XXVI

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            Algumas crianças realmente me perguntam por que eu ando tanto com "o esquisito". Esse pessoal nem o conhece direito. Se conhecesse, não o chamaria assim.
— Porque ele é legal! — respondo sempre. — E não fale assim dele.
— Você é um santo, Louis — disse a Carly outro dia. — Eu não conseguiria fazer o que você está fazendo.
— Não é nada de mais — respondi, sendo sincero.
— O Sr. Calum pediu que você ficasse amigo dele? — perguntou o Niall.
— Não. Sou amigo dele porque quero.
         Quem diria que o fato de eu me sentar com o Harry Styles no almoço teria tanta repercussão? As pessoas agem como se essa fosse a coisa mais esquisita do mundo. É estranho como as crianças podem ser estranhas.
     Sentei com ele naquele primeiro dia porque tive pena. Só isso. Lá estava ele, aquele menino de aparência diferente, em uma escola nova. Ninguém falava com ele. Todo mundo ficava olhando. Todos os meninos da minha mesa cochichavam sobre ele. Ele não era o único aluno novo na Comprehensive School, mas era o único sobre quem todos estavam falando.
"Você já viu o garoto gay?"
      Coisas desse tipo correm depressa. E o Harry sabe disso. Já é bem difícil ser um aluno novo quando se tem uma aparência normal. Imagine com a aparência dele!
      Então simplesmente fui até lá e me sentei. Nada de mais. Queria que as pessoas parassem de tentar fazer parecer grande coisa.
     Ele é só um garoto. O garoto mais estranho que já vi, é verdade. Mas só um garoto.

- X -

   Admito que demora um pouco para a gente se acostumar com o jeito do Harry. Eu já me sento com ele há duas semanas, e digamos apenas que ele não come da maneira mais limpinha do mundo. Mas, apesar disso, ele é muito legal. Também devo dizer que não sinto mais pena. Essa pode ter sido a razão que me fez sentar perto dele na primeira vez, mas não é por isso que continuo. Almoço com o Harry porque ele é divertido.
    Uma das coisas de que não estou gostando este ano é que algumas crianças estão agindo como se fossem velhas demais para brincar. Tudo o que querem fazer no recreio é "passar o tempo" e "conversar". E agora só falam de quem gosta de quem, quem é bonito e quem não é. O Harry não liga para essas coisas.
    Ele gosta de jogar bola no recreio, que nem eu. Foi justamente por jogar bola com o Harry que descobri sobre a praga. Parece que um "jogo" está rolando desde o início do ano. Qualquer um que encoste nele por acidente tem apenas trinta segundos para lavar as mãos ou passar um antisséptico antes de pegar a praga. Não tenho certeza do que acontece se alguém realmente pega a praga porque ninguém encostou nele ainda — não diretamente.
     Descobri isso quando a Maya Markowitz disse que não jogava bola com a gente no recreio porque não queria pegar a praga.
— Que praga? — perguntei, e ela me contou.
  Falei para a Maya que aquilo era uma grande bobagem e ela concordou. Mas, mesmo assim, não tocaria em uma bola em que Harry tivesse acabado de pôr as mãos, não se pudesse evitar.

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