ADVERTÊNCIA : As invocações que seguem abaixo, são um ritual Enochiano LEGÍTIMO. Não leiam em voz alta.
A luz dos raios rasgava a noite, e os graves urros dos trovões que os seguiam, abafavam sem piedade a ruidosa melodia orquestrada pela volumosa chuva sobre os telhados.
O vento implacável reinava absoluto contornando esquinas, como um sentinela assegurando-se em manter perene o deserto escuro em que as ruas haviam se tornado, após ter derrubado vários postes da rede elétrica.
Tremeluziam modestas chamas das velas acesas através das cortinas, iluminando parcamente as casas e conferindo-lhes uma atmosfera lúgubre e taciturna.
A benevolência se ausentara naquela noite, concedendo passagem livre aos arautos dos maus augúrios... O mal estava à espreita da caça.
A lua de sangue do Esbat resplandecia una no manto negro enevoado que configurava o céu, pronta para atender do mais ínfimo ao mais cruel dos desejos evocados e à ela dirigidos.
Brasas estalavam ferozes sobre um antigo tacho de cobre, embalando jogos de sombras que dançavam sobre o despido corpo ancião e flácido de Salazar.
Dentro de um grande pentagrama de sal, delimitado por um círculo com igual grandeza, tinha o velho, os olhos do avesso e o rosto bastante sulcado pelo tempo, voltado ao leste. Uma intensa vibração lhe percorria do espírito às entranhas e aparentava semiconsciência.
Certamente uma nefasta visão para algum desavisado que viesse à adentrar o cômodo e que se tornara ainda mais impressionante e sobrenatural à medida que, tomado de um timbre gutural, escarrava uma voz tão pesada e sombria que se sobressaía aos ensurdecedores trovões que há pouco comandavam em coro.
Com uma guia de pequenas contas às mãos, erguidas sobre a cabeça, invocava:
"LONSA AMMA OI NETAAB.
OL LVSDI INSI BLANS NOMIG OAI ORS
OIAD INSI DLVGAR OLLOR RIOR EOPHAN
OIAD INSI NANAEEL OI NOBLOH OD NOROMI I DARBS
OIAD PON GAH ZAH
AMMA NOASMI OI MONASCI OD OI ADOIAN TONVG
AREPT BAMPOI MADACHE
OIAD AMMA LONCHO OBZA NOSTOAH
OI MAD GEMEGANZA NOASMI"
Que se podia traduzir em:
"Toda feitiçaria está extinta
Que Meus pés andem protegidos mesmo entre as trevas
Deus passa deixando um lamento de viúvas
Quando ele avança e desce seu punho, então pessoas morrem
O deus que destrói o seu interior
Amaldiçoado seja seu nome e que seu rosto seja desfigurado
O nome do mal encarnado
Que esta maldição caia sobre ele,
E que ele seja esquecido.
Que seja feita a vontade divina
Com a voz de mil trovões"
E repetia palavra por palavra, sucessivas e incontáveis vezes, como se no intento de manter um campo de força, até que a tempestade cedesse e os primeiros raios de sol ameaçassem aparecer no horizonte.
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As Crônicas de Ostara. Livro 1- UM CONTO DE BRUXAS (Em Revisão)
RomanceLivro 1 - O passado é mentira, o presente é caos e o futuro não está escrito nas linhas das mãos. Registrado na Biblioteca Nacional. Plágio é crime! Seja criativo, não copie!