CAPÍTULO TREZE

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O impacto projetou Ben para trás, fazendo-o rodar até cair de cara para o chão. Ele virou-se e ficou deitado de costas, com a mão agarrada ao sítio onde tinha sido alvejado; tentou ganhar coragem para olhar para o ferimento, mas fora em vão.

Ben olhou para a algazarra entre os guardas e Aria. Através do canto do olho vira Aria a ser levada por eles.

O rapaz olhou finalmente para os estragos. O que viu fez o seu coração duplicar os batimentos. Um pequeno buraco na sua camisola revelava uma mancha de sangue a jorrar da ferida. Aquilo doía-lhe. Não só na ferida como também no corpo todo, como se fosse um formigueiro de dor que se espalhava nele.

Imediatamente, três médicos — ou pelo menos pareciam — correram em direção a ele.

— Vamos deixá-lo para o Dr. Byron — Ben não fazia ideia de quem falava.

— Sim, ele fica comigo — deveria ter sido esse tal Byron a responder.

«Desmaia», desejou ele, «Desmaia, Ben! Para isto passar».

Mãos agarraram-no por baixo do seu corpo, pegando-lhe pelas pernas. Doía-lhe ainda mais. Alguém disse qualquer coisa sobre contarem até três.

— Um, dois, três — gritaram os médicos.

Em seguida, o seu desejo de desmaiar realizou-se e a escuridão tragou todos os seus problemas.




Ele acordou.

A luz ofuscava-o; não conseguia abrir os seus olhos por completo. O seu corpo estava aos solavancos, com mãos a segurarem-lhe com firmeza. Não fazia ideia onde estava. Apenas vira que estava num corredor bastante iluminado.

O ombro dele doía-lhe; sangue salpicava da mesma. A dor dilacerava-o como uma série de explosões tóxicas e ele escapuliu-se novamente para a escuridão.




Ele abriu os olhos.

Dessa vez, ele vislumbrou uma luz menos intensa. Estava sentado numa maca que era bastante confortável — os lençóis eram macios.

Ben pestanejou os seus olhos.

Reparou que se encontrava numa sala de cirurgia. Havia produtos químicos em todas as prateleiras e armários.

Ele tentou-se levantar mas uma voz vinda do fundo da sala o fez parar:

— Não te movas, Ben. O teu ombro ainda não está bom o suficiente para te levantares.

Ben deu uma espécie de gemido devido às dores intensas do seu ombro e da sua cabeça. Ele ficara estupefacto pelo facto de aquele médico saber o seu nome.

— Como é que sabes o meu nome? — a sua voz estava rouca; apercebeu-se de que a sua garganta lhe doía imenso.

O médico sorriu; aproximou-se de Ben e retirou um pequeno objeto retangular do bolso da sua bata branca:

— Isto era o que tu tinhas implantado na tua medula. Sabes aquela tatuagem que tens no pescoço? Este chip estava nesse sítio. Este pequeno chip de dados serve para saberem que és propriedade privada da EVO — o médico fez uma pausa para recuperar o fôlego — Eu analisei-o e concluí que o teu nome é Ben. Reparei que isto é um Localizador, ou seja, a EVO consegue te localizar.

Ben coçou a cabeça; aquilo era demasiado para processar.

— Tu foste alvejado — continuou ele —, por um dos nossos soldados. Eles foram um bocado... precipitados com os intrusos. Mas vocês atacaram outros soldados portanto...

Ben esboçou um esgar. Sentia-se confuso com aquilo tudo que o médico dizia.

— O meu nome é Byron. Tiveste muita sorte em que a bala entrou e saiu. Ela passou mesmo ao lado do teu coração.

Ben encostou-se à almofada e gemeu, devido à dor:

— Onde está a Aria? — Ben mudou de assunto imediatamente.

— Ela está descansar na outra sala — replicou Byron — Ela está exausta. Não te preocupes, ela está bem.

Ben suspirou e recompôs-se na almofada.

— Agora volta a dormir. Vou te dar uma outra anestesia. O teu ombro precisa de ser melhorado.

O rapaz acenou com a cabeça e fechou os olhos. Sentiu uma agulha afiada a ser penetrada no seu braço. Por incrível que pareça, não lhe doeu nada pois a dor que sentia no seu ombro substituía qualquer outra.

Com a neblina dos medicamentos, Ben entrou novamente na escuridão, tragando todos os seus pensamentos.




Um conjunto de sons o fez acordar. Ele pestanejou os olhos e ouviu a porta da sala de cirurgia a abrir de rompante.

Era Byron. Ofegante e com uma expressão difícil de decifrar. Era um conjunto de tristeza e medo.

— Ainda bem que acordaste.

— O que se passa? — murmurou Ben

— A EVO — suspirou Byron — A EVO vai levar a tua amiga Aria. 

Tempestade Solar - Vírus Mortal #2Onde histórias criam vida. Descubra agora