Capítulo 5

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A viagem seguiu tranquilamente, como imaginado. Já era noite e por conta disso as estradas estavam vazias, o que era um bônus, pois fazia com que nós evitássemos trânsito. Com o passar das horas, comemos, conversamos e cantamos algumas músicas que tocavam no rádio, e logo, já era minha vez de dirigir.

Jordan se acomoda no banco ao meu lado, e então Bird set free, da Sia, preenche o carro.

- Gosta da música?

- Sim - Digo, e dou um sorriso.

- And I don't care if I sing off key
I find myself in my melodies
I sing for love, I sing for me I'll shout it out like a bird set free
No I don't care if I sing off key
I find myself in my melodies
I sing for love, I sing for me
I'll shout it out like a bird set free
I'll shout it out like a bird set free
I'll shout it out like a bird set free - Cantamos juntos, sorrindo um para o outro.

Quando a música termina, ele pergunta:

- E você gosta de divergente, estou certo?

- Sim, e aparentemente você também.

- Não, só gosto da Sia mesmo.

- Escolhe a próxima, eu deixo - Digo, enquanto I'm a mess do Ed Sheeran preenche o carro.

- Boa escolha.

Quando os primeiros raios de sol começam a aparecer, acordo Jordan e paramos em um posto qalquer para abastecer a gasolina e ir ao banheiro e quando voltamos, era a vez dele de conduzir.

- Para onde estamos indo? Você realmente não vai me dizer? - Pergunto, e observo sua expressão mudar.

- Bélgica - Ele diz.

- Agora entendo o porquê e passarmos 2 dias dirigindo.

- Já passamos por boa parte do caminho, acredite ou não.

- Jordan? - Ele olha em minha direção e passa as mãos pelos cabelos.

- Sim?

- Você acha que somos amigos mesmo?

- Bom, podemos criar um laço de amigos, o que acha? - Ele ergue a sobrancelha e me encara esperando uma resposta.

- Sim, claro.

-E como seu amigo, posso sugerir que a gente tenha uma refeição decente hoje, pelo menos no almoço, o que acha? Tem um restaurante a 1 quadra daqui.

- Certo - Digo, enquanto dou risada.

Ele estaciona o carro e andamos por poucos minutos até encontrar um restaurante de beira de estrada chamado "Raio de sol".

- O nome é meio engraçado, você não acha? - Digo, olhando para o restaurante à nossa frente.

- O quê? Ah, claro - Ele diz e sorri - Vamos entrar, está enchendo.

Ao entrar, vou na frente e procuro um lugar mais afastado da multidão que se concentra nas mesas perto da entrada e me sento, com Jordan vindo logo em seguida.

- O quê você tem com lugares afastados em restaurantes? Não gosta de se misturar? - Ele pergunta, sorrindo.

- Eu prefiro os lugares afastados e não gosto de me misturar - Digo, na tentativa de me defender e mostro a língua para ele, o que só o faz rir mais.

- Quem é você? Digamos, realmente. Até agora, eu sou a única falando sobre minha vida, me fala de você - Peco, enquanto dou um gole em meu suco de abacaxi com hortelã e corto um pedaço da parmegiana em meu prato.

- Não tem muito o que saber sobre mim. Meu nome é Jordan Mills, tenho 23 anos, sou formado em química e trabalhava em um laboratório bastante conceituado enquanto fazia intercâmbio na Inglaterra. Agora que o acordo com meu pai acabou eu tive que voltar e cumprir o que prometi.

- E o que você prometeu exatamente?

- Já falei sobre isso com você - Ele ri.

- Quero detalhes - Digo.

- Meu pai nunca apoiou minha decisão de fazer química, ele sempre disse que eu parecia um bobo de jaleco observando poções químicas e suas reações umas com as outras. Mas o que ele não entende é que isso é realmente o que eu sonho em fazer desde que estava na escola. Ele sempre acreditou que eu seguiria seus passos e fizesse o mesmo que ele. Mas como posso me interessar por algo que nem sequer entendo direito? Quer dizer, é óbvio, ele é militar como restante da minha família foi. Mas tem algo a mais, entende? Ele esconde alguma coisa.

- Você nunca descobriu mesmo o que seu pai faz que é tão secreto assim?

- Não. Por isso aceitei de tão boa vontade vir com você. Assim como eu, também tem dúvidas sobre a relação conturbada de nossos pais. E sempre tive a sensação de que tem algo a ver com o que ele faz.

- Quando aos 16 anos finalmente o encarei e disse o que queria fazer, pude ter certeza de ver o seu mundo desabar. Eu tive uma criação rígida, sem muito afeto, ele dizia que pensar emocionalmente nas questões pessoais, trabalhistas e qualquer outro tipo não era certo. Que a razão deveria prevalecer. Sempre, em todas as áreas da minha vida. Agora estou fazendo de tudo para provar que tive minhas conquistas sem a ajuda dele e fazendo o que eu quero e gosto.

- Ele parece ser... - Começo, mas sou interrompida por ele.

- Frio, calculista e arrogante? Sim, pode dizer, essa é a impressão que ele passa para todos.

- Então, tudo bem. Me sinto menos culpada por ter pensado nisso. - Dou um sorriso fraco.

- Acho que já está na hora de voltarmos à estrada - Ele diz, já se levantando e estendendo a mão para mim - Você vem?

- Sim - Dou a mão para ele e desfaço o contato enquanto caminhamos para o caixa, pagamos o almoço e saímos.

- Sua vez - Ele diz.

Assumo o volante e escolho Eu amei te ver do Tiago Iorc enquanto dirigia pela estrada e avisto a placa de "Bem vindo à Bélgica" logo em frente.

- JORDAN - Digo, mais ansiosa do que nunca.

- Nós... - Ele diz e percebo a surpresa em seu rosto enquanto sua ficha vai caindo e ele percebe que chegamos ao lugar em que tanto falamos.

- Não vou voltar tão cedo, mas vou voltar porquê eu amei te ver.... - Ele cantarola e eu abro um sorriso. Estou aqui, depois de tantos anos, eu estou aqui.

Paro o carro e ele me dá um abraço apertado.

- Você conseguiu, Amelie! - Ele diz e a ansiedade é perceptível em seu rosto também.

- Obrigada, de verdade. - Digo, enquanto desfaço o abraço.

- Vamos encontrá-los, preparada?

- Sim.

Ao dizer isso, sou recebida pela cidade onde sempre deveria ter sido meu lar.

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