Capítulo 6

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Antes de estacionarmos, paramos pela última vez no posto de gasolina mais próximo, eu queria estar apresentável para começar a nova vida que me aguardava.

- Nervosa? - Jordan chama minha atenção quando saio do banheiro. Ele segura em suas mãos mais pacotes de salgadinhos, sanduíches e uns doces, que ele disse que aproveitou para comprar, já que os nossos acabaram.

- Nem um pouco. EU SÓ VOU ENCARAR MEUS PAIS, QUE ALIÁS NUNCA VI NA VIDA, ENTÃO ACREDITE QUANDO DIGO QUE ESTOU SUPER CALMA - falo, com a voz alterada, o que atraí os olhares de algumas pessoas que já rondavam o local.

- Relaxa, srta. B - Ele diz e me dá um leve empurrão enquanto pergunto o que ele quis dizer com "senhorita b"

- o quê você quis dizer com isso? - Digo, enquanto dou risada

- B de Beaumont, não é óbvio? Seus pais não tem esse sobrenome?

Ao ouvir isso, meu corpo se retrai e perco o sorriso. Não sei ainda se quero ou pior, se devo, ou posso confiar neles a ponto de mudar realmente meu sobrenome. Ele sempre será Charmont. Um dia, talvez, eu considere mudá-lo, isso vai depender da conversa que terei com os dois.

- Pode ser, mas não quero ser chamada assim, pelo menos não agora, é tudo muito recente.

- Entendo. Tudo bem, então. Vamos, eu tenho uma casa aqui. Isso se deve ao fato de o meu pai ter sido designado pra cá várias vezes, então ele comprou a casa e a deixou no meu nome - Ele diz, enquanto entramos no carro e ele dá partida. E posso dizer que vi um brilho em seu olhar ao poder dizer que seu pai confiava nele o suficiente para deixar uma casa em seu nome, já que segundo seu pai, ele foi seu maior desgosto, já que não seguiu o que "era" certo para ele.

- O quê? Dá para perceber que fico feliz só com o fato de ele ter ao menos deixado alguma coisa comigo? Bobo isso, não é?

Chego mais perto e coloco minha mão em sua bochecha.

- Não, não é bobo. Quer dizer, olha só pra mim. Estou aqui, num lugar desconhecido, onde não conheço ninguém e não sei se as coisas darão certo. Não sei como eles são, ao menos tenho sequer uma foto da aparência dos dois. Então, você, Jordan Mills, não tem direito de se sentir assim. Eu estou com você, assim como você também está comigo, ou estou errada? - Encaro seus olhos verdes profundos. Que olhos hipinotizantes. Ah meu Deus...

- Tem razão, sei que não tenho. Não tenho direito aliás de tentar comparar nossas situações. É você que está precisando de ajuda no momento. As vezes, por incrível que pareça, você faz com que eu me esqueça. Porque bem, você é tão forte, corajosa e independente, que não acredito que precise mesmo de seus pais. Mas você precisa ao menos saber o que aconteceu.

- Eu preciso realmente. Obrigada mesmo. Você tem sido um ótimo amigo, tenha certeza disso.

Ele sorri para mim e pouco tempo depois para em frente à uma grande e bonita casa, devo admitir. O caminho que leva até lá é marcado por uma trilha de pedras, ladeadas por grama sintética e para minha surpresa, lírios brancos, minhas flores favoritas, tomam o local, e exalam um perfume adocicado maravilhoso. À minha frente está a casa mais luxuosa que já vi. Ela é trabalhada em madeira, acompanhada de portas duplas e vejo a parte de cima, realmente deslumbrante.

- Gostou? - Ele pergunta, enquanto fica observando meu encanto com a mansão a minha frente.

- É simplesmente incrível, Jordan. Estou sem palavras. - Digo, e ele finalmente estaciona o carro e descemos do veículo.

- E o que foi isso, então? - Ele diz, enquanto se afasta do meu toque e ao entender o que ele disse, começo a bater nele, dando risada, o que ele também faz.

- Não tem graça - Digo, ainda rindo.

- E porque você está... - Faço uma cara que não deve estar nada boa, já que ele parou no meio da frase e riu ainda mais.

- TÁ BOM, TÁ BOM!! NÃO ESTÁ MAIS AQUI QUEM FALOU - Ele diz, enquanto tenta se defender quando tento bater nele. Isso mesmo, tento. Me desequilibro quando levanto a mão mais uma vez e ele consegue me segurar a tempo.

Jordan me encara com seus olhos verdes penetrantes e me segura com seus braços fortes enquanto sinto o calor de seu corpo e sua respiração ficando cada vez mais rápida. Ele acaba com o transe mútuo entre nós e me firma no chão, e mais uma vez sinto a firmeza de seus braços sob meu corpo.

- Você está bem? - Ele diz, com sua voz grossa de quando demonstra seriedade e preocupação.

Limpo a garganta e encontro minha voz.

- S-sim - Digo, em um sussurro.

- Vamos entrar - Ele diz, já pegando as malas e levando lá para dentro, sem esperar minha resposta.

Tento acalmar meu corpo e meus pensamentos após a cena aqui fora antes de entrar e encará-lo para ter qualquer tipo de conversa. O que aconteceu aqui?

Sigo para a casa já imaginando a luxúria por dentro de tudo e concluo que estou certa. É impressionante o quão claro esse espaço é. Lá ao fundo, posso ver uma janela que vai do teto ao chão, possibilitando a melhor vista ao qual já tive acesso. Ao lado direito, encontro uma lareira, que está perto de uma poltrona em cor vinho. Uma tv de tela plana ocupada o espaço acima da lareira e avisto a cozinha americana, digna de um chefe de cozinha.

- Não achei que pudesse melhorar - As palavras escapam como um sussurro de minha boca.

- Tudo pode ficar melhor - Ele diz e posso perceber um toque de malícia em sua voz, o que não entendo.

- Vem, vamos nos instalar. Essa casa tem 4 quartos a disposição. Você pode escolher qual for do seu agrado.

Nós subimos e após olhar em todos, sou laçada por um em cores vinho e preto, simples por dentro, mas isso dá exatamente o toque de elegância que estava procurando.

- É esse aqui - Digo, e Jordan se aproxima para checar o que escolhi.

- Foi por causa deste quarto que pedi para que meu pai comprasse a casa. Ele é lindo. Boa escolha, Amelie. Desfaça suas malas. Ou, se preferir, podemos comer antes. Tenho uma lista telefônica na cozinha, podemos pedir pizza ou fast food. Ou os dois - Ele diz sorrindo, o que retribuo.

- Por que não? - Descemos e pedimos os lanches.

Pouco tempo depois, nossas encomendas chegam e começamos a comer.

- Vamos dormir. Amanhã será um longo dia - Ele diz, enquanto se levanta e me dá um beijo no rosto enquanto subimos as escadas.

- Boa noite, Jordan - Digo

- Boa noite, Amelie - Entro em meu quarto e apago as luzes, fecho meus olhos e enquanto tento esquecer por um momento o futuro incerto que me aguarda, sou tomada pela inconsciência.

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