CAPÍTULO VINTE E QUATRO

76 16 0
                                    

Aquilo não estava bem.

Nada mesmo.

Ele abriu os olhos e reparou que estava sozinho. Não havia sinal de Aria, nem Byron e nem mesmo Big.

Levantou-se, dando um salto. Recompôs-se e caminhou para o exterior da gruta. A brisa do Sol nascente aparecia progressivamente atrás do horizonte.

Vira Aria estendida no chão rochoso.

— Aria? — a voz falhou-lhe — Aria! — correu em direção à amiga.

Ela estava adormecida. Ou talvez morta.

Abanou o corpo dela mas não sentiu qualquer atividade corporal. Colocou dois dedos no seu pescoço, um pouco mais abaixo do maxilar e tentou sentir o seu ritmo cardíaco.

Nada.

O pânico apoderou-se de Ben, como um formigueiro.

— Aria! Acorda, por favor! — insistiu ele, sentindo as lágrimas a arderem-lhe nos olhos.

Ele colocou novamente os dedos por baixo dos maxilares e não sentiu o ritmo cardíaco.

Uma lágrima escapou de um dos seus olhos. Deu um grito de perda. Ele sentia-se sozinho. Não iria conseguir viver sem Aria. Conhecia-a à tão pouco tempo, mas rapidamente, ela tornou-se demasiado importante para ele.

O corpo de Aria moveu-se e levantou-se lentamente, murmurando.

O pânico de Ben transformou-se rapidamente em alívio.

— Ben... — murmurou ela com a mão na cabeça.

— O que é que se passou? Pensei que te iria perder! — Ben quase gritou a dizer a última parte da frase.

— Foi... — deu um gemido de dor e levantou-se por completo — ... ele... atacou-nos...

Ben levantou-se imediatamente, completamente perplexo:

— Quem?

O que Aria disse causou um enorme impacto em Ben:

— O Lawrence.

Ouviu-se um estrondo no fundo do vale rochoso. Pareceu ser um tiro de uma pistola. Gritos ecoaram pelo espaço. Pareceu ser de Big.

— Eles devem estar em apuros! — gritou Aria — Aquele filho da puta do Lawrence é um grande cabrão. Atacou-nos a todos.

Aria desatou a correr em direção ao enorme ruído do tiro, e Ben seguiu-a.

Estava calor. O Sol estava intenso e fazia com que a dor de cabeça que Ben sentia, latejasse.

Quando chegaram à zona onde o som do disparo da pistola surgiu, viram Byron estendido no chão com Big debruçado sob ele. Lawrence estava meio atordoado, estendido no chão, tentando-se levantar. Parecia que Lawrence estava completamente tresloucado da cabeça.

— O que é que se está passar aqui? — perguntou Ben

Byron estava se a tentar mover mas tinha algo no seu braço — estava a sangrar — que salpicava em enxurrada. Big estava a fazer pressão com a sua mão sob a ferida — os braços dele estavam ensopados de sangue. Havia imenso sangue e Byron gritava de dor, tentando-se levantar.

Ben sabia muito bem como era a dor de um tiro, o quanto doía. E sabia perfeitamente que Byron estava a desejar para desmaiar naquele momento.

Lawrence levantou-se por completo e apontou a arma para Ben.

— Isto é tudo por culpa tua, cabrão de merda! — ele cuspia sangue escuro conforme falava — Fiquei com o caralho do vírus porque o meu sangue ficou exposto àquele ar contaminado, quando o teu amiguinho da merda me disparou uma bala para a porcaria do meu ombro.

Lawrence estava idêntico a um Kerno tresloucado — os mesmo ferimentos, a mesma cor do sangue... era tudo igual.

— Calma Lawrence... Tens de ter calma — disse Ben, tentando parar a situação.

— Fecha-me essa boca nojenta! — gritou ele — Eu... não me quero tornar num deles!

— Hum? — Ben olhou diretamente para Lawrence — O que é que estás para aí a dizer?

Lawrence desviou a arma para si próprio e encostou a culatra na sua própria cabeça, desesperadamente.

— Quero morrer. Não me quero tornar num deles — a sua voz tornou-se calma e fria.

— Não faças isso! Não! — implorou Ben, completamente abalado.

— Não aguento viver mais. Sinto coisas no meu cérebro. A comerem-no. Eu já não tenho controlo em mim mesmo — frases pequenas; desprovidas de emoção.

— Mas não o faças! — insistiu Ben — Estamos tão perto de salvar a Jolly e ela poderá ajudar-te!

— Não. Não aguento mais! — gritou Lawrence, destravando o gatilho da pistola — Lembraste do dia em que eu te capturei a ti e aos teus amigos?

Ben não conseguia falar; as palavras não se formavam na sua garganta, portanto, acenou afirmamente com a cabeça. Um movimento tremido e assustado, quase em pânico.

— Bem, espero que um dia me perdoes — ele baixou o seu tom de voz.

Antes que Ben poder fazer algo, Lawrence premiu o gatilho e o som ecoou pelo espaço como gritos de almas perdidas.

Tempestade Solar - Vírus Mortal #2Onde histórias criam vida. Descubra agora