Extraordinário|| Ls

XXV

Gente, vale lembrar que como Holmes Chapel é muito pequena e que eles tem um choque quando veem coisas muito diferentes, como o Harry, por isso as reações deles são tão ''agressivas''
Espero que gostem do capítulo sz

— Para quem mais o Sr. Calum ligou? — perguntei à mamãe mais tarde naquela noite. — Ele falou?
— Ele mencionou a Megan e o Niall.
— Megan! — exclamei. — Argh! Por que a Megan?
— Você era amigo dela.
— Mãe, isso foi, tipo, no jardim de infância.
  A Megan é a garota mais falsa do mundo. E fica o tempo todo querendo ser popular.
— Bem, pelo menos ela concordou em ajudar o garoto.
Temos que lhe dar algum crédito por isso. Não falei nada, porque ela estava certa.
— E o Niall? — perguntei. — Ele também topou?
— Sim — respondeu a mamãe.
— Claro que topou. O Niall é todo certinho — falei.
— Nossa, Louis! Parece que você está tendo problemas com todo mundo.
— É só... — comecei. — Mãe, você não tem ideia de como o garoto é.
— Posso imaginar.
— Não! Não pode! Você nunca o viu. Eu já.
— Talvez não seja quem você está pensando.
— Pode acreditar, é sim. E estou lhe dizendo: é muito, muito ruim. Ele é estranho, mãe. Ele usa saias. E ele usa coroa de flores.
  O Ernest havia entrado na cozinha para pegar um suco na geladeira.
— Pergunte ao Ernest — sugeri. — Não é, Ernest? Você se lembra daquele garoto que vimos no parque depois da escola, no ano passado? O que se chama Harry. O que parece uma menina.
— Ah, aquele garoto? — disse o Ernest, de olhos arregalados. — Eu tive até pesadelo! Lembra, mãe.
— Achei que tivesse sido por assistir a filmes de terror! — respondeu ela.
— Não! Foi depois disso! Quando eu vi aquele garoto, fiquei meio "Ahhh!" e saí correndo...
— Espere um minuto — disse a mamãe, séria.
— Você fez isso na frente dele?
— Não deu para evitar — falou o Ernest, choramingando.
— É claro que você poderia ter evitado! Meninos, tenho que dizer que estou muito decepcionada com o que estou ouvindo. — Ela parecia decepcionada mesmo. — Quer dizer, ele é só um garotinho... exatamente como vocês! Ernest, imagine como ele se sentiu ao ver você gritando e correndo.
— Não foi um grito — defendeu-se meu irmão. — Foi tipo um "Ahhh!".
Ele pôs as mãos nas bochechas e começou a correr pela cozinha.
— Ora, Ernest! — disse a mamãe, zangada. — Sinceramente, achei que meus filhos fossem mais solidários que isso.
— O que é solidário? — perguntou meu irmão, que ainda ia começar o segundo ano.
— Você sabe muito bem o que eu quis dizer com "solidário", Ernest.
— Mas ele é tão estranho, mamãe... — falou o Ernest.
— Ei! — gritou ela. — Não gosto dessa palavra! Ernest, pegue o seu suco. Quero conversar a sós com o Louis. — Assim que meu irmão saiu, ela disse: — Olha, Louis...
Eu sabia que ela ia começar um sermão.
— Tudo bem, eu topo — falei; o que a deixou chocada.
— Mesmo?
— Sim!
— Então posso ligar para o Sr. Calum?
— Pode, mãe! Já falei que sim!
A mamãe sorriu.
— Eu sabia que faria a coisa certa, garoto. Que bom! Estou orgulhosa de você, Louis.
  Ela bagunçou meu cabelo. Mas foi esse o motivo para eu ter mudado de ideia: não que eu quisesse evitar um sermão da minha mãe; nem proteger o Harry da Megan, que eu sabia que ia agir como um completo idiota; só que, quando ouvi o Ernest contar que correu do Harry gritando "Ahhh!", de repente me senti muito mal. A questão é que sempre haverá pessoas como a Megan, idiotas. Mas, se um garotinho como o Ernest, que geralmente é legal, podia ser cruel daquele jeito, então o Harry não teria a menor chance na escola.

- X -

Em primeiro lugar: a gente se acostuma com o jeito dele. Nas primeiras vezes eu pensava: "Uau, nunca vou me habituar a isso." Mas então, depois de mais ou menos uma semana, comecei a pensar: "Hum, não é tão ruim assim."
  Segundo: ele é muito legal, de verdade. Quer dizer, é bem engraçado. Tipo, o professor diz alguma coisa, e o Harry sussurra algo divertido para mim, que ninguém mais ouve e me faz morrer de rir. Ele também é, além de tudo, um cara legal. Tipo, é tranquilo ficar com ele, conversar, essas coisas.
  Em terceiro lugar, ele é muito inteligente mesmo. Achei que estaria atrasado em relação a todo mundo, porque nunca tinha ido à escola. Mas ele é melhor que eu na maioria das matérias. Talvez não seja tão inteligente quanto o Niall ou o Matt, mas está quase lá. E, ao contrário deles, ele me deixa colar quando realmente preciso (embora eu só tenha precisado umas poucas vezes). Ele também me deixou copiar o dever de casa uma vez, embora nós dois tenhamos ficado encrencados por isso depois.
— Vocês dois deram exatamente as mesmas respostas erradas no dever de casa de ontem — disse a Sra. Robin, olhando para nós como se esperasse uma explicação.
  Eu não soube o que dizer, considerando que a explicação seria: "Ah, foi porque eu copiei o dever do Harry."
Mas ele mentiu para me proteger.
— Ah, foi porque fizemos o dever juntos ontem à noite — falou, o que definitivamente não era verdade.
— Bem, fazerem o dever de casa juntos é bom — respondeu a Sra. Robin —, mas ainda assim vocês deveriam trabalhar separados, tudo bem? Podem estudar lado a lado se quiserem, mas não podem realmente fazer o dever juntos, certo? Entenderam?
Depois que saímos da sala, falei:
— Cara, obrigado por ter feito isso.
— Não foi nada — disse o Harry.
Isso foi legal da parte dele.
Em quarto lugar, agora que o conheço, devo dizer que quero mesmo ser amigo do Harry.
No início, admito, só fiquei amigo dele porque o Sr. Calum tinha me pedido para ser especialmente legal e tudo mais. Mas agora eu escolheria andar com ele. O Harry ri de todas as minhas piadas. E eu meio que sinto que posso contar qualquer coisa para ele. Ele é um bom amigo. Tipo, se todos os garotos do quinto ano estivessem alinhados em uma parede e eu tivesse que escolher com qual deles iria querer andar, eu escolheria o Harry.