CAPÍTULO VINTE E OITO

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Ele lembrava-se daquele sítio como a palma da sua mão.

Ele e os seus amigos passaram pela parte da floresta que estava queimada. Ainda havia destroços antigos do tal helicóptero que ele e Jolly haviam despenhado à um mês atrás.

Após percorrerem a floresta, viram o quartel-general. Haviam vários soldados atarefados de um lado para o outro e existiam helicópteros estacionados mesmo à frente dos edifícios do quartel.

Um soldado aproximou-se deles e começou a falar:

— Quem são vocês? — a sua voz era desprovida de emoção.

Big deu um passo à frente:

— Somos soldados — mentiu ele — e nós tínhamos uma base militar em França. Viemos de lá até aqui para recuperar algo que é nosso.

O soldado fitou Big durante uns vastos segundos, em seguida, retirou um Walkie-Talkie e falou para alguém:

— Temos aqui convidados, chefe. Por favor dirija-se ao exterior do quartel — voltou a colocá-lo no bolso e desviou o olhar para Big dizendo: — Aguardem um momento.

Afastou-se deles e voltou a fazer o que estava a fazer antes.

Ben queria falar com o chefe e pediu a Big se o poderia fazer. Era arriscado, mas Ben tinha um forte pressentimento em relação a isso.

Um homem musculado — não tanto como Big — aproximou-se deles.

— O que é que vocês querem?

— Vocês raptaram os nossos amigos! — Ben quase gritou — Onde é que eles estão? Porque é que o fizeram?

O homem pareceu sentir-se ofendido, mas depois riu-se:

— Calma, rapaz! Estás a falar de uma jovem chamada Jolly e dois rapazes, um chamado George e o outro Zack?

Ben acenou com a cabeça.

O homem riu-se às gargalhadas:

— Nós somos dos bons. Andámos este tempo todo à vossa procura! A Jolly pediu-me para o fazer.

Ben sentia-se confuso. Não entendia como é que ele poderia ser dos bons.

— Não estou a perceber... — murmurou Big.

— O meu irmão Lawrence andava a fazer coisas horríveis com os imunes... Matava-os e torturava-os... Mas eu consegui expulsá-lo e fiquei a tomar conta desta base militar. Nós estivemos a fazer buscas em todo o mundo para encontrar imunes para os ajudar, ou seja, salvá-los da EVO... No entanto, encontrámos a Jolly, o George e o Zack e trouxemo-los para aqui, apenas para ficarem em segurança. Depois, Jolly pediu-se para fazer uma busca pelos lados de Paris para vos encontrar — riu-se — mas pelos visto, vocês é que nos encontraram.

Ben estava perplexo. Não se conseguia mover, nem mesmo falar. Aquilo era demasiado para processar.

— Onde é que eles estão? — perguntou Aria, por fim.

— Estão lá dentro — fez uma pausa — a descansar — respondeu o homem.

Big começou a falar:

— Ora bem, tenho más notícias para lhe dar. O seu irmão, Lawrence, faleceu à dois dias atrás... Sinto muito.

— Já era de esperar... — o homem abanou a cabeça, cabisbaixo — bem, querem ver os vossos amigos?

Todos eles acenaram com a cabeça.

— Já agora, o meu nome é Peter — disse ele.

Ben e os seus amigos seguiram Peter, entrando no quartel-general.

Percorreram curvas e contracurvas de cada corredor do quartel-general, seguindo Peter. Todos eles estavam calados, à excessão de Peter que explicava o que se havia passado entre ele e o seu irmão Lawrence. Ben sabia — e tinha a certeza — que todos os seus amigos estavam escandalizados. Ninguém estava à espera que os seus antigos inimigos se tivessem tornado seus amigos. Ele estava ansioso por finalmente ver os seus amigos — Jolly, George e Zack. Depois de tanto tempo, sentia uma enorme saudades deles.

Além disso, ele queria abraçar Jolly, contudo, os remorsos estavam presentes em si por ter feito sexo com Aria enquanto namorava com Jolly. Porém, ele jurou que nunca lhe ia dizer o que se havia passado.

Ben afastou os seus pensamentos e concentrou-se na conversa.

— ...mas vocês tiveram sorte em nos ter encontrado, pois eu e os meus soldados íamos partir para o Alasca, amanhã — disse Peter.

— Porquê? — perguntou Byron com a sua respiração lenta e rouca.

— Estávamos a pensar irmos para uma pequena vila localizada no Alasca, chamada Inveree.

— Pensei que não haviam cidades habitadas neste novo mundo — murmurou Aria.

— E não há — disse ele —, mas esta cidade foi criada por alguns sobreviventes, para puderem viver em paz, longe do vírus.

Peter estendeu a sua mão para abrir uma porta e empurrou-a até ela se ter aberto.

Ben sentia o seu rosto a ferver assim que vê os seus velhos amigos no interior da sala.

Viu Jolly. A sua expressão pareceu desesperada. Mas os seus olhos iluminaram-se assim que viu Ben e ele sabia que os seus também. Ela correu em direção a ele e não revelou qualquer intenção de abrandar o passo. Ele abriu os seus braços e ela correu para eles. Ben fechou-os assim que ela se encontrava mergulhada no seu peito. Ele apertou-a e ela também o fez. Estava imenso a gostar — aliás, a adorar — de a sentir. Mas tudo mudou quando ela o beijou nos lábios.

Não sentia nada.

As saudades dissiparam-se e ele apenas a queria afastar de si.

Não a queria beijar. O seu coração já pertencia a Aria e ele não queria perdê-la.

— Ben...? — ouviu a voz tremida de Aria atrás de si.

Imediatamente, ele afasta-se de Jolly, reparando que a expressão dela muda.

— Desculpa... eu... — Ben tentou se justificar a Aria, mas não sabia o que dizer. Aquilo era uma traição e ele sentia-se frustrado.

Aria saí da sala a passos largos, contendo as lágrimas.

— O que se passa com ela? — perguntou Jolly.

As palavras começaram a sair da boca de Ben, como um conjunto de bombas a explodirem:

— Eu fiz sexo com ela. Ela pensava que eu não namorava contigo e agora, sente-se magoada.

— O quê?! — a expressão de Jolly torna-se sombria — Tu... traíste-me?

— Desculpa, eu... — Ben gaguejava.

— Sabes que mais? Nunca mais fales comigo. E... — fez uma pausa — eu jamais falarei contigo.

E depois, ela saiu do quarto.  

Tempestade Solar - Vírus Mortal #2Onde histórias criam vida. Descubra agora