Capítulo 9 - Teresa.

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- Depois de despistarmos os crankos encontrámos mais uma porta que ia dar à superfície. - começou Harriet por dizer - Quando subimos para espreitar vimos o grupo A ao longe e quando contámos às outras a Teresa contou a historia dela e do Thomas, do quanto sentia a falta dele Blah Blah Blah e a partir daí ganhou um certo apreço por parte do resto do grupo. A partir dai começou a dar mais opiniões sobre o caminho a seguir ou as horas de comer etc e as outras claro que a apoiaram. Assim ficou ela na 'liderança' por assim dizer...

- E a 'líder' está com tanta pressa para ir onde? - perguntou Vi ligeiramente irritada.

- Bem, quando vimos o grupo A conseguimos perceber para que direção iam por isso vamos na mesma e no próximo acesso à superfície a Teresa quer falar com o Thomas.

- É tudo? - perguntou Joana.

Harriet assentiu.

- Pelo menos por agora... - acrescentou.

As três raparigas seguiram atrás do grupo tentando arranjar maneira de passar to tempo já que só tinham de seguir as outras.

Ana brincava com a sua catana quase cortando o braço de Vi por duas vezes e o joelho a Joana, mas tinham de admitir que estava a melhorar a cada golpe.

Harriet ia dando dicas a Vi sobre como atirar canivetes e Joana ia apertando a corda do arco pois achava-a muito solta e fraca. Vi tinha-lhe cedido as suas setas pois com a brincadeira de andarem perdidas nos túneis tinha partido o seu arco.

Joana, em compensação, deu o seu segundo canivete a Vi que só tinha um.

Os crankos tiveram um grande efeito em todas elas e o medo de não conseguirem chegar ao refúgio para obterem a cura a tempo era cada vez maior. Nenhuma delas queria acabar daquela forma.

Mais uma vez chegaram a uma zona aberta onde desembocavam vários túneis.

- Joana vamos por aquela porta para ver onde estamos. - disse Teresa assim que viu Joana e as outras pousar as mochilas.

Joana olhou para Harriet que a mandou avançar.

Seguiu Teresa até à porta e subiram as escadas em espiral em completo silêncio.

- Au! - disse Teresa após se ter ouvido um baque na madeira.

- Tudo bem?

- Bati com a cabeça...

As escadas acabavam ali, num teto de madeira velho, cheio de pó e areia.

Teresa empurrou o teto com a mão abrindo um alçapão fazendo com que o pó e a areia levantassem dificultando a visão.

Subiram o que faltava e assim que limparam os olhos e sacudiram as roupas observaram o que as rodeava.

Estavam num barracão de madeira com dois andares, o segundo maioritariamente destruído, haviam coisas pretas parecidas com colunas penduradas e não haviam janelas o que o tornava bastante escuro.
Estava bastante mais calor ali do que nos túneis.

Joana aproximou-se da porta do barracão e abriu-a. Teresa apareceu por detrás dela e espreitou também.

- Ali!

Joana desviou o olhar para onde Teresa tinha apontado.

Um aglomerado de pontinhos brancos no meio do deserto em movimento a uns bons 40 kilometros do barracão.

- Amanhã já devem chegar aqui... como estás a pensar fazer para que o Thomas venha até cá? - perguntou Joana sem desviar o olhar dos pontinhos que agora estavam parados.

- Ei de arranjar uma maneira... - e foi essa a conversa.

Teresa e Joana já não falavam muito. Talvez por escolha das duas. Uma por razão desconhecida, a outra porque a atitude da primeira estava a mudar.

- Vamos descer e falar com elas. - disse Joana.

As duas regressaram ao alçapão e desceram. Assim que Teresa entrou na divisão todas se calaram e olharam para ela.

- As escadas vão dar a um barracão. Conseguimos vê-los e supomos que amanhã pela manhã já devem estar perto o suficiente para o atrairmos. - Explicou.

- Mas e se os atraíres a todos? É melhor irmos todas! - sugeriu uma rapariga.

- Há um segundo andar no qual nos podemos esconder se for preciso alguma ajuda... - Disse Joana dando um passo em frente.

- Embora eu não acredite que lá entre mais alguém além do Tom parece-me uma boa ideia prevenir. - Teresa sorriu.

Parecia um aula e Joana teve de se conter para não levantar a mão para pedir para falar.

- Ana consegues dirigir-nos às montanhas pelos túneis? - perguntou Teresa - Com o calor que está lá fora é impossível eles chegarem lá primeiro que nós.

- Sim em princípio consigo. - disse Ana meio desconfiada.

- Ótimo! Então o primeiro grupo de vigia pode assumir as posições, as restantes durmam bem, amanhã vai ser um dia longo.

- Grupo de quê? - perguntou Vi a ninguém em particular quando Joana se aproximou.

- Grupos de vigia. Ela criou-os para melhorar a organização. - Respondeu Harriet.

- huh. - limitou-se Vi a responder.

- Vamos mas é dormir enquanto podemos. - disse Harriet bocejando.

- Não obrigada. Graças aqui à Joana dormimos para aí 5-6 horas. - disse Ana batendo nas costas de Joana.

- Façam como quiserem. - e com isto Harriet deitou-se perto do seu grupo de vigia.

As três raparigas afastaram-se um pouco das outras de modo a poderem falar sem serem ouvidas.

- Sou a única a não conseguir suportar a Teresa? - Perguntou Vi deitando olhares furiosos a Teresa que dormia profundamente.

- Ela não era assim... passa-se alguma coisa e eu não sei o que é.

- Vais ter de descobrir. - começou Ana por dizer - Não sabemos do que ela é capaz... ela tem ar de quem anda a tramar alguma.

- Não nego nada disso, só acho que... - começou Joana mas sem ideia de como acabar.

- Que? - insistiu Vi.

- Que que sei lá! Ela não era assim isto é um choque para mim! É imprevisível.

- É aí que queremos chegar... sem ninguém que a conheça bem... - Disse Vi.

- É imprevisível... - completou Joana.

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