CAPÍTULO TRINTA

86 14 0
                                    

Ben mexeu-se durante o sono e acordou. Já era dia. A noite parecera que havia passado tão rápido que até lhe pareceu ser uns dez minutos de noite.

Esta fora uma das suas recordações mais obscuras que ele alguma vez tivera. Essa recordação iria passar a assombrá-lo para todo o sempre.

Levantou-se da cama, vestiu-se e caminhou para os balneários e tomou um duche rápido.



***



Após uma refeição baseada em panquecas, leite, sumo de laranja e fruta — algo que lhe soube bastante bem —, arrumaram as suas mochilas e fizeram algumas malas — colocaram mais roupa nas malas pois no Alasca iria estar bastante frio.

Aria e Jolly ignoravam Ben quando ele as observava. Isso fazia com que o seu coração ficasse dorido.

Big estava a falar com George e Zack, conhecendo-se ainda melhor.

Byron estava sozinho, encostado a uma árvore, com uma pistola na mão.

Ben caminhou para junto dele:

— Ei, estás bem?

Não lhe respondeu. Byron estava com um aspeto horrivelmente assustador. O estado de doença havia avançado muito rápido.

— Byron?

— Cala-me... — murmurou ele.

— Hum?

— Cala-te — corrigiu o seu erro ortográfico — Já não estou a dizer coisa com coisa.

— Talvez devesses...

Byron interrompeu-o:

— Foda-se, Ben. Tu és tão estúpido.

— O quê?

Byron riu-se:

— Tu não entendes, pois não?

— Não entendo o quê? — Ben sentia-se demasiado confuso.

— Eu quero o teu sangue, Ben. Quero o sangue de todos vocês!

— Não te estou a entender, Byron... — balbuciou Ben.

— O meu filho Edward e a minha mulher Sandra estão doentes, Ben. Eu quero o teu sangue para curá-los! Odeio-te, filho da puta!

Ben afastou-se dele, devido à arma que Byron tinha na mão.

Todos os outros aproximaram-se deles para ver o que se passava — George, Zack, Aria, Jolly, Big e Peter.

O quartel-general estava desértico e apenas eles estavam no exterior.

— Odeio imunes! — gritou Byron, apontando a arma para Ben.

— Byron, tu tens de te acalmar! — disse Big com as mãos no ar.

— Sim, tem lá calminha! — disse Zack.

Byron começou-se a rir. Uma gargalhada diabólica que arrepiou Ben de cima a baixo.

— Eu nunca gostei de vocês. Estive a fingir ser vosso amigo este tempo todo para vos matar no final. Eu nunca, mas nunca gostei de imunes! Nunca!

— Mas... — começou Ben.

— Sabes, Ben — interrompeu Byron — A partir do momento em que tu me tinhas dito que tinhas descoberto a cura, fingi ser teu amigo, para chegar até aqui e pedir a formula à Jolly.

O coração de Ben pareceu ter parado por uns instantes.

— Eu nunca estive realmente doente, Ben. Tudo o que tu viste. O sangue escuro e a tosse, foi tudo a fingir. Eu recolhi o sangue de Lawrence, fingindo que era meu — deu outra gargalhada diabólica.

— Meu grande filho da puta — exclamou Big, avançando em direção a Byron.

Mas Byron, apontou a arma para ele e imediatamente, Big parou de andar.

— Vou matar os imunes um a um, para ser mais divertido — disse Byron — Vamos começar pelo que está mais calado.

Apontou a arma para Zack.

Premiu o gatilho.

Ben sentiu um aperto no estômago assim que a bala trespassou o peito do seu amigo.

Um grito estrangulado formou-se na garganta de Ben.

O corpo de Zack deu um safanão e caiu para o chão. Havia sangue à sua volta e os seus olhos ficaram revirados. Aria correu para junto de Zack e tentou reanimá-lo mas fora em vão. A vida já lhe havia fugido à força a partir do momento que o coração dele tinha sido perfurado pela bala.

Byron riu-se e dessa vez, apontou a arma para Aria.

Então algo aconteceu dentro de Ben. Começou nas profundezas do seu peito, sob a forma de uma pequena semente de raiva. De vingança. De ódio. Algo obscuro e terrível. Ele estava a tremer de nervosismo.

E depois, explodiu. Correu para a frente e atirou-se a Byron, mesmo a tempo de ele ter disparado a arma contra Aria. Agarrou-o com as suas mãos, como se fossem garras. Prendeu-o com os seus pés e imobilizou o corpo.

Começou, então, a esmurrá-lo no rosto. Algo no corpo de Ben havia explodido e agora parecia impossível de parar.

Pum, pum, pum, o seu punho cravava a face de Byron.

Havia sangue. Sentiu algo a partir-se. Pareceu ser o nariz ou algum osso que estava por ali algures.

Por fim, o corpo parou de se mover, mas ainda assim, Ben esmurrava-o com toda a sua força.

A raiva e o ódio dissiparam-se formando uma aura de alívio dentro de Ben, por o ter feito.

Byron fechou os seus olhos.

George aproximou-se do corpo, ao mesmo tempo que Ben se levantava e, boquiaberto, colocou os seus dedos no pescoço para sentir o seu ritmo cardíaco.

— Ben — começou ele —, tu mataste-o. Ele está morto. 

Tempestade Solar - Vírus Mortal #2Onde histórias criam vida. Descubra agora