Capítulo 6

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Sem trocar mais nenhuma palavra, William e Alice se aproximaram, como se fosse a coisa mais natural do mundo, e William envolve Alice com os braços, puxando-a para mais perto. Abraçaram se com força, tornando aquele momento real, ambos deixando que o tempo de separação se dissolvessem no crepúsculo.
Ficaram assim durante um longo tempo, até que Alice por fim se afastou um pouco a fim de olhar para ele.

No entanto, a maneira como estava abraçando William fez com que Alice constatasse o quanto sentiu saudade dele desde o último encontro dos dois

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No entanto, a maneira como estava abraçando William fez com que Alice constatasse o quanto sentiu saudade dele desde o último encontro dos dois.
Alice estava com os olhos rasos d' água quando os dois finalmente se desvencilharam. Riu nervosamente enquanto enxugava as lágrimas do canto dos olhos.
- Você está bem? - William perguntou, com uma expressão no rosto que continha outras mil perguntas.
- Desculpe, eu não queria chorar...
- Tudo bem, não faz mal - diz William, sorrindo. - Ainda não consigo acreditar que é você. Como me encontrou?
Alice deu um passo para trás, tentando recompor-se, limpando as últimas lágrimas.
- Vi a história sobre a casa no jornal, umas duas semanas atrás, e tinha de vir aqui ver você outra vez.
William abriu um sorriso largo.
- Fico feliz que você tenha vindo - William recuou um pouco. - Meu Deus, você está fantástica. Está ainda mais bonita agora do que naquela época.
Ela enrubesceu, exatamente como a sete anos antes.
- Obrigada. Você também está ótimo - e William estava, sem dúvidas. Os anos tinham sido generosos com ele.
- Então, o que você tem feito? Por que veio aqui?
As perguntas de William trouxeram-na de volta ao momento presente, fazendo tomar consciência do que poderia acontecer caso não fosse cuidadosa.
"Não deixe a situação sair do controle" - Alice diz para si.
Quanto mais tempo demorar, mais difícil vai ser. E Alice não queria que as coisas ficassem ainda mais difíceis.
Mas meu Deus, aqueles olhos. Aqueles olhos cor de mel, tão doce.
Alice se afasta um pouco e respira fundo, perguntando-se de que maneira poderia dizer o que queria dizer e, quando por fim começa a falar, sua voz estava calma.
- William, antes que você fique com alguma idéia errada, eu queria ver você outra vez, mas há mais do que isso. - Fez uma pausa de um segundo. - Eu vim aqui por um motivo. Tem uma coisa que eu preciso te dizer.
- O que é?
Alice se afastou mais um pouco e não respondeu de imediato, surpresa por não conseguir dizer logo de uma vez. Durante aquele momento de silêncio, William teve um pressentimento, sentiu um nó no estômago. O que quer que fosse, era algo ruim.
- Eu não sei como dizer. No começo eu achei que sabia, mas agora não tenho tanta certeza...
O ar foi subitamente cortado pelo grito agudo de um guaxinim e Clem saiu da parte inferior da varanda, latindo asperamente. Com o ruído, ambos se viraram, e Alice ficou agradecida e aliviada pela distração.
- Ele é seu? - Alice perguntou.
William fez que sim com a cabeça, sentindo o aperto no estômago.
- Na verdade, é ela. Chama-se Clem. E é minha, sim. - Os dois ficaram observando Clem balançar a cabeça, se espreguiçar e depois sair na direção do barulho. Alice arregalou um pouco os olhos ao ver que a cadela mancava.
- O que aconteceu com a pata dela? - perguntou, tentando ganhar tempo.
- Foi atropelada por um carro faz alguns meses. O doutor Hernan, o veterinário, me ligou para ver se eu estava interessado em ficar com ela, porque o dono já não a queria mais. Depois que vi o que havia acontecido, não consegui deixar que ele a sacrificasse.
- Você sempre foi muito bom - diz Alice, tentando relaxar. Fez uma pausa, depois olhou para casa. - Você fez um trabalho magnífico restaurando a casa.
Assim que William voltou a Nova Esperança, comprou o casarão, onde ele e Alice viveram sua primeira e única vez.
- Ela ficou perfeita, exatamente como eu sempre soube que ficaria um dia.
William virou a cabeça na mesma direção, enquanto no seu íntimo se perguntava sobre o que ela estaria escondendo com aquela conversa.
- Obrigado, é muita gentileza da sua parte. Mas foi um projeto e tanto. Não sei se eu faria tudo de novo.
- Claro que faria - diz Alice. Sabia exatamente o que William sentia em relação aquela casa. Pensando bem, ela sabia o que ele sentia em relação a tudo - ou pelo menos soubera, muito tempo atrás.
E com esse pensamento Alice percebeu o quanto as coisas tinham mudado... Agora os dois eram estranhos, o que ela podia dizer só de olhar para ele. Ela reconhecia que sete anos de separação era muito tempo.
- O que você quer me dizer, Alice? - Ele virou-se para ela, obrigando-a a encará-lo, mas ela continuava olhando fixamente para a casa.
- Estou agindo feito uma tonta, não estou? - Alice perguntou tentando sorrir.
- Como assim?
- Isso tudo. Aparecer assim do nada, não saber o que quero dizer. Você deve achar que sou louca.
- Você não é louca - diz William suavemente. Estendeu o braço e pegou a mão dela, e ela deixou que segurasse enquanto estavam em pé juntos, um ao lado do outro. William continuou:
- Mesmo sem saber o porquê, dá para ver que isto está sendo difícil para você. Por que a gente não vai andar um pouco.
- Como a gente costumava fazer antes? - pergunta Alice.
- Por que não? Acho que faria bem para nós dois.
Alice hesitou e olhou para a porta da frente.
- Você não tem que avisar ninguém?
William balança negativamente a cabeça.
- Não. Não há ninguém para ser avisado. Só eu e a Clem.
Embora tenha perguntado, Alice suspeitou de que não havia mais ninguém, e por dentro não sabia o que sentir em relação a isso, o que dificultou ainda mais o que tinha a dizer. Teria sido mais fácil se existisse outra pessoa...

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