Intolerante

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Narrado em primeira pessoa

Haruno sakura




Não é fácil ignorar tudo que aconteceu, não dava para ignorar.

Minhas pernas bambas me faziam rezar para que eu não tropeçasse em qualquer coisa. A dor entre minhas pernas me fazia espraguejar o Uchiha a cada passo que dava. Até pensei, iludidamente, que talvez ele viesse atrás de mim. Pobre Sakura, pare de se iludir. Enquanto andava pelo corredor me dei conta que estava tudo silencioso de mais. Será que fizemos muito barulho na sala dele e todos resolveram se silenciar para ouvir tudo? Não, impossível. Mas eu nem tinha muito o que andar, a sala de Tobirama ficava ao lado da sala de Madara, só que eu fui direto para o banheiro e agora estava voltando.

O corredor estava muito suspeito.

Já em minha sala, não encontrei meu chefe como previa, deixei toda a papelada sobre sua mesa e fui me sentar no cantinho do desprezo – apelido agradável que dei a minha pequena mesa que ficava de quina com a porta. Tentei ocupar minha mente e esquecer o que tinha acabado de acontecer, mas era impossível. Ainda podia sentir a mão de Madara apertando meu pescoço, seu olhar intenso enquanto me penetrava. Deus, aquele homem é um monstro! Balancei a cabeça e levei às mãos as têmporas, esfreguei tentando limpar os pensamentos mais de nada parecia funcionar.

Está certo. Sim, eu sabia. Sabia que ele era comprometido, sabia que estava de casamento marcado e, não estou querendo que largue sua noiva por minha causa nem muito menos pretendo ser sua eterna amante, e só que, eu pensei que ele fosse o cara certo para se ter uma primeira vez inesquecível. Bem, sobre ser inesquecível evidentemente ele superou minhas expectativas.

- Sonhando acordada, Sakura? – a voz rígida de Tobirama me fez acordar e perceber que ele entrou sem que eu o notasse.

- Não! Apenas focada nos números! – sorri amarela, tentando disfarça meu nervosismo. O olhar sugestivo dele me fez questionar se daqui da sala ele pôde ouvir algum som do cômodo ao lado. Minha garganta secou só de imaginar. Eu devia estar branca como um fantasma.

- Bem, você demorou muito. Então eu fui até lá, mas daí o Madara disse que você já tinha saído...

- Desculpe pela demora, eu fui ao banheiro – tratei de me justificar, isso explica a ausência dele quando cheguei. – Já deixei os papeis sobre sua mesa.

- Obrigada – andou até sua mesa, espalmando as mãos sobre a mesma e lendo os papeis.

Ele estava em pé, de costas para mim, deveria ter se sentado. Sua perna esquerda usando a direita como apoio deixava sua bunda bem acentuada para o lado, me fazendo crer que aquilo era proposital. Pare Sakura! O que você quer? Uma coleção de homens comprometidos?! Merda!

Em certo momento Tobirama se ergueu, trazendo a papelada frente ao rosto, parecia estar analisando alguma coisa. Alguns minutos se passaram desde então, até que se virou retirando-se da sala sem dar satisfação. Fiquei na minha, quietinha.

Aquilo era errado, estava tudo errado. O que aconteceu entre mim e Madara, Deus, aquilo não deveria ter ido tão longe. Eu deveria ter parado quando soube da Konan, deveria não o ter provocado a tanto. Mas agora já é tarde, o pior já aconteceu, e aconteceu da pior da forma possível. Não que eu esperasse uma dose de carinho vinda dele – por que isso ele nunca demonstrou. Mas sim um mínimo de consideração, sei lá, eu menti sobre não ser virgem por que não queria que ele pegasse leve na nossa primeira vez. Mais isso não quer dizer que ele precisava ser um ogro na nossa primeira transa. E que transa, diga-se de passagem.

Aquele que me possuiOnde histórias criam vida. Descubra agora