Não havia nada lá. Nenhum vestígio de construção ou de qualquer outra coisa. Christopher estava perplexo, abria e fechava a boca tentando achar uma explicação plausível. Como a casa podia ter simplesmente desaparecido?
— Não acredito que você esqueceu o lugar onde ficava a própria casa — zombou Benjamin.
— Juro que era aqui. — Fez uma pausa e abaixou a cabeça. — Talvez a tenham colocado abaixo. É a única explicação. Meus tios podem ter mandado demolirem ela.
Ashley sabia que Christopher estava convicto. Estava estampada em sua cara a surpresa ao ver que não havia nada mais lá. Os garotos discutiam, e Sam apenas observava os passos da garota, como sempre. Ela começou a andar ao redor do vasto campo verde, até que estacou.
— Ali! Olhem!
Todos olharam para Ashley, que sorria.
— Onde, Napêy? — perguntou Adam.
— Vocês não estão vendo? Bem ali no meio tem um pico de luz. Pela lógica, algo tem de estar ali — Então, franziu o cenho e sussurrou: — Napêy?
Os garotos e Adam semicerraram os olhos, mas não conseguiram ver nada refletindo claridade alguma. De início. Ashley começou a ficar nervosa, então lançou um olhar de reprovação para eles e dirigiu-se até a tal luz. Caminhou por um tempo e olhou para trás antes de chegar no ponto que afirmara existir. Eles finalmente conseguiram ver e estavam prestes a pedir para tomar cuidado, mas ao tornar os olhos na direção em que andava, ela topou com algo, reclamando. Imediatamente, todos correram até ela, e Tyler, sem conseguir se segurar, disparou-se a rir.
— Está rindo do quê? Não foi você quem enfiou a cara no nada — afirmou Ashley, fazendo uma carranca.
Suas caretas eram uma das coisas que marcavam sua personalidade. Eram sua marca registrada. Lincoln estendeu a mão e a ajudou a levantar-se. Não percebendo que aquele era o seu primeiro contato amigável, apenas agradeceu e colocou-se de pé.
— Como é possível? — perguntou Sam intrigado. — Não tem nada aqui, mas você acabou de bater em algo... — terminou, coçando a nuca.
A garota logo começou a apalpar o lugar onde quase se machucara. Mexeu as mãos à procura de algo concreto. Subindo e descendo, tateava o ar. Então, resolveu descer um pouco acima da altura de sua cintura. Algo redondo e gelado encontrava-se em suas mãos. Uma maçaneta. Girou-a, e a porta se abriu. Naquele vertical espaço retangular, era possível ver o interior de uma bela casa, com uma grande escadaria de início.
— Eu sabia! — exclamou Christopher. — E vocês aí duvidando. Falei para vocês.
Ashley revirou os olhos e nem se incomodou em responder. Entraram e fecharam a porta. A casa era parecida com a de Elizabeth, mas havia pó, muito pó. A garota subia as escadas, passando a mão no corrimão e deixando a marca de seus dedos sobre a poeira. Os garotos e Adam seguiram Christopher, que mostrava todos os lugares da casa e acabava contando um ou dois acontecimentos em cada local, relembrando as coisas boas de seu passado. Ela não podia esperar para explorar, e avançou até uma porta dupla enorme que continha cores muito mais vivas do que qualquer uma que vira antes. Por alguma razão, estava curiosa. Precisava descobrir tudo que podia. Seus olhos poderiam estar lhe pregando peças mais uma vez, mas teve quase certeza de que as matizes se moviam de forma lenta, quase imperceptível.
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Novael (VOL. 1) - O Conto de um Reino Perdido | EM BREVE DISPONÍVEL IMPRESSO
FantastikNovael não é apenas a história de um Reino desconhecido para lhe manter acordado durante a noite. Não é mais uma aventura onde as coisas são previsíveis, tampouco lineares. E se o tempo envolvesse cada detalhe, e desse uma pitada de mistério à medid...