Capitulo 1

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Quando a porta da lanchonete se abre, sou tomada pelo aroma inconfundível do café e o cheiro de pães doces que predominam no local.

- Amelie! Se aproxime, querida. O que vai ser hoje? - Chloe pergunta lançando-me um sorriso caloroso.

Me aproximo, retribuíndo seu sorriso.
- O de sempre - Respondo, enquanto observo a agilidade com que ela prepara meu expresso e o entrega junto com meu sonho de creme.

Chego na livraria onde trabalho no horário de costume; 8:00. Dou à meu chefe um sorriso de canto e me preparo para sair com minha bicicleta.

Coloco os livros em minha mala e recebo de bom grado a brisa em meu rosto, que faz com que meus cabelos castanhos balancem.

Após 3 horas e de ter vendido quase todos os livros, volto à livraria e conto o valor recebido. Faço o caminho de volta para casa até me deparar com o estabelecimento à minha frente.

Calafrios percorrem minha pele, lembranças sobre este lugar me atingem. O orfanato. O lugar onde cresci ainda continua o mesmo; As portas de madeira continua intactas assim como o azul nas paredes, que se renovava ano após ano.

Há dois anos, fugi do ambiente que a tanto tempo chamava de casa. Só que após a descoberta que fiz aos 16 anos, chamar esse lugar de lar já não fazia mais sentido.

Qualquer pessoa ao fazer a mesma descoberta que eu, enloqueceria. Eu tomei uma decisão. Decisão esta que iria mudar todos os meus planos, mas precisava ser feito.

Eu tinha informações suficientes após os anos que se passaram. Meus pais se chamavam Adeline e Maurice Beaumont e atualmente moram na França. Em toda a minha vida, meu nome foi Amelie Charmont. Era surreal que até o detalhe mais simples de minha vida fora mudado.

Eu havia passado noites em claro pensando em quais seriam as possibilidades de tudo isso dar certo. Será que eles me aceitariam? E se me aceitassem, eu me adaptaria à vida que eles levavam?

Mas a grande pergunta ainda maior e mais significativa que pairava em minha mente era: Se me aceitassem, eu conviveria com eles definitivamente, com suas regras e tudo o mais?

Eu estaria pronta para abrir mão de absolutamente tudo que tinha e que havia conquistado com tanto esforço? Abandonaria Chloe, a única pessoa que realmente esteve ao meu lado esse tempo todo?

Não, eu não poderia.

Chloe era meu porto seguro, era quem eu procurava quando tudo dava errado, nada do que eu fizesse compensaria o quanto já me ajudou e o quanto está sendo meu alicerce no meio de toda esta decisão.

Eu temia o que aconteceria caso realmente fosse embora, mas também tinha certeza de que era o certo a ser feito. Eu viajaria e confrontaria as pessoas que deveriam ter estado presentes em minha vida. Por que não me quiseram? Seja lá qual for a resposta para essa pergunta, não justificaria tudo pelo que passei sozinha.

Tive que amadurecer muito cedo para conseguir sobreviver por minha conta, Chloe sempre reclamava que eu não aceitava ajuda financeira de ninguém, mas tudo fora calculado. Queria me estabelecer por minha conta e cobrar isso de meus supostos pais quando chegasse a hora. Eu me manteria forte, sem esmorecer 1 segundo sequer, já havia chorado demais e estava cansada.

Eu iria até lá; Vou encontrá-los.

Eu precisava de repostas.

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