Capítulo 22

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Música sugerida para leitura: Kings Of Leon – Radioactive

Passada a saia justa Caio e eu fomos conhecer o resto da casa enquanto Felipe trabalhava. Decidimos fazer um lanche na cozinha quando ouvimos um estrondo enorme vindo do porão. Imediatamente empunhamos nossas armas e seguimos correndo na direção do barulho.

– Calma, porra! Eu já disse que ela está segura! – Felipe berrava com Fernando. Ele estava visivelmente nervoso, suas mãos sujaram o vidro de sangue e eu realmente fiquei preocupada com o fato dele ser totalmente capaz de fugir dali. Lentamente guardei a arma e me aproximei.

– Estou aqui. Fica calmo – disse tentando parecer calma.

– Aonde. Você. Estava.

– Eu estava conhecendo a casa e fazendo um lanche. Qual é a porra do seu problema?

– Você. Fez. Sexo – seu rosto continuava sem expressão mas eu senti um arrepio horrível percorrendo meu corpo.

– Eu não fiz sexo. Agora pare de bancar o homem das cavernas e deixa o seu amigo trabalhar em paz. Quando eu tiver vontade eu apareço aqui pra gente conversar. Não venha fazer joguinhos, você não está nem 100% vivo para fazer isso.

Caio me acompanhou quando voltei para a cozinha. Seu rosto exibia um sorriso sacana e eu sabia que ele estava feliz com o fato de Fernando ter ciúme dele. Testosterona é uma merda.

– Tire esse sorriso da cara. O cara é um zumbi ciumento. Você acreditaria nisso?

– Nunca. Mas é bem engraçado. Eu fiquei bem chateado quando você deu um tiro na cabeça da ex-namorada fake do Fernando. Aquela mulher era incrível na cama como você mesma foi capaz de comprovar.

– Que comentário agradável, Caio! Você sempre é gentil assim?

– Só com mulheres que estão em um relacionamento sério com um zumbi com desvio de caráter.

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Cinco dias se passaram. Em uma rotina agradável. Felipe ficava trabalhando no porão. Caio e eu ficávamos revezando na guarda do portão principal da casa e jogávamos poker praticamente 57 horas por dia. Estranho que isso não é explicado em nenhum filme sobre o apocalipse zumbi. O tédio infinito depois do susto. Estávamos em uma fortaleza ainda maior e não tínhamos absolutamente porra nenhuma para preencher o tempo. Felizmente no quinto dia Felipe nos chamou no porão com um sorriso estampado no rosto cansado.

– Vou testar a primeira vacina no Fernando. Imaginei que vocês gostariam de ver.

Acenamos com a cabeça esperando Felipe se aproximar. A seringa era enorme e eu realmente não gostaria de passar por aquilo. Felipe abriu uma pequena porta na lateral da cúpula de vidro que eu nunca tinha reparado. Fernando amigavelmente se aproximou e estendeu o braço na direção dele.

– Bem. Isso pode demorar, crianças. Mas a primeira reação esperada é a diminuição dessa cor branca nos olhos do nosso querido amigo.

Fernando ouviu atentamente a explicação e em seguida veio na minha direção. Pude acompanhar, com evidente surpresa, seus olhos escurecendo gradativamente como um balde de tinta branca que recebe uma quantidade pequena de tinta preta. Seu rosto continuava sem expressão mas sua tentativa de sorriso brincou nos seus lábios. E então, caos.

Fernando começou a piscar rapidamente e do meu lugar assisti seus olhos voltando a tonalidade branca e sem vida. Acompanhei seus movimentos mas ainda assim dei um pulo para trás quando ele socou o vidro com uma força incomum. Lentamente sentimos que ele se acalmava até finalmente sentar no chão e encarara o vazio.

– Bem, essa foi a primeira tentativa de muitas. Vou voltar ao trabalho. Você foi foda, brother – incentivou Felipe com uma expressão cansada.





Sexo, armas e zumbisOnde histórias criam vida. Descubra agora