Capítulo 39- positivo

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Sophia

1 mês despois...

Minhas mãos estão trêmulas e meus dedos brancos de tanto apertar a borda do vaso sanitário. Meus joelhos também estão doloridos, resultado de ter me ajoelhado várias vezes aqui.

Essa intoxicação está sendo mais forte do que pensei.

Beta segura meus cabelos quando mais uma onda de ânsia me consome. Mas nada vem. Meu estômago não tem nada. Assim como minha alma.

Levanto e jogo água em meu rosto pálido. Respiro fundo. Não aguento mais vomitar. Mas isso já vai passar, tendo em vista que esses enjôos são, na maiorias das vezes, matinais.

- Você tem que ir ao médico, Soph. Já faz uma semana que está assim.  - minha amiga tem uma expressão preocupada em seu rosto fino.

- E você tem que ir trabalhar. - sorrio fracamente. Fui até o único sofá desta velha quitinete em que eu e Beta moramos agora e deito-me, sentindo-me fraca.
Ela revirou os olhos.

- É sério, você sabe que a Margareth não está engolindo essa história de você estar doente. - ela pôs o dedo indicador dentro da boca, fazendo uma careta, com asco. Nós não gostávamos de Margareth, mas não podíamos fazer nada. Ela era a única que tinha nos aceitado, e dado esse trampo a duas mulheres sem nenhuma experiência com salões de beleza.

- Eu sei. - sentei-me no sofá de trapos. Realmente me preocupava que aquela carrancuda me despedisse. Não podia me dar o luxo de ficar sem emprego. - Vou ao médico hoje. - eu disse. Ela balançou a cabeça e pegou sua bolsa.

- Vou pedir pra ela me liberar mais cedo, pra eu te acompanhar. - beijou minha testa com carinho. - Você vai ficar bem? -

- Claro. - respondi, sem nenhuma certeza.

- Peça o celular da vizinha, ou grite, se estiver passando mal. Ela irá me avisar. - disse, saindo.

- Okay. - deitei-me novamente.

As coisas tinham mudado muito desde que fugimos pra cá.
Agora trabalhávamos o dia todo por um salário mixuruca que mal dava pra pagar o aluguel deste lugar horrível e comprar comida.

Todavia nem eu, nem Beta estávamos prontas pra voltar.

Havíamos deixado nossas casas para trás e fugido, não por sermos fracas mas por sermos fortes o suficiente pra deixar tudo que amamos para trás.

Fechei os olhos e lembrei daquele dia em que tudo desabou...

1 mês antes...

O ônibus parou em mais uma parada, enquanto eu observava aquele farfalhar de pessoas se espremendo como sardinhas enlatadas. Tive sorte de ter pego uma cadeira.
Eu sabia que a partir dali eu teria que me acostumar com isso. Minha situação não ficaria muito boa sem dinheiro. Sem emprego. Sem Arthur. Sem a Mel. Sem família.

Eu sei que devo parar de pensar neles, e adimitir, mesmo que doa, que eles fazem parte de meu passado.

Mas é difícil. Muito difícil.

Meus olhos estavam pesados, e eu não sabia dizer se era sono ou cansaço. Os dois, provavelmente.
Procurei meu celular na bolsa em minhas pernas, mas não o encontrei. Droga! Eu o tinha deixado na casa de Arthur.

Meu ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora