A Vida De Uma Morta-Vivente

Capítulo 8

- Então...? - Ele perguntou ansioso.
- Você é... Humano.
- Eu sabia! - Ele se gabou. - Porquê tá com essa cara?
- To pensando como você não foi atingido pela radiação. Já que estamos mesmo no topo da montanha.
- A cave!
- Cave?
- Sim, era onde eles faziam as pesquisas mais importantes. Meu pai estava trabalhando para o Governo Americano por isso nos colocaram aqui. É lá também onde estão as câmaras refrigeradoras.
- Primeiro, são câmaras criogenicas. Segundo, vamos logo!

Descemos uma longa escada e depois pegamos um elevador, Zack apertou no último botão com as iniciais ZT.
- O que significa ZT?
- Zero Tecnology. - Ele disse sério e sem olhar pra mim.

Ele parecia nervoso, eu não sabia o que fazer para diminuir a tensão que estava no elevador.
Encarei a porta de metal do elevador até ela abrir e mostrar uma porta metálica com as letras ZT gravadas.

Zack puxou, empurrou, bateu na porta mas ela não abria de jeito nenhum.

Reparei na porta cuidadosamente e notei uma câmera na parte superior da porta.
Mostrei para Zack.
De repente a lente que parecia verde escuro, se tornou vermelha.

- Identificação. - Ouvimos uma voz robótica dizer.
- Zack Twilight.
- Identificação ocular.
Zack olhou pra mim confuso.
- Mostre seu olho pra ele. - Sussurrei enquanto fazia gestos.

Zack aproximou seu olho direito e a máquina analisou passando uma espécie de laser no olho dele.
- Identificação ocular terminada. Entrada concebida.

Ouvimos um destrancar e a porta abriu.

O Cave estava pior que o andar de cima, tinha sangue espalhado por todas as paredes e no chão, vidro quebrado, cheirava a mufo.

Andamos por lá com cuidado.

Pisei um caco de vidro e gritei alto.
- Triny o que se passa...? - Zack interrompeu a própria fala quando viu a razão do meu grito.

Eu não gritei porque havia pisado um caco de vidro. Gritei porque tinha encontrado um cadáver encostado a parede, quer dizer, grudado a parede.
Com a boca aberta, os braços esticados e cara desfigurada.

Zack se aproximou do corpo com medo.
- Albert Hall. - Ele leu a plaquinho que estava no jaleco. - Era um amigo da Família.
- Lamento imenso Zack. Tudo isso é culpa minha. Melhor a gente ir embora e... - Zack me interrompeu.
- Triny pára, eu preciso aprender a superar as mortes que me rodeiam. Se não, nunca poderei te proteger de verdade.

De novo aquela sensação estranha dentro de mim, coloquei a mão sobre meu peito e senti ele quente.

Zack estava passando por cada câmara criogenica e limpando a poeira tentando encontrar alguém que ele conhecia, vivo.

Admirei sua força e esperança, não apenas admirava como também a invejava.

- Triny vem aqui! - Ele gritou me tirando do transe.
Fui até ele.
- Fui aqui que eu acordei.
O vidro estava partido, explica como o Zack conseguiu sair.
Olhei na plaquinha branca e estava escrito Zack Twilight.
- A gente só precisa encontrar as câmaras criogenicas dos meus pais e da minha irmã. - Ele disse esperançoso.

Continuamos procurando por outras câmaras.
Encontrei a câmara com o nome da Charlotte mas o vidro esta intacto. Encontrei o da Soraya e estava igual ao de Charlotte, intacto. Era como se elas nem sequer tivessem entrado em suas câmaras criogenicas.

- Triny!
Ouvi Zack gritar, fui até ele.

A câmara que ele estava encarando era de Adam Fears, ou seja, seu pai.

O vidro estava quebrado igual a câmara de Zack, o que significava que ele esteve dentro da câmara e que saiu antes ou depois do Zack.

Vi os olhos de Zack marejados, não de tristeza mas de alegria. Haviam probabilidades de que seu pai estivesse vivo.

Mas precisava contar sobre o que vi nas câmaras de Charlotte e da Soraya.

- Zack...
Calei quando algo agarrou meu pé e dei um grito alto.
- Triny o que se...? - Zack calou quando viu o que estava agarrando meu pé. - Albert?

Albert vivo, ou acordado, com aquele rosto totalmente deformado só significava uma coisa.

- Zack... - Zack deixou de olhar para Albert e olhou pra mim. - Esse não é o Albert que você conhecia. - O semblante alegre dele mudou para triste. - Ele é um Akne.

Tentei correr mas não consegui, as garras do Albert estavam prestes a entrar na minha perna. Comecei a pular tentando afastar Albert, não queria machuca-lo porque ele outrora já foi alguém importante para o Zack.

Zack estava perplexo, paralisado, sem reacção alguma.

Tropecei e acabei caindo, facilitando Albert me devorar.

- Zack socorro! - Gritei.

Zack apenas olhou para mim.

Me arrastei no chão enquanto tentava chutar Albert mas não funcionou.
Até que bati contra a parede percebendo que seria o meu fim.

Fechei os olhos.

Até ouvir um som estranho, um som que não ouvia faz tempo, o som de tiro.

Quando abri meus olhos, vi Albert se estremecer do meu lado, fiquei com um pouco de nojo e me afastei dele.

Eu estava com a respiração afogante e boquiaberta.

Zack salvou minha vida. - Pensei.

Mas quando olhei pra ele, ele estava tão surpreso quanto eu e não tinha arma na mão.

- Quem são vocês?! O que fazem aqui?! Como conseguiram entrar? - Perguntava um Senhor de bengala na mão direita e com uma espingarda na mão esquerda.