Capitulo 3 - O Homem-Rato

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Joana já nem se conseguia levantar. Só mesmo para ir à casa de banho para beber água. O resto do dia ficava ali no seu beliche com dores. A fome não perdoava.
Tinham passado 5 dias e piorava a cada segundo.
Joana perguntava-se muitas vezes pelos amigos. Por Minho, Newt, Thomas... Não lhe ocorria onde eles poderiam estar.
Mas por outro lado tinha encontrado as amigas.
- Joanaaaaa - uma voz acordou-a dos seus pensamentos. Era Vi.
Como é que raio é que ela tem tanta energia? Perguntou-se.
- Olha o que eu tenho aqui? - disse abanando a mão.
Joana abriu os olhos e viu uma coisa vermelha rodopiar na mão da amiga.
Uma maçã.
Joana levantou-se de um salto e agarrou na maçã. Levou-a à boca e devorou-a.
- Calma aí... Não queiras vomitar como já aconteceu a algumas.
- Onde é que arranjas-te isto? - disse com a boca cheia.
- Acredites ou não há uma pilha enorme de comida na cantina.
Joana esbugalhou os olhos.
- Anda. Vamos ver a Ana a comer Kinders até desmaiar.
Ambas se riram enquanto Vi ajudava Joana a levantar-se.
Andaram meio aos trambolhões pelo corredor até à cantina.
- Ah! Esqueci-me de mencionar mais uma coisa. - disse Vi apontando para o outro lado da cantina, onde, um homem com cara fuinha se encontrava sentado numa secretaria a ler calmamente o seu livro.
- Quem é aquele? - perguntou.
Vi encolheu os ombros.
- Não sabemos. Não nos responde e quando responde diz que só pode falar daqui a quatro horas.
- Não podem abana-lo até responder ou algo do género.
- E não achas que já tentamos? Ele tem uma espécie de barreira invisível à sua volta.
- Decidimos chamar-lhe Homem-Rato. É fácil de ver o porquê. - disse Ana ao aproximar-se com cinco Kinders em cada mão. - agora vê se comes alguma coisa.
Joana foi comendo com calma como lhe foi pedido.
A mural tinha subido imenso pareciam todas mais felizes. Até Teresa se tinha conseguido integrar. So esperava que os amigos estivessem igualmente bem.

Faltavam apenas cinco minutos para o Homem rato começar a falar e já estavam todas sentadas em volta da parede protetora invisível.
Teresa sentou-se a seu lado.
- Tens alguma ideia sobre o que se passa? Está tudo muito confuso.
- Não sei mas estamos prestes a descobrir. - respondeu Joana.
Aí o homem fechou o livro e sentou-se direito na sua cadeira pondo os pés no chão.
Vasculhou pelas gavetas com um ar meio irritado.
- Ah, aqui está - disse o Homem-Rato na sua voz nasalada, de seguida passou um envelope pela secretária e abriu-o. - Obrigado por se terem reunido de uma forma ordenada para eu poder dizer o que... me mandaram dizer-vos. Por favor prestem atenção.
- Porque é que precisa da parede?! - gritou-lhe Ana.
Vi esticou-se para traz de Joana e deu uma cotovelada da barriga da Ana.
- Caluda!
O Homem-Rato prosseguiu:
- Vocês continuam cá graças a um incrível desejo de sobrevivência, não obstante todas as desventuras, entre... outros motivos. Cerca de sessenta pessoas foram enviadas para morar na Clareira. Quer dizer, na vossa Clareira. Outros sessenta do Grupo A, mas isso agora não interessa.
Os olhos do homem focaram Joana e Teresa.
- De todas as pessoa, somente uma fração sobreviveu e chegou aqui hoje. Cálculo que já tenham percebido tudo isso, mas a verdade é que muitas das coisas que vos aconteceram serviram unicamente para avaliar as vossas reações. E, contudo, não foi bem uma prova, foi mais... Uma construção de um diagrama. Estimular a unidade de eliminação e recolher os padrões dai resultantes. Juntá-los todos para obter o maior avanço na história da ciência e da medicina.
Era difícil de assimilar tudo, Joana olhou de relance para Teresa que não parecia nada incomodada com o discurso do Homem-Rato, Joana quase que diria que ela já o tinha ouvido antes.
- Estas situações que vos foram impostas chamam-se Variáveis e cada uma delas foi meticulosamente estudada. Em breve explicar-vos-ei isso melhor. E embora não vos possa contar tudo nesta altura, é essencial que saibam o seguinte: estas provas de que estão a ser alvo são para uma causa importante. Continuem a reagir bem às Variáveis, continuem a sobreviver e serão recompensadas com a noção de que tiveram um papel ativo na salvação da raça humana. E na vossa, como é óbvio.
Vi abanou a cabeça:
- Como é que trancar-nos num labirinto pode ajudar a salvar a raça humana?? - sussurrou para Joana que se limitou a encolher os ombros.
- Represento uma equipa denominada CRUEL - continuou o Homem-Rato - Sei que soa a algo maléfico, mas a verdade é que é a sigla para Catástrofe Radical, Unidade de Eliminação Laboratorial. Não tem nada de nocivo, apesar do que possam pensar. Existimos com um único objetivo: salvar o mundo da catástrofe. Vocês aqui presentes nesta sala são uma parte vital do que planeamos fazer. Temos recursos que nunca estiveram ao alcance de nenhuma equipa na história da civilização. Dinheiro e capital humano praticamente ilimitados e a tecnologia mais avançada de todos os tempos.

Todos à sua volta estavam muito concentrados tentando descobrir onde o Homem queria chegar com aquela conversa toda.
- À medida que progridem nas Provas, têm visto, e continuarão a ver, provas dessa mesma tecnologia, assim como os recursos por trás dela. - continuou o Homem-Rato - Se há uma coisa que vos posso dizer aqui hoje é para nunca, mas nunca mais acreditarem no que os vossos olhos veem. Ou na vossa mente. Uma prova disso foram agora os cadáveres pendurados. Temos o poder de manipular os vossos cérebros e receptáculos nervosos sempre que necessário. Cálculo que tudo isto vos soe um pouco assustador.
- Devíamos chamar-lhe capitão óbvio em vez de Homem-Rato. - sussurrou Vi.
O Homem olhou novamente para o seu público com atenção antes de continuar:
- O Labirinto fazia parte das Provas. Não vos foi imposta uma única Variável que não servisse um propósito para a nossa coleção de padrões de unidade de eliminação. A vossa batalha contra os Magoadores. O homicídio da rapariga chamada Rachel. O suposto resgate e subsequente viagem de autocarro. Tudo. Parte integrante das Provas.

A imagem do Chuck nos braços de Thomas surgiu novamente na mente de Joana. Ele morrera pela mesma razão que Rachel. Pela mesma razão que todos aqueles não presentes naquela sala.
- Tratou-se da Fase Um. - Disse ele recebendo olhares furiosos para onde quer que olhasse - e ainda nos encontramos perigosamente longe do resultado pretendido portanto vamos ter de subir a parada. Chegou o momento de iniciar a Fase Dois.

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Peço imensa desculpa por nunca mais ter escrito! A partir de agora vou publicar um capítulo por semana todas as semanas (o que não implica que não publique 2 ou 3 quando me der na cabeça) .
Espero que estejam a gostar!
Até ao próximo capítulo!
MV

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