A viagem seguiu tranquilamente, como imaginado. Já era noite e por conta disso as estradas estavam vazias, o que era um bônus, pois fazia com que nós evitássemos trânsito. Com o passar das horas, comemos, conversamos e cantamos algumas músicas que tocavam no rádio, e logo, já era minha vez de dirigir.
Jordan se acomoda no banco ao meu lado, e então Bird set free, da Sia, preenche o carro.
- Gosta da música?
- Sim - Digo, e dou um sorriso.
- And I don't care if I sing off key
I find myself in my melodies
I sing for love, I sing for me I'll shout it out like a bird set free
No I don't care if I sing off key
I find myself in my melodies
I sing for love, I sing for me
I'll shout it out like a bird set free
I'll shout it out like a bird set free
I'll shout it out like a bird set free - Cantamos juntos, sorrindo um para o outro.Quando a música termina, ele pergunta:
- E você gosta de divergente, estou certo?
- Sim, e aparentemente você também.
- Não, só gosto da Sia mesmo.
- Escolhe a próxima, eu deixo - Digo, enquanto I'm a mess do Ed Sheeran preenche o carro.
- Boa escolha.
Quando os primeiros raios de sol começam a aparecer, acordo Jordan e paramos em um posto qalquer para abastecer a gasolina e ir ao banheiro e quando voltamos, era a vez dele de conduzir.
- Para onde estamos indo? Você realmente não vai me dizer? - Pergunto, e observo sua expressão mudar.
- Bélgica - Ele diz.
- Agora entendo o porquê e passarmos 2 dias dirigindo.
- Já passamos por boa parte do caminho, acredite ou não.
- Jordan? - Ele olha em minha direção e passa as mãos pelos cabelos.
- Sim?
- Você acha que somos amigos mesmo?
- Bom, podemos criar um laço de amigos, o que acha? - Ele ergue a sobrancelha e me encara esperando uma resposta.
- Sim, claro.
-E como seu amigo, posso sugerir que a gente tenha uma refeição decente hoje, pelo menos no almoço, o que acha? Tem um restaurante a 1 quadra daqui.
- Certo - Digo, enquanto dou risada.
Ele estaciona o carro e andamos por poucos minutos até encontrar um restaurante de beira de estrada chamado "Raio de sol".
- O nome é meio engraçado, você não acha? - Digo, olhando para o restaurante à nossa frente.
- O quê? Ah, claro - Ele diz e sorri - Vamos entrar, está enchendo.
Ao entrar, vou na frente e procuro um lugar mais afastado da multidão que se concentra nas mesas perto da entrada e me sento, com Jordan vindo logo em seguida.
- O quê você tem com lugares afastados em restaurantes? Não gosta de se misturar? - Ele pergunta, sorrindo.
- Eu prefiro os lugares afastados e não gosto de me misturar - Digo, na tentativa de me defender e mostro a língua para ele, o que só o faz rir mais.
- Quem é você? Digamos, realmente. Até agora, eu sou a única falando sobre minha vida, me fala de você - Peco, enquanto dou um gole em meu suco de abacaxi com hortelã e corto um pedaço da parmegiana em meu prato.
- Não tem muito o que saber sobre mim. Meu nome é Jordan Mills, tenho 23 anos, sou formado em química e trabalhava em um laboratório bastante conceituado enquanto fazia intercâmbio na Inglaterra. Agora que o acordo com meu pai acabou eu tive que voltar e cumprir o que prometi.
- E o que você prometeu exatamente?
- Já falei sobre isso com você - Ele ri.
- Quero detalhes - Digo.
- Meu pai nunca apoiou minha decisão de fazer química, ele sempre disse que eu parecia um bobo de jaleco observando poções químicas e suas reações umas com as outras. Mas o que ele não entende é que isso é realmente o que eu sonho em fazer desde que estava na escola. Ele sempre acreditou que eu seguiria seus passos e fizesse o mesmo que ele. Mas como posso me interessar por algo que nem sequer entendo direito? Quer dizer, é óbvio, ele é militar como restante da minha família foi. Mas tem algo a mais, entende? Ele esconde alguma coisa.
- Você nunca descobriu mesmo o que seu pai faz que é tão secreto assim?
- Não. Por isso aceitei de tão boa vontade vir com você. Assim como eu, também tem dúvidas sobre a relação conturbada de nossos pais. E sempre tive a sensação de que tem algo a ver com o que ele faz.
- Quando aos 16 anos finalmente o encarei e disse o que queria fazer, pude ter certeza de ver o seu mundo desabar. Eu tive uma criação rígida, sem muito afeto, ele dizia que pensar emocionalmente nas questões pessoais, trabalhistas e qualquer outro tipo não era certo. Que a razão deveria prevalecer. Sempre, em todas as áreas da minha vida. Agora estou fazendo de tudo para provar que tive minhas conquistas sem a ajuda dele e fazendo o que eu quero e gosto.
- Ele parece ser... - Começo, mas sou interrompida por ele.
- Frio, calculista e arrogante? Sim, pode dizer, essa é a impressão que ele passa para todos.
- Então, tudo bem. Me sinto menos culpada por ter pensado nisso. - Dou um sorriso fraco.
- Acho que já está na hora de voltarmos à estrada - Ele diz, já se levantando e estendendo a mão para mim - Você vem?
- Sim - Dou a mão para ele e desfaço o contato enquanto caminhamos para o caixa, pagamos o almoço e saímos.
- Sua vez - Ele diz.
Assumo o volante e escolho Eu amei te ver do Tiago Iorc enquanto dirigia pela estrada e avisto a placa de "Bem vindo à Bélgica" logo em frente.
- JORDAN - Digo, mais ansiosa do que nunca.
- Nós... - Ele diz e percebo a surpresa em seu rosto enquanto sua ficha vai caindo e ele percebe que chegamos ao lugar em que tanto falamos.
- Não vou voltar tão cedo, mas vou voltar porquê eu amei te ver.... - Ele cantarola e eu abro um sorriso. Estou aqui, depois de tantos anos, eu estou aqui.
Paro o carro e ele me dá um abraço apertado.
- Você conseguiu, Amelie! - Ele diz e a ansiedade é perceptível em seu rosto também.
- Obrigada, de verdade. - Digo, enquanto desfaço o abraço.
- Vamos encontrá-los, preparada?
- Sim.
Ao dizer isso, sou recebida pela cidade onde sempre deveria ter sido meu lar.
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Escolhas Francesas
RomanceA vida de Amelie não foi facil. Viveu toda a sua vida em um orfanato e só aos 16 anos após uma chocante descoberta, fugiu para se estabelecer por conta própria e cumprir a promessa que havia feito para si mesma: Encontrar seus pais. Agora com 18 ano...