Capítulo 26

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"Ontem é história, e o amanhã é um mistério"

- Mirrors ( Justin Timberlake)

- Amelie! - Minha voz saiu trêmula e corri até ela, deixando meu rosto junto ao seu. Ela não está cem por cento inconsciente, então preciso tentar fazer com que ela me escute e entenda que, apesar de tudo, eu a amo.

- Amelie... Por Deus... Não! - Grito desesperado e abraço seu corpo, lágrimas grossas inundam meu rosto. O sangue dela verte pelo local, e isso me preocupa.

- Meu amor, não! É tudo minha culpa, tudo... - Deixo um soluço escapar e beijo sua testa.

Ouço murmúrios ao meu redor, mas já não sei mais distinguir realidade de fantasia. Eu queria estar no lugar dela, queria acordar daquilo tudo, como se fosse um sonho ruim.

- Você vai ficar bem... Nós vamos ficar bem. Não vou mais te deixar sozinha. É uma promessa - Sussuro, deixando que que as lágrimas desçam cada vez mais frequentes por meu rosto.

~ ♥ ~

- Onde está ela? - A voz desesperada de Chloe preencha o silêncio em meus ouvidos, mas não levanto a cabeça. Tenho ficado assim desde que entrei nesse hospital, a deriva, sem expressão e sem saber como me sentir em relação a tudo que aconteceu. Foi tudo tão de repente. O sequestro, todas as revelações, Matt batendo em Amelie enquanto eu assistia sem fazer nada. E, por fim, o tiro. O barulho ecoa na minha cabeça até agora, sinto uma culpa imensa tomar conta de mim. Eu não a ajudei. Eu a enganei. Eu não era bom para ela. Nunca seria. Eu tinha um lado obscuro, afinal de contas. Todos tinham. E o meu estava se mostrando pior do que eu julgava ser. Amelie não merece alguém assim, nunca mereceu. Senti que ela era diferente no momento em que coloquei os olhos nela, quando a ajudei a alguns meses atrás. Agora ela estava aqui, entre a vida e a morte, por um erro meu.

Tudo o que eu mais desejo agora, é que ela volte pra mim.

Mas..

Sinto não poder estar aqui quando ela acordar, se acordar.

Não posso fazer isso com ela, é demais pra mim.

Ignoro a voz chorosa de Chloe até o último minuto e vou até a saída.

Desculpe, Raio de sol. Tudo isso é para você.

Sinto o vento frio em meu rosto, mas não ligo. Não ligo para mais nada. Entro em meu carro e dou partida.

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Jordan sabia que era a melhor decisão a se tomar. Sabia mesmo. Seria difícil ficar ali e encarar Amelie, deitada sobre aquela cama de hospital, por causa dos erros e enganacões dele. Dirigiu por horas, sem rumo certo. Só queria se afastar e pensar na confusão que havia criado. Lembrava muito bem do dia em que conheceu Amelie, há alguns meses. Tanta coisa havia mudado. Hoje, ele entende que quando olhou nos olhos dela, já estava se apaixonando. Quando ele perguntou seu nome e depois se levantava com suas sacolas de roupa, algo nele dizia que ela valia a pena, que ela precisaria de alguém ao seu lado. E, quando, por fim descobriu todo o plano e as motivações que ela tinha, decidiu que sempre ia fazê-la sorrir e se sentir feliz, apesar de tudo.

Porque ali ele já a amava.

Então, como uma pessoa que amava tanto a outra poderia ser capaz de machucá-la, mesmo sem intenção? Como alguém poderia compactuar com algo tão sujo e sem moral só para proteger a pessoa que ama? Mas, Jordan sabia que iria até o fim do mundo para garantir a segurança de Amelie, então envolvê-la em toda a confusão correndo o risco de perdê-la, isso ele não poderia ter aceitado nunca.

Amelie era forte, determinada e a pessoa mais corajosa que ele já havia conhecido.

Sua mente estava confusa, atordoada com todos os pensamentos ruins sobre tudo.

Voltar para casa foi estranho. Aquele lugar já não era mais seu, e Jordan sabia disso. Talvez, se ficasse longe por um tempo, as coisas voltariam para o lugar e ele poderia ter Amelie de novo. Claro que existia o risco de que ela encontrasse outro cara, mas não seria egoísta. Martha, uma senhora que há anos trabalhava para a família de Jordan, estava na cozinha, preparando o jantar.

- Meu menino, você está péssimo! Há quanto tempo não dorme e come alguma coisa? - Martha via em Jordan o filho mais velho que perdeu em um acidente trágico de carro. Eles tinham o mesmo olhar, a mesma essência.

Jordan, que segurarava a angústia por tanto tempo dentro do peito, liberou tudo em forma de lágrimas, indo em direção aquela senhorinha que sempre estava ali, ao lado dele, desde o seu nascimento. Ela não fez pergunta alguma, o que, para ele, foi bom. Talvez, se voltasse para a Inglaterra e ficasse um tempo por lá, tudo se resolveria. Ele amava Amelie, amava muito. Mas não era disso que ela precisava agora, embora não fosse fácil para ele admitir.

Mas, sabia que não iria sem tentar convencê-la uma última vez dos sentimentos que o sufocavam, de tão fortes que eram. O pai não o aprovaria, estava agindo sempre pela emoção ultimamente. Mas quem disse que o pai o controlava mais?

Sem pensar duas vezes, ele pega as chaves do carro em cima do balcão da cozinha e sai.

Quem diria que pequenas atitudes poderiam fazer com que aquela simples frase de três palavras e sete letras de repente se esvaisse? Ele não deixaria isso acontecer.

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Até o próximo capitulo 😘

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