Acho que ninguém vai ficar surpreso ao saber que eu não queria tirar fotos na escola no dia vinte e dois de outubro. De jeito nenhum. Não, obrigado. Parei de sair em fotos há muito tempo. Acho que se poderia dizer que tenho fobia. Não, na verdade não é fobia. É "aversão", uma palavra que acabei de aprender na aula do Sr. Browne. Tenho aversão a que tirem fotos minhas. Pronto, usei a palavra em uma frase.
Achei que a mamãe fosse tentar me persuadir a deixar a aversão de lado e tirar a foto para a escola, mas não. Infelizmente, apesar de ter evitado a foto só minha, não pude ficar de fora da foto da turma. Argh. Parecia que o fotógrafo tinha acabado de chupar um limão quando me viu. Tenho certeza de que ele achou que estraguei a foto. Eu era um dos alunos sentados na frente. Não sorri — não que alguém fosse notar se eu sorrisse.- X -
Não muito tempo atrás, percebi que, embora as pessoas estivessem se acostumando comigo, ninguém encostava em mim. Demorei um pouco para notar porque os alunos não ficam encostando uns nos outros o tempo todo mesmo.
Mas, na última quinta-feira, na aula de dança, a Sra.Natasha, a professora, tentou fazer com que Carly dançasse comigo. Olha, eu nunca tinha visto alguém ter um "ataque de pânico" de verdade antes, mas já tinha ouvido falar, e tenho quase certeza de que foi isso que Carly teve. Ela ficou muito nervosa, pálida e começou a suar, depois deu uma desculpa esfarrapada sobre precisar muito ir ao banheiro. De todo modo, a Sra. Natasha salvou a pele dela, porque acabou não fazendo ninguém dançar junto.
Ontem, na eletiva de ciências, estávamos fazendo uma tarefa muito legal usando pós misteriosos e classificando as substâncias como ácidas ou básicas. A gente tinha que esquentar os pós misteriosos em uma chapa calefatora e fazer notas, então todos os alunos estavam reunidos ali em volta, cada um com seu caderno. São oito alunos na turma: sete estavam espremidos de um lado da chapa, enquanto o outro — eu — tinha muito espaço do outro lado. É claro que eu percebi, mas torci para que a Sra. Louise não notasse, porque não queria que ela dissesse nada. Mas é claro que ela também notou, e é claro que falou alguma coisa.
— Pessoal, tem muito espaço do outro lado. Tristan, Nino, passem para lá — ordenou.
Então o Tristan e o Nino foram para o meu lado. Os dois são sempre "legais" comigo. Quero deixar isso claro. Não superlegais, de andarem sempre comigo, mas legais: eles me cumprimentam e conversamos de um jeito normal. E não fizeram careta quando a Sra. Louise os mandou ir para perto de mim, algo que muitas crianças fazem quando acham que não estou olhando. De todo modo, tudo estava indo bem até que o pó misterioso do Tristan começou a derreter. Ele tirou a lâmina da chapa no mesmo momento em que o meu pó começou a derreter. Aí fui tirar a minha lâmina também, e minha mão esbarrou na dele sem querer, por uma fração de segundo. Tristan afastou a mão tão depressa que derrubou sua lâmina no chão e, ao mesmo tempo, fez todas as outras caírem da chapa calefatora.
— Tristan! — gritou a Sra. Louise, mas ele nem se importou de ter derrubado o pó e arruinado toda a experiência; estava mais preocupado em ir à pia do laboratório lavar as mãos o mais rápido possível. Foi quando tive certeza de que na Comprehensive School havia um mito sobre encostar em mim. Acho que é como o Toque do Queijo, do livro Diário de um banana.
As crianças tinham medo de encostar em uma fatia de queijo mofado na quadra de basquete. Na minha escola, eu sou o queijo mofado.
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Extraordinário|| Ls
Teen Fiction→ Larry Stylinson Fanfiction ← Harry (Hazz) Styles nasceu com gostos peculiares, ditos como "inapropriados"para seu gênero, o que lhe impôs diversos olhares curiosos e cochichos maldosos. Por isso ele nunca freqüentou uma escola de verdade ... até...