As Crônicas de Ostara. Livro 1- UM CONTO DE BRUXAS (Em Revisão)

XX- Desejos

A situação no Shamrock se agravava a cada instante e meus instintos estavam em alerta.

Com Alice nos braços, protegendo-a contra o meu peito, corri para o canto da parede lateral do bar, na tentativa de esquivar o tumulto crescente.

Alice permanecia inconsciente e meus olhos já adaptados à escuridão, procuravam aflitos uma forma de nos tirar dali.

Aos poucos, grandes espaços vazios nos permitiram avançar, à medida que as pessoas conseguiam sair das dependências do pub.

Logo estávamos na rua e agora se esclarecia o motivo da queda de luz dentro do bar.

A rede elétrica estava caída e fios de alta tensão pendiam rebentados dos postes.

Chovia torrencialmente e raios faziam às honras, proporcionando alguma iluminação à rua com seus flashs, que somados às várias lanternas dos celulares permitiam à multidão encontrar seus carros e seus acompanhantes...

Uma viatura da polícia estacionava oblíqua no meio da rua com as luzes do giroflex ligadas e a sirene soando.

Já respirando e raciocinando melhor, consegui sustentar Alice com apenas um dos braços, recostando-a em meu peito, para que pudesse tirar do bolso da calça jeans as chaves do carro.

Acomodei-na sobre o banco do carona, dei à volta e sentei ao volante.

Observa-la assim, tão frágil e vulnerável me fazia amá-la ainda mais.

- Tão linda...- Pensei, ao mesmo tempo em que voltava à realidade, lembrando de ligar para Lorenzo e avisar que Alice estava sob meus cuidados.

- Alô Diego??! - Respondeu Lorenzo com voz de preocupação assim que o celular chamou à primeira vez.- Você está bem? E Alice? Sabe dela? - Disparou sem espaço para respirar entre uma pergunta e outra.-

- Calma cara. Está tudo ok. Ela está comigo... Desmaiou durante a confusão, acredito que por nervosismo e segue desacordada, porém respirando normalmente. Vou levá-la à um pronto-socorro e entrarei em contato assim que tiver uma posição. - Respondi com a calma que me era usual, na tentativa de tranquilizá-lo, mas admito que também estava preocupado.-

- Menos mal Diego. Sei que Alice está em boas mãos. Aguardo notícias. Anna e as meninas também estão comigo e parece que a Polícia já está entrando no bar. Acredito que algo de maior gravidade tenha acontecido. - Completou Lorenzo. -

- Provavelmente alguém chamou a polícia em função da briga, mas não deve ter sido nada demais. Beleza então cara... fica combinado. Até mais.- Concluí.-

- Ok. Até mais... Se cuidem.

Rodamos algumas quadras e Alice remexeu-se no assento, abrindo os olhos.

Estacionei imediatamente afim de poder verificar se estava se sentindo melhor.

- Alice como está? Eu vou levar você à um Hospital...

- O que? Não... Eu já me sinto bem Diego. O que aconteceu? - Questionou enquanto ajeitava os cabelos e tentava ver o próprio rosto no retrovisor. -

- Você desmaiou no bar. As luzes se apagaram e tirei você de lá... Você não lembra?

- Não... A última lembrança que tenho é de estar dançando com você... - Falou com a face já completamente vermelha, desviando o olhar e com um sorrisinho sexy e malicioso nos lábios.-

Mal pude conter a euforia que me tomava. Como se meu corpo todo estivesse sofrendo um curto circuito. Ela lembrou apenas de estar comigo... - Pensei, com uma felicidade quase imbecil saltando no peito e sem conseguir evitar um largo sorriso. -

- Você tem certeza de estar bem? -Perguntei por segurança. -

- Estou sim...

- Bem, então vou te deixar em casa e amanhã busco você bem cedo para pegarmos o seu carro. Pode ser? - Disse, dando a partida no meu carro...-

- Não! De jeito nenhum. - Disparou Alice, fazendo com que eu rapidamente virasse meu rosto ao encontro do dela, na tentativa de entender sua reação.

- Amanhã é feriado e já que posso ficar acordada até mais tarde, quero que você me leve agora para sua casa. Precisamos continuar de onde paramos! - Me falou olhando nos olhos, tão determinada e sensual que me causou uma ereção imediata.

Tentando disfarçar o êxtase incrível que me dominava, sem piscar consenti com a cabeça, uma vez que o sorriso infantil e a falta de palavras me ocupavam demais os lábios para que pudesse responder...

Estava tendo a melhor noite da minha vida e meu amor por Alice à essa altura parecia não caber no peito...