Capítulo 58 | Fernando

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Acordei me sentido um lixo. Assim que abri os olhos me arrependi. A bebedeira definitivamente tinha sido uma péssima ideia. Antes que eu conseguisse pensar mais a respeito à primeira onda de náusea me atingiu. Seria um longo dia de merda.
- Bom dia.
As voz de Lara soou como um trovão na minha cabeça mas eu me esforcei para encará-la e começar a me desculpar. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa Lara colocou estendeu a mão com alguns analgésicos para ressaca é um copo de água. Eu realmente estava sendo um babaca. Esse era o momento que eu deveria me ajoelhar e pedir desculpas por tudo. Ficar controlando minha respiração para não vomitar estava estragando o momento.
- Eu preciso dar uma saída. Quando voltar eu trago alguma comida pra você.
- Lara, eu...
Fernando, agora não. Eu tenho que sair e você está verde. Durma um pouco até esses remédios fazerem efeito. Na hora do almoço estarei aqui e poderemos conversar.
Quando Lara saiu pela porta eu tive vontade de seguir suas orientações mas sabia que não era uma opção. Eu precisava ir atrás da mulher que encontrei no bar. Eu realmente não tinha dormido com ela. Assim que nos aproximamos para tentar um beijo eu dei pra trás. Eu tinha sido um grande filho da puta mas eu não tinha levado a situação adiante. Eu tinha parado. A mulher poderia explicar isso pra Lara e talvez assim a gente pudesse se entender. Porra. Ela era a mulher da minha vida! Eu precisava parar de ser um imbecil e controlar meu ciúme.
Mesmo com minha cabeça rodando e a vontade de vomitar consegui colocar uma roupa e ir na direção do quarto da mulher. Não lembrava o nome dela mas o quarto eu sabia aonde era.

Quando cheguei da porta dei deus batidas e esperei. Levou três segundos para ela abrir.
Olha só quem voltou - ela sorriu. Ela era ruiva, usava um decote enorme e tinha lábios carnudos. Era uma mulher incrível mas não era a Lara.
- Eu preciso conversar com você.
- Entre, querido.
O quarto estava arrumado e percebi que a mulher era ligeiramente maníaca por organização. Quando olhei para a cama que eu tinha deitado a ânsia de vômito aumentou.
- Qual é o seu nome?
- Val.
- Val, eu preciso muito da sua ajuda. Minha mulher acha que passamos uma noite juntos mas você sabe que não foi isso que aconteceu.
- Sim. Você deu pra trás, sentou no chato e chorou feito um bebê.
- Exato. Eu preciso que você conte isso pra a minha mulher. Eu errei com vocês duas naquela noite, Val. Ela é a mãe do meu filho. -  - Eu não posso perdê-la.
- Entendi. Você quer que eu vá atrás dela e conte a verdade?
- Exato.

Comecei minha busca por Lara junto com a Val. Procuramos em diferentes locais mas só depois de uma hora a encontramos ajudando o pessoal a arrumar algumas armas. Assim que me viu junto com Val o corpo de Lara enrijeceu.
Precisamos conversar, Lara. Essa é a Val. A mulher que encontrei naquele dia do bar.
Lara nos seguiu até o canto mais vazio do cômodo e acenou adequadamente para Val. Seu silêncio e seu olhar me fizeram duvidar do plano mas decidi arriscar e pedi pra Val começar a falar. Mal sabia que iria me foder ainda mais.
- Então. Naquele noite o Fernando estava muito bêbado e eu também já havia tomado umas e outras. A conversa ficou animada no bar então resolvi chamá-lo para o meu quarto. Não posso mentir. Ele é incrível na cama. Transamos umas cinco vezes e ele foi embora. Foi apenas sexo, não se preocupe.

Quando Val terminou a explicação eu não tinha cara para encarar Lara. Eu comecei a falar mas Lara apenas levantou a mão indicando para que eu ficasse quieto.
- Que bom, Val. Obrigada pela sua transparêcia.
- É MENTIRA, PORRA! - eu estourei encarnado as duas.
- Você trouxe ela até aqui para ela me disse uma mentira? - Lara perguntou.
- Eu... ela... Eu não fiquei com ela!
- Eu não precisava passar por essa cena, Fernando. Chega. Val, obrigada por ter vindo até aqui. Agora eu preciso voltar ao trabalho. Até mais.
Lara começou a se afastar mas eu tentei segurar seu braço. Assim que encostei nela recebi um olhar tão raivoso que não tive opções a não ser largar. Enquanto Lara caminhava para longe pude finalmente falar com Val.
- Qual a porra do teu problema?
- Querido, você acha mesmo que ela vai acreditar que não fizemos nada?
- Mas não fizemos, caralho!
- Eu sei. Você sabe. Mas absolutamente ninguém nesse lugar vai acreditar. A gente pode jurar mas não mudaremos a opinião das pessoas.
- Ela é a mãe do meu filho.
- Bem, acho que você tem que se acostumar com o fato de ter a guarda compartilhada. Até mais.

Enquanto Val saía rebolando para longe eu tive vontade de desabar no chão mas decidi fazer algo mais produtivo. Lara tinha me prometido um almoço para conversamos então voltei para o nosso apartamento e comecei a arrumar uma coisas. Consegui colocar a mesa com os artigos simples que tínhamos disponíveis. Consegui na cozinha uma refeição especial. Consegui até mesmo umas flores simples para enfeitar o lugar. Quando Lara entrou uma centelha de esperança se ascendeu em mim.
- Oi - eu disse.
- O que é isso, Fernando?
- Você me prometeu um almoço. Vamos conversar.
- Eu prometi isso antes de você levar sua amante para falar comigo.
- Ela não é minha amante! Ela só disse aquilo por que acha que você não vai acreditar em mim. Eu não fiquei com aquela mulher, Lara.
- Ela olhou na minha cara e disse que vocês fizeram sexo. O que você quer que eu faça, Fernando? Não é a primeira vez que você vai atrás de outra mulher quando temos problemas. Você é fraco, imaturo e cabeça dura. Eu estou cansada de me magoar sem ter feito absolutamente nada.
- Lara, eu juro que eu não te traí.
- E eu juro que não posso fazer nada se não consigo acreditar em você depois daquela mulher ter ido me encontrar. Eu estou cansada, Fernando. Cansada de ter que girar ao seu redor e esperar a próxima merda que você vai aprontar. Por hora eu gostaria que você saísse daqui ou saio eu. Não tenho motivo nenhum pra continuar dividindo esse lugar com você.

Então Lara virou as costas e foi embora. Pela primeira vez eh percebi uma dor tão grande nos seus olhos que não me atrevi a forçar uma conversa. Ela realmente não tinha razões para acreditar em mim. Porra. Eu não conseguia nem imaginar se eu estivesse no lugar dele e outra homem me dissesse que transou com ela. Lara estava arrasada e, mais uma vez, eu era o responsável por isso.
Comecei a pegar as poucas coisas que eu tinha no apartamento. Ela não merecia ter que lidar com as merdas que eu fazia. Ela merecia ser feliz bem longe de mim.

Sexo, armas e zumbisOnde histórias criam vida. Descubra agora