Capítulo 5

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Vou quase correndo até em casa. Meu tio está deitado no sofá vendo TV,assistindo no que acredito o telejornal. Assim que entro pela porta de entrada,ele percebe minha presença e ergue a cabeça,sentando em seguida.
Ele faz uma careta.

-O que aconteceu Sophia?

Ops,acho que minha cara denunciou minha raiva. Minha tentativa de disfarçar meus sentimentos foram por água abaixo.

-Nada -forço um sorriso,repuxando os cantos de minha boca.
Isso não pareceu convencê-lo.

-Sophia,eu te conheço, aconteceu alguma coisa. Aquele rapaz fez alguma coisa pra você? -

Ele fala de um jeito protetor e carinhoso que esquenta meu coração,e me faz dar um sorrisinho agora sincero. Meu tio sempre me tratou com um carinho paternal enorme. Lembro-me de meu pai quando nos despediamos,pra eu vir pra cá.

"Ah querida,eu vou sentir tanto a sua falta."

"Eu sei papai,mas vou ligar toda semana e nos falaremos sempre"

"Mas não é a mesma coisa..."

"Oh Thiago, deixe a menina ir,senão ela perderá o voo. " - minha mãe interrompe meu pai ,que está segurando meus ombros e me olhando como se quisesse decorar cada parte de meu rosto.
Ambos estão com o rosto molhado,coberto de lágrimas.

"Esperem aí, deixem eu me despedir também " - Rayanne afasta meu pai,e me abraça com força. "Mana,não deixe de me ligar e contar todos os babados..."

"Eiii Sophi,manda fotos de tudo, tá?" - Ranna diz,interrompendo Rayanne. As duas são as típicas irmãs briguentas. E eu sirvo pra apaziguar o clima,e manter a paz em casa. Minhas irmãs são minhas melhores amigas, apesar de serem mais novas que eu.

"Ta bom gente, agora eu tenho que ir... " -Olho pra meus pais e minhas irmãs, e choro mais ainda - " Amo vocês. "

-Sophia? - meu tio chama minha atenção.

-O quê?

-Você estava olhando pro nada,com o olhar desfocado. O que estava pensando?

-Estava lembrando da minha despedida de minha família-

-Oh...-ele parece pensar em alguma coisa,e depois de uns segundos, olha-me e diz:
-Você não respondeu minha pergunta.

-Não aconteceu nada, tio. Só Estou cansada. Fique tranquilo.
Mesmo não acreditando muito em minha desculpa,ele assente.

-Boa noite ursinha.

Minha família me chamava assim quando eu era pequena. Era um apelido fofo e carinhoso que me trazia boas lembranças de minha infância.

~Ω~

Já no meu quarto, visto meu pijama dos bananas de pijama e capoto na cama. Coloco meu celular no silencioso ignorando as chamadas perdidas de Marcos.

Fechando meus olhos,começo a relembrar do acontecido. A pressão que Marcos fez,pra que eu fosse pra cama com ele.
Além de não estar pronta,eu simplesmente não queria que a minha primeira vez fosse assim. Pressionada. Eu queria que fosse uma noite inesquecível, que fosse com o homem da minha vida. O homem que eu amasse e que ele também sentisse a mesma coisa. Não com um ficante,que a qualquer momento poderia dizer "Não dá mais. Acabou." e pronto.

Sei que isso pode parecer muito romântico, e que na maioria das vezes não é isso o que acontece, mas é isso que desejo.
Não que meu primeiro homem, seja aquele que eu vou ter minha família e vamos ter um felizes para sempre. Não necessariamente.
Mas isso é importante pra mim. Um momento que vou guardar sempre na memória.
Não quero que quando tiver que pensar ou alguém perguntar sobre minha primeira vez ,eu dizer "Foi desastroso, e foi com um homem que eu não tinha vínculo amoroso,foi somente um ficante. Ele me pressionou, e fizemos. Só isso." Não quero entrar na enorme lista de primeiras vezes Desastrosas.

Acabo dormindo em meio a esses pensamentos.

~Ω~

Acordo cedo e me arrumo para mais um dia de trabalho. Meu tio me dá uma carona até a empresa. Sinceramente ,está na hora de ter um transporte próprio. Meus tios tem a vida deles,e não quero incomodá-los. Vou entrar em algum consórcio e comprar uma moto,já que comprar um carro agora não vai dar,financeiramente . Meu pai me ensinou a andar de moto quando eu tinha 16 anos. Estava de férias, e estava quase o deixando louco,porque queria de qualquer forma aprender a empinar como os meninos da Minha idade faziam. Estava meio rebelde nessa época. Não aprendi a empinar,mas sei conduzir uma moto como ninguém. Faço inveja a qualquer homem.


Cheguei 10 minutos adiantada. Ainda bem que hoje não me atrasei. Cumprimento Beta que já está a postos em sua mesa,com um bom dia e um sorriso cúmplice.

Chegando a minha sala,sento-me a minha mesa e me recordo da loira que falava com Arthur ontem.
Será que eles tem algum tipo de relação?
Que se dane. Quem se importa?

Mas ela disse que ele a fodia em sua sala. Será que isso sempre acontece?
Devo me lembrar de nunca entrar em sua sala sem bater.

Lembro que meu celular ainda está no silencioso. Pego ele dentro de minha bolsa e puts... Tem 15 chamadas perdidas de Marcos e um SMS.

"Soph me desculpe por ontem por favor. Eu gosto de você e sei que não faria nada com um homem que tem o relacionamento que nós temos. Sem compromissos. Quero falar com você. Vou te ligar na hora do almoço, pra não atrapalhar no seu trabalho. Bjs linda,e perdoe-me. "


Como é cara de pau! Se ele sabia que eu não faria nada com ele,porque propôs? Mas vou falar com ele. Quero saber o que ele tem a dizer.
O telefone da empresa toca.

-Bom dia Srt.ª Alencar. -Ele me cumprimenta com aquela voz sensual,que é capaz de ressuscitar até os mortos. Estou surpresa com este gesto.

-É... Bom dia Sr. Finlay. - gostosão. Ops,pensei alto demais.

-Hoje nós teremos uma reunião bem longa com alguns investidores,acho que demorará a manhã toda, então nós almoçaremos juntos quando a reunião acabar e seguiremos à segunda reunião. - ele não me deu opção,então só concordei.

-Tudo bem - respondo, mesmo sabendo que não foi uma pergunta.

-Esteja pronta em 20 minutos- diz e desliga. Simpatia não é o seu forte. Minha ficha cai,e eu fico meio empolgada. Meio não, muito.

Aaah,vou almoçar com meu chefe Arrogante.

O que iremos conversar?

Sophia deixe de ser idiota... É claro que falaram sobre negócios. Que outros assuntos vocês teriam?

Deixo esses pensamentos de lado e vou me praparar para a reunião.

Fico esperando Arthur em minha sala. Mas como está demorando um pouco,resolvo sair .
Quando me levanto, minha bolsa cai no chão e esparrama tudo pela sala.
Celular, carteira, batom, Chaves, absorvente, documentos... Tudo fica esparramado.
Começo a juntar tudo no chão, me dobrando para pegar as coisas. Meu batom foi parar embaixo da mesa. Vou até lá para juntá-lo ,e minha saia sobe quando me abaixo para pegá-lo. Quando toco os dedos no batom,escuto um pigarreio.

-Hum,hum -

O susto foi tão grande que me levanto rapidamente e bato minha cabeça em cheio na mesa.
Nossa,essa doeu.

***

Meu ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora