XIII

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O restante do mês de setembro foi difícil. Eu não estava acostumado a acordar tão cedo de manhã. Não estava acostumado com o conceito de dever de casa. E tive meu primeiro "teste oral" no final do mês. Eu nunca tinha feito um "teste oral" quando a mamãe me dava aulas. Também não gostava de não ter mais tempo livre. Antes, eu podia brincar quando quisesse, mas agora parecia que sempre tinha alguma tarefa a fazer para a escola.
E ficar lá era horrível no começo. Cada aula nova era uma nova oportunidade de as crianças "não olharem" para mim. Elas me espiavam por trás dos cadernos ou quando eu não estava olhando. Evitavam esbarrar em mim a qualquer custo, dando a volta e pegando o caminho mais longo, como se eu tivesse algum germe que elas pudessem pegar.
Nos corredores lotados, meu jeito de me vestir sempre surpreendia alguma criança desavisada que ainda não tivesse ouvido falar a meu respeito. Ela fazia o mesmo som que uma pessoa faz antes de mergulhar, uma espécie de "ah!". Isso acontecia quatro ou cinco vezes por dia nas primeiras semanas: nas escadas, em frente aos armários, na biblioteca. Quinhentas crianças em uma escola: todas elas acabariam vendo minhas roupas em algum momento. E, depois dos primeiros dias, notei que eu tinha virado notícia, porque de vez em quando via uma criança cutucando o amigo enquanto passavam por mim, ou cochichando por trás da mão quando eu cruzava com elas. Posso imaginar o que diziam a meu respeito. Na verdade, não, prefiro nem tentar. Não que elas fizessem por maldade. A propósito: nem sequer uma vez alguém riu, fez barulhos ou coisa do tipo. Estavam apenas sendo crianças bobas e normais. Sei disso. E meio que tinha vontade de dizer: "Tudo bem, sei que sou meio esquisito. Podem olhar, eu não mordo."
Levou mais ou menos uma semana para os alunos da minha turma se acostumarem com meu rosto. E eles eu via todos os dias, em todas as aulas. Para os outros alunos do quinto ano se habituarem, levou mais ou menos duas semanas. Esses eu via no refeitório, no recreio, na biblioteca e nas aulas de educação física, música e informática. Para o restante dos alunos da escola, levou cerca de um mês. Era o pessoal dos outros anos. Alguns eram mais velhos. Tinham cortes de cabelo esquisitos. Outros tinham piercings no nariz ou espinhas. Nenhum se parecia comigo.

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