Capítulo 44

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Após as mil tentativas fracassadas de me asfