CAPÍTULO VINTE E CINCO

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Ben estava perplexo. O que tinha acontecido fora, sem dúvida, muito rápido. O seu coração batia violentamente e o seu corpo estava dorido, quase cansado.

Lawrence estava a contorcer-se no chão. O sangue salpicava do local onde a bala havia perfurado, mas a vida já lhe havia abandonado o corpo. Imediatamente o corpo ficara imóvel; os olhos ficaram revirados, mostrando totalmente a esclera. Por fim, os olhos fecharam lentamente.

Aria colocou as suas mãos à frente da sua boca e afastou-se do corpo.

Big ficara estupefacto, mas continuando a fazer pressão no ferimento grave de Byron. Notava-se que ele estava inconsciente.

— Ajudem-me aqui! — pediu Big.

Aria correu para junto do corpo de Byron e ambos colocaram as suas mãos por baixo do corpo dele e levantaram-no levando-o novamente para a gruta.

Ben não se conseguia mover — os seus pés pareciam que estavam colados ao chão. Os pensamentos sombrios voltaram a instalar-se sob ele. Ele sentia os remorsos a corroer-lhe nas veias — ele não havia perdoado Lawrence, mesmo antes de morrer.

Ouviu Big a chamá-lo.

Os pensamentos dissiparam-se e ele correu em direção à gruta.

***

Ben e os seus amigos prepararam as suas mochilas para continuarem a caminhar em direção às montanhas. Pelos vistos, Lawrence havia dito a Big — quando estavam na gruta, na noite anterior —, que o caminho para o seu antigo quartel-general era apenas caminhar em direção a Oeste, ou seja, para as montanhas.

Byron já se sentia melhor — colocaram uma ligadura improvisada, usando pedaços de tecido de roupas, à volta do seu braço pois o osso estava fraturado e agora ele não o conseguia mover.

Estava calor. A roupa de Ben estava completamente ensopada e ele sentia-se cansado.

Big aproximou-se dele e interrompeu os seus pensamentos:

— Então miúdo, tudo bem?

Não lhe apetecia falar, mas respondeu:

— Já nem sei... As coisas na minha vida andam muito complicadas.

Big limpou a garganta:

— Eu sei, Benji, a tua vida não é propriamente fácil. Um adolescente da tua idade deveria estar sempre na boa vida — o homem brutamontes mostrou-lhe um sorriso.

Sim, Ben estava a precisar de um sorriso.

Big retirou o seu pequeno recipiente com Whisky e colocou na mão de Ben.

— Não deveria estar a fazer isto, mas bebe um pouco. Talvez te sintas melhor.

O rapaz retirou a tampa e bebeu pelo menos três golos. O álcool tinha um saber estranho que Ben nunca tinha saboreado no seu paladar. O líquido era fresco e quando escorregou pela sua garganta, sentiu-a refrescada. Ele semicerrou os seus olhos e franziu a testa pois o sabor era intenso e ele não estava habituado. Devolveu o Whisky a Big e agradeceu.

— Acredita no que eu te digo — disse Big — A vida é como uma balança. Acontecem coisas boas e coisas más. Uma mais prolongada que outra. Neste preciso momento, estão te a acontecer coisas más e isso significa que em breve irás ter coisas boas e a dobrar.

— Espero bem que tenhas razão — replicou Ben — Obrigado por tudo, Big. És um grande amigo!

Big esboçou um sorriso:

— És como o meu irmão. Proteger-te-ei para sempre. Custe o que custar. És muito importante para mim.

Ben sorriu:

— Obrigado.

— Bem, vamos lá continuar a andar. Temos de encontrar os teus amigos. Mal posso esperar para os conhecer.

Ben acenou com a cabeça e, de seguida, olhou para Byron e reparou que o rapaz mal conseguia andar. A sua respiração estava rouca e profunda, como um cão doente. Ben aproximou-se dele e perguntou:

— Estás bem, meu?

A respiração dele tornou-se ainda mais pesada, quase furiosa:

— Estou doente, Ben.

— Como assim? — perguntou Ben, embora que a resposta fosse por demais evidente.

— Estou me a tornar num Kerno — suspirou ele — E preciso que me mates para acabar com o meu sofrimento.  

Tempestade Solar - Vírus Mortal #2Onde histórias criam vida. Descubra agora