sobre a mesa de metal logo à sua frente.

— Acredito que esteja procurando por isso. — E deu uma risada abafada e assustadora, balançando a corrente de um lado ao outro. — Se eu fosse você, teria me contentado com a doença, mas não. Você quer tirá-lo de mim. — Olhou-a como um caçador diante de sua presa. — Trabalhei tanto para consegui-lo e agora, você, pirralha, quer tirá-lo de mim? Não... — Riu baixo, com indignação. — Você não sabe o quanto sofri e perdi por sua causa...

Elizabeth tentava manter a sua classe, mas aos poucos mais parecia alguém desvairada e completamente fora de si do que a mulher elegante que conhecera. Por mais bonita que fosse, nenhuma maquiagem conseguiria esconder a maldade em seu olhar. Ashley estava cada vez mais assustada. Podia se considerar uma garota forte. Podia talvez se recuperar de qualquer trauma, mas isso tudo não a impedia de ter medo e de pensar que, na verdade, era fraca. Muito fraca.. O que iria acontecer? Pensou em gritar por socorro, mas sabia que, se gritasse, algo pior do que estava imaginando poderia ocorrer, fora a improbabilidade de alguém ouvi-la. Uma ira começou a subir em suas veias e algo fervilhava dentro de si.

— Você não vai se livrar disso! — exclamou Ashley. — Você não me conhece! Não sabe do que sou capaz! — bradou, cuspindo entredentes e levantando a cabeça levemente, tentando afugentá-la. — Se você estivesse no meu lugar, e se contentasse com uma doença, como a que tentou me fazer acreditar que eu tinha, então é realmente tão estúpida quanto um mosquito!

Não obteve sucesso. Elizabeth continuava dura como uma pedra que se afundava num lago de crueldade. Aquele lugar era gelado. Parecia mais um freezer que uma sala comum. Todos os apetrechos e móveis aparentavam ser de metal, como se estivesse em uma ala cirúrgica. Vários objetos que pendiam na parede, presos por enormes pedaços de couro escuro, pareciam ser de outro mundo. Serras, agulhas, martelos e variados utensílios afiados de diversas formas e tamanhos faziam com que cada vez mais sentisse um fino e tortuoso desespero. Não queria ter de pensar no que poderia vir a calhar se não escapasse, mas para escapar precisava considerar todas as possibilidades e brincar com o enorme ego de Elizabeth que parecia alimentá-la. Ou poderia utilizar o último recurso que conseguia pensar. O menino do quadro.

— Você realmente achou que eu fosse acreditar naquela baboseira toda? — indagou, franzindo o cenho e fingindo ao máximo não sentir um pingo de medo, mas suas mãos tremiam. — Poderia ao menos ter criado uma desculpa mais convincente. Achei que fosse mais inteligente do que isso! — Então engoliu em seco. — A não ser...

— Oh! — ela riu. — Parece que alguém está começando a entender como o mundo dos adultos funciona — debochou. — A menininha está crescendo!

Novael (VOL. 1) - O Conto de um Reino Perdido | EM BREVE DISPONÍVEL IMPRESSOOnde histórias criam vida. Descubra agora