XVIII

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Olaaaaaaaaaaa, então gente, primeiro espero que estejam gostando da fic e é muito importante que comentem e votem, assim consigo ver se estão gostando, mas enfim!
Segundo é que a partir de agora os capítulos serão do ponto de vista da Gemma, irmã do Harry, assim a história tem outra perspectiva! Espero que gostem dos capítulos sz

Harry é o Sol. Eu, a mamãe e o papai giramos em volta dele. O restante de nossa família e de nossos amigos são asteroides e cometas flutuando ao redor dos planetas que orbitam o do Sol. O único corpo celestial que não gira em volta de Harry, o Sol, é Dusty, nosso gato, e isso porque, para seus olhinhos caninos, o gosto do Harrynão é muito diferente do gosto de qualquer outro menino. Para Dusty, todos os gostos são parecidos, chatos e pálidos como a Lua.
Estou acostumada ao modo como esse universo funciona. Nunca me importei porque sempre foi assim. Sempre entendi que Harry é especial. Se eu estivesse brincando e fizesse muito barulho enquanto ele tentava tirar um cochilo, sabia que tinha que brincar de outra coisa, porque ele precisava descansar depois de médicos e médicos. Se quisesse que meus pais assistissem ao meu jogo de futebol, sabia que nove em cada dez vezes eles não poderiam ir, porque estariam ocupados levando Harry ao psicólogo, a um novo especialista ou a uma nova consulta com a terapeuta. A mamãe e o papai sempre disseram que eu era a menininha mais compreensiva do mundo. Mas a questão é que eu apenas entendia que reclamar não adiantaria nada. Eu vi Harry depois das sessões de terapia: seu rostinho triste e complexado, seu corpinho cansado. Depois que você vê alguém passando por isso, parece loucura reclamar por não ter ganhado o brinquedo que pediu ou porque sua mãe perdeu a peça da escola. Aprendi isso aos seis anos. Ninguém nunca me disse. Eu simplesmente soube.
Então me acostumei a não reclamar e a não incomodar meus pais com coisas sem importância. Aprendi a resolver tudo sozinha: arrumar os brinquedos, organizar a vida para não perder as festas de aniversário dos meus amigos, ficar sempre em dia com os trabalhos de casa para não ter problemas na escola. Nunca pedi ajuda com o dever de casa. Nunca precisei que me lembrassem de terminar um trabalho ou de estudar para um teste. Se eu tivesse dificuldade com alguma matéria, ia para casa e estudava até entender. Aprendi a converter frações em decimais na internet. Fiz todos os projetos da escola praticamente sozinha. Quando o papai e a mamãe perguntavam como tudo estava indo, eu sempre dizia "bem" — mesmo quando não estava tão bem assim. Meu pior dia, o pior tombo, a pior dor de cabeça, o pior machucado, a pior câimbra, o pior xingamento não são nada comparados ao que Harry  já passou. A propósito, não estou tentando ser nobre: simplesmente sei que é assim.
E é assim que as coisas sempre foram para mim, nesse nosso pequeno universo. Mas este ano parece que houve uma mudança no cosmos. A galáxia está mudando. Os planetas estão saindo de alinhamento.

- X –

Sinceramente não me lembro da minha vida antes de Harry. Vejo nas fotos de quando eu era bebê o papai e a mamãe sorrindo muito felizes me segurando. Não dá para acreditar em como pareciam jovens: o papai era meio hipster e a mamãe era uma linda fashionista britânica. Há uma foto minha no meu terceiro aniversário: ele está bem atrás de mim e ela segura um bolo com três velas acesas e, atrás de nós, estão meus quatro avós, o tio Ben, a tia Kate e o tio Mike. Todos me olhando e eu olhando para o bolo. Na foto dá para ver que eu era mesmo a primeira filha, primeira neta, primeira sobrinha. É óbvio que não me lembro de como era isso, mas posso ver pelas fotografias.
      Não me lembro do dia em que trouxeram o Harry do hospital para casa, nem do que eu disse, fiz ou senti quando o vi pela primeira vez, embora todos tenham uma história sobre isso. Aparentemente, eu apenas olhei para ele por muito tempo e, por fim, disse: "Ele não se parece com a Lilly!"
Esse era o nome da boneca que minha avó me deu quando a mamãe estava grávida, para que eu pudesse "treinar" ser a irmã mais velha. Era uma daquelas bonecas super-realistas, e eu a carreguei para todos os lados durante meses, trocando fraldas e a alimentando. Dizem que até fiz um sling para ela. A história conta que, depois da minha reação inicial a Harry, levei apenas alguns minutos (de acordo com vovó) ou alguns dias (segundo mamãe) para me render a ele: eu o beijava, acariciava e falava com ele como as pessoas falam com os bebês. Depois disso nunca voltei a brincar com a Lilly nem a falar dela.

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