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Olaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, o que eu posso dizer dessas mais de mil views, eu nem consigo agradcer a altura, então MUITO obrigada mesmo, eu amo cada um de vocês e com essa fic eu queria proporcionar uma quebra de rotina, se distrair e eu vejo pelos comentários que eu atingi meu objetivo, enfim vamos logo pro capitulo e de novo muito obrigada sz.

       Meus pais não são ricos. Estou dizendo isso porque às vezes as pessoas pensam que todo mundo que estuda em escola particular é rico, mas nós não somos. O papai é professor e a mamãe é assistente social, o que significa que o emprego deles não é um daqueles em que as pessoas ganham zilhões de dólares. A gente tinha um carro, mas vendeu quando o Ernest entrou para o jardim de infância na Comprehensive School. Não moramos em uma casa enorme, nem em um daqueles prédios com porteiros em frente ao parque. Alugamos o apartamento de uma senhora chamada Doña Petra, que fica na cobertura de um prédio de cinco andares sem elevador. O Ernest e eu dividimos um quarto. De vez em quando, ouço sem querer meus pais falarem coisas como "Será que conseguimos ficar sem ar-condicionado mais um ano?" ou "Talvez eu possa trabalhar em dois empregos nesse verão".
Aí hoje, no recreio, eu estava com a Megan, o Jack e o Carter. A Meagn, que todo mundo sabe que é rica, estava dizendo:
— Detesto ter que ir a Paris de novo no Natal. É tão chato!
— Mas, cara, é, tipo, Paris — falei que nem um idiota.
— Pode acreditar, é muito chato — disse ela. — Minha avó mora em uma casa no meio do nada. É uma cidadezinha muito, muito minúscula, a uma hora de Paris. Juro por Deus que nada acontece lá! Quer dizer, é tipo: "Uau, tem outra mosca na parede! Olhe, um cachorro novo dormindo na calçada. Iuhuuu."
Eu ri. Às vezes a Megan era bem engraçada.
— Mas meus pais estão falando em dar uma grande festa este ano, em vez de ir a Paris. Estou torcendo. — continuou Megan. — O que você vai fazer nas férias? ​
— Vou ficar por aqui — respondi.
— Que sorte a sua — disse ela.
— Espero que neve outra vez — falei. — Tenho um trenó novo que é incrível.
Eu ia contar a eles sobre o Relâmpago, mas o Carter me cortou.
— Eu também tenho um trenó novo! Meu pai comprou na Hammacher Schlemmer. É supermoderno.
— Como um trenó pode ser supermoderno? — perguntou a Megan.
— Custou uns oitocentos dólares, sei lá.
— Uau!
— Nós poderíamos apostar uma corrida no Quicksilver — sugeri.
— Esse lugar é tão sem graça... — respondeu o Julian.
— Você só pode estar brincando! — falei. — Um garoto quebrou o pescoço lá.
A Megan estreitou os olhos e me encarou como se eu fosse o maior idiota do mundo.
— De todo modo, agora podia ser chamado de monte do lixo, de tão emporcalhado que está. Da última vez que fui lá estava muito sujo, com latas de refrigerante e garrafas quebradas, essas coisas.
  Ela balançou a cabeça.
— Deixei meu antigo trenó lá — disse o Carter. — Era um pedaço de lixo nojento... e alguém pegou!
— Talvez um mendigo quisesse deslizar na neve! — zombou a Megan.
— Onde foi que você o deixou? — perguntei.
— Perto daquela pedra grande no pé da montanha. Quando voltei no dia seguinte, havia desaparecido. Não dá para acreditar que alguém realmente pegou aquilo!
— Podemos fazer o seguinte — começou a Megan —, da próxima vez que nevar, peço para o meu pai nos levar até o topo de seu campo de golfe, que faz Quicksilver parecer uma piada. Ei, Louis, aonde você vai?
Eu havia começado a me afastar.
— Tenho que pegar um livro no armário — expliquei.
Só queria sair de perto deles depressa. Não queria que ninguém soubesse que eu era o "mendigo" que tinha roubado o trenó.

