Capítulo 51 | Fernando

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Música sugerida para leitura: 3 Door Down - Duck and Run

{8 horas depois}

Eu estava realmente puto. Estávamos em um barco minúsculo indo em direção ao navio. A ideia era ser recebido com amor, carinho e alegria mas assim que avistamos o navio descobrimos que estávamos fodidos.

- Que porra é aquela? - eu perguntei realmente com vontade de matar um dentro do barco.

Tinham pendurado o corpo de uma mulher junto com uma das velas do navio. Não sabíamos se eles eram zumbis muito inteligentes ou humanos verdadeiramente filhos da puta.

- Felipe, eu espero que você já tenha pensando no plano B por que se não eu vou entrar naquele navio atrás da minha mulher e vou largar vocês aqui.

- Calma, Fernando, porra!

- Calma? Calma? A Lara está naquele navio e tem o corpo de uma mulher pendurado. Você tem certeza que quer me pedir calma?

- Encontramos o barco usado pela Lara - disse um dos nossos homens - ela deve ter entrado.

- Puta que pariu!

- Fernando, se acalme! Você não está ajudando aqui.

- Felipe, ela...

- Eu sei. Eu já sei. Vamos pensar em alguma coisa mas se você ficar aqui gritando no meu ouvido não vou conseguir pensar. Me dê cinco minutos.

Decidi que não valeria a pena bate de frente com Felipe e fui em direção a parte da frente do barco. Alguns homens conversavam sobre as estratégias para tomar o navio, outros simplesmente davam de ombros. A minha mulher estava presa naquela merda. Antes mesmo de conseguir pensar em algum plano ouvimos um grito vindo do navio. Quando encarei a pessoa que gritava era como levar um soco no estômago. Ele definitivamente tinha contraído o vírus e era um zumbi mas tinha alguma coisa diferente. O homem tinha quase dois metros de altura, muitos músculos e pouco roupa. Quando ele começou a falar eu tive certeza que ele ainda estava infectado levando em consideração a voz gutural.

- Vieram procurar alguma coisa? - o homem gritou.

- Nós só queremos ajudar. Enviamos uma das nossas para entrar em contato, nós temos o antídoto do vírus. Podemos curá-los e torná-los mais resistentes - Felipe gritou de volta.

- E quem disse que queremos isso? Quem vocês pensam que são?

- Seu filho da puta, você pode morrer nesse navio mas eu quero quer você libere a mulher que entrou aí agora mesmo!

- Fernando, cale essa boca - Felipe disse baixo me fazendo querer socá-lo.

- Mulher? Que mulher? Não recebemos nenhuma visita - o homem falou em tom de deboche.

- Se vocês não liberarem a mulher vamos precisar entrar no seu navio. Não queremos machucar ninguém, por favor, colabore - Felipe e seu bom senso tentaram mais uma vez.

- Machucar? Vocês realmente não vão querer machucar ninguém do meu navio ainda mais com a mulher grávida que vocês enviaram pra cá. Ela não pode correr nenhum risco, não é mesmo?

Não sei como mas fui direto para o chão. Em um momento eu estava vendo o homem gritar e no seguinte meus joelhos enfraqueceram e eu cai. Não consegui acompanhar mais nada da discussão. Levei cerca de cinco minutos para voltar ao normal. Assim que levantei segui em direção ao Felipe e dei um soco na cara dele.

- Que porra é essa? - ele disse cuspindo sangue e me encarando.

- Você sabia! Você sabia que a Lara estava grávida e deixou ela entrar naquele navio.

- Fernando, ela quis assim. Ela pediu pra não te contar, disse que falaria com você na volta.

- Nós éramos amigos. Eu achava isso pelo menos. Eu não enviaria a sua mulher para um navio cheio de zumbis, seu filho da puta!

- Você precisa se acalmar ou eu vou ter que chamar outro barco para te tirar daqui.

- Eu não vou sair daqui de jeito nenhum, seu merda! Eu só saio daqui quando a Lara estiver dentro desse barco comigo.

- No momento você não está sendo útil. Na verdade em um barco minúsculo como esse seus acessos de fúria estão se tornando um inconveniente para todos nós. Eu entendo que você está com raiva mas não vai adiantar nada ficar agindo feito um babaca. Se controle ou vou chamar um barco, te sedar e te despachar para bem longe daqui.

Fiz o que qualquer homem sensato faria na minha condição: comecei a pensar na melhor formar de invadir o navio e resgatar Lara e lutar com uma dezena de zumbis. Quando a noite começou a caiu eu fui tirado da minha bolha de ódio quando ouvi o primeiro grito. Eu soube imediatamente que era Lara. Do nosso barco não conseguíamos ver o que estava acontecendo mas escutamos todos os sons. Eles estavam batendo em Lara, a gente conseguia ouvir cada golpe provavelmente dado com algum tipo de corrente. Naquele momento a minha vontade era subir naquele navio e matar qualquer um na minha frente. Foram vinte e sete minutos de tortura. Os gritos de Lara foram perdendo força até se tornarem gemidos baixos. Meus olhos encontraram o de Felipe naquele momento.

- Nós vamos resgatar ela ainda hoje e vamos matar cada um desses filhos da mãe - eu disse já começando organizar minhas armas.  

Sexo, armas e zumbisOnde histórias criam vida. Descubra agora