Capitulo 15 - O plano.

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Joana acordou com gritos.

- Não não não não não não (...)

Cerrou os olhos e manteve-se na mesma posição, o sonho repetindo-se na sua cabeça com detalhes impressionantes. Era uma memória. Disse para si própria. Uma horrível memória.

- Eu não quero ter o Fulgor. Eu não quero. - dizia uma rapariga.

Sonya, uma rapariga com quem Joana ainda não tinha falado muito, segurava numa rapariga que chorava, gritava e gemia no chão.

- Mas o que é que se passa? - perguntou Ana ainda meio a dormir.

- Teve um pesadelo... - disse Vi sentando-se ao lado de Joana - Sobre os pais pelo que percebi.

As três observaram a cena enquanto que Sonya tentava desesperadamente consular a rapariga.

- Eu também tive um pesadelo. - admitiu Ana sem olhar para elas. - Era mais uma memória.

- Eu também. - disse Joana para o ar.

- E eu. - disse Vi. - Memória ou não, foi um pesadelo na mesma. Também, no estado em que as coisas estão não é difícil uma memória ser um pesadelo.

Joana refletiu sobre o assunto. Por mais deprimente que suasse, era verdade. Observaram como Sonya, com ajuda de Harriet e Teresa que se haviam aproximado entretanto, acalmavam a rapariga em choque.

- Eu não quero ter o fulgor eu preciso da cura! Já sinto que estou a ficar/ - Harriet interrompeu-a:

- Não sejas ridícula! Vai ficar tudo bem! Estamos adiantadas e eles vão dar-nos a cura assim que chegarmos lá!

- Exato. - concordou Teresa. - E é por isso que vamos fazer todos os possíveis para chegarmos ao fim disto e vocês sabem o que isso implica...

- Uow uow uow calma aí! - interrompeu Vi, levantando-se - ainda não decidimos nada.

- Matar o Thomas é crucial se não queremos sucumbir ao Fulgor! - interveio Teresa. - Vocês querem a cura certo?

Pelo menos metade das presentes soltaram gritos de concordância. Joana abanou a cabeça. Não ia permitir que tal acontecesse ao seu amigo. Nunca neste mundo.

- Ainda temos que formular um plano. - disse Harriet e Joana deitou um olhar furioso à amiga. Mas o que estava ela a tentar fazer?!

- Capturamos o Thomas na mesma e logo decidimos o que fazer. - Disse Teresa levando as mãos ao alto - Parece-vos bem?

Embora não totalmente de acordo Joana assentiu. Mas nem Vi nem Ana estavam dispostas a desistir tão facilmente.

- Captura-lo? - perguntou Vi.

- Mas ele é o quê? Uma catatua? - perguntou Ana seguindo o raciocínio de Vi.

Teresa levou uma mão à cara enquanto que Harriet e Sonya as observavam boquiabertas.

- Talvez não tenha utilizado o termo correto. - disse Teresa cheia de paciência.

- Podes querer que não usaste. - respondeu Joana.

- Alguém tem um plano? - perguntou Teresa ignorando o comentário de Joana por completo.

Em vez de ajudar dando argumentos aceitáveis contra a ideia de matar Thomas, vendo que isso não estava a resultar, Ana, Vi e Joana concentraram-se em ridicularizar as diversas propostas de plano.

- Sim? - disse Teresa apontando para uma rapariga com cabelo ruivo curto que tinha o braço levantado.

- Podíamos usar algo para o atrair...

- Bolachas? - disse Vi alto o suficiente para poder ser ouvida.

- Hmm não sei mais alguém? - disse Teresa pensativa olhando em seu redor.

- Podemos cerca-los. - disse Sara agarrando a atenção de Teresa - E forçava-mo-los a entregaram o Thomas.

- Nunca na vida eles entregariam o Thomas! - interveio Joana sem se aperceber.

- A Joana tem razão. - admitiu - Mas se usarmos a força. Ameaça.

- Não sei não... - disse Joana pensativa encostando-se à parede da gruta. - Já para não falar de como obrigarias o Thomas a vir connosco.

- É verdade. Ele pode desatar a correr e nunca mais o apanhamos. - interveio Vi meio a brincar meio a sério - Há demasiadas coisas que podem correr mal.

Depois, apercebendo-se de que estava a ajudar a planear, acrescentou:

- Isto se realmente fossemos capturar a catatua, certo?

- E - começou Joana - supondo que eles vão mesmo deixar o Thomas.

- Com alguma ameaça o Thomas vai querer ir connosco. Mas... pelo sim pelo não... - os olhos da líder pousaram nos sacos de serapilheiras. Oh não... Joana já estava a ver onde aquilo ia dar.

- Não estás a pensar em enfia-lo num saco de batatas, pois não? - perguntou Vi. Outra vez meio a brincar meio a sério.

- Teresa... - disse Joana em tom de aviso.

- Quando os virmos a chegar, descemos e cercamos-los. Deixem que seja eu a falar.

- E depois?- perguntou Joana impaciente.

- Depois, pomo-lo no saco e de armas apontadas, recuamos até às montanhas de volta à gruta. Passamos cá a noite e depois seguimos.

Muitas raparigas pareceram concordar com o plano.

- Não se esqueçam. Para aquelas persistentes - Teresa deitou um olhar às três - que ainda não se decidiu o que fazer com a cata/ com o Thomas.

Joana deixou escapar um risinho e viu Vi com um sorriso de vitória.

- Vamos ver se já não está decidido.  - murmurou Joana para si própria sorrindo para as amigas.

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