- X -

  Não sou o melhor aluno do mundo. Sei que algumas crianças gostam mesmo da escola, mas, para ser sincero, eu não. Gosto de algumas coisas, como educação física e informática. E do almoço e da hora do recreio. Mas, de modo geral, ficaria bem sem ir à escola. E o que mais odeio é a quantidade de dever de casa. Não basta nos sentarmos lá aula após aula, tentando ficar acordados enquanto eles enchem nossa cabeça com todas aquelas coisas de que provavelmente nunca iremos precisar, como, por exemplo, calcular a área da superfície de um cubo ou saber a diferença entre as energias cinética e potencial. Tipo, quem se importa? Eu nunca, nunca ouvi meus pais pronunciarem a palavra "cinética" em toda a minha vida!
    Ciências é a matéria que mais odeio. Temos tanto trabalho e nem ao menos é divertido! E a professora, a Sra. Louise,é supersevera com relação a tudo — até o modo como escrevemos o cabeçalho! Uma vez perdi dois pontos em um trabalho porque não pus a data no topo da folha. Que maluquice!
     Quando eu e o Harry ainda éramos amigos, eu estava indo bem em ciências, porque ele se sentava perto de mim e me deixava copiar suas anotações. O Harry é o garoto com o caderno mais organizado que já vi. Mesmo quando não escrevia em letra de forma, cada curvinha ia para cima e para baixo perfeitamente em letrinhas pequenas e redondas. Mas, agora que não somos mais amigos, não posso mais pedir para copiar as anotações dele.
   Então eu estava meio confuso hoje, tentando anotar o que a Sra. Louise dizia (minha letra é horrível), quando, de repente, ela começou a falar sobre a feira de ciências do quinto ano e que todos tínhamos que escolher um projeto.
Enquanto ela dizia isso, eu pensava: "Acabamos de fazer a droga do projeto do Egito e agora temos que começar tudo de novo?" Na minha cabeça, eu gritava "Nããããão!", como aquele garoto de Esqueceram de mim, com a boca escancarada e as mãos no rosto. Era essa a cara que eu estava fazendo por dentro. Pensei naquela imagem do rosto de um fantasma derretendo, que eu tinha visto em algum lugar, com a boca bem aberta, gritando. De repente aquilo me veio à cabeça, aquela lembrança, e entendi o que Summer queria dizer com "Pânico". É tão estranho o modo como entendi tudo naquele segundo! Alguém da turma tinha ido com essa fantasia no dia do Halloween. Eu me lembrei de ter visto a máscara a algumas carteiras de onde eu estava. E depois não vi mais.
  Ah, caramba. Era o Harry!
  Tudo isso me ocorreu no meio da aula de ciências, enquanto a professora estava falando.
Ah, caramba.
Eu estava falando com a Megan sobre o Harry. Meu Deus! Agora eu entendi! Fui tão cruel! E nem sei por quê. Não tenho certeza do que falei, mas foi ruim. Foi apenas durante um minuto ou dois. Foi só porque eu sabia que a Megan e todos os outros me achavam muito estranho por andar com o Harry o tempo todo, e me senti idiota. Não sei por que falei aquelas coisas. Só falei o que eles queriam que eu falasse. Eu fui um idiota. Eu sou um idiota. Ai, meu Deus. Mas ele ia de Elsa. Era ele, então com aquela que máscara, sentado na carteira, olhando para nós.

- X -

      Depois disso, não ouvi uma palavra sequer do que a Sra. Louise estava dizendo. Blá-blá-blá. Projeto da feira de ciências. Blá-blá-blá. Duplas. Blá-blá-blá. Parecia o jeito como os adultos falam nos desenhos do Snoopy. Como se fosse embaixo d'água. Muah-muah-muahhh, muah, muahh.
    Então, de repente, a Sra. Louise começou a apontar os alunos da sala.
— Reid e Tristan, Maya e Max, Niall e Carly, Harry e Louis. — Ela apontou para nós ao dizer isso. — Carter e Darwin, Megan e Jack, Meg  e... — Não ouvi o resto.
— Hein? — perguntei.
    O sinal tocou.
— Pessoal, não se esqueçam de sentar com sua dupla para escolher um projeto da lista! — disse a Sra. Louise, enquanto todos se levantavam para sair.
    Virei-me para o Harry, mas ele já estava com a mochila nas costas, praticamente na porta.
   Eu devia estar com cara de idiota, porque a Megan se aproximou e disse:
— Parece que você e seu melhor amigo são uma dupla. — Ela deu um sorriso forçado ao falar isso. Eu odiei tanto a Megan naquele momento! — Terra para Louis Tomlinson, câmbio — insistiu quando não respondi.
— Cale a boca, Megan.
    Eu estava guardando meu fichário na mochila e só queria que ela me deixasse em paz.
— Você deve estar muito chateado por ter que fazer o trabalho com ele — disse a Megan. — Devia dizer à Sra. Louise que quer trocar de dupla. Aposto que ela deixaria.
— Não, não deixaria — respondi.
— Fale com ela.
— Não, não quero.
— Sra. Louise — chamou a Megan, virando-se e levantando a mão.
   A professora estava apagando o quadro, mas se virou ao ouvir seu nome.
— Não, Megan! — sussurrei, mas de modo brusco.
— O que foi? — perguntou ela, impaciente.
— Poderíamos trocar de duplas se quiséssemos? — disse a Megan, com um ar muito inocente. — Eu e o Louis tínhamos uma ideia que queríamos fazer juntos para o projeto de ciências...
— Bem, acho que podemos dar um jeito nisso... — começou ela.
— Não, tudo bem, Sra. Louise — falei depressa, indo para a porta. — Tchau!
    A Megan correu atrás de mim.
— Por que você fez isso? — perguntou ela quando me alcançou na escada. — A gente poderia trabalhar em dupla. Você não tem que ser amigo daquele esquisito se não quiser, sabe...
   Foi aí que dei um soco nela. Bem na boca.

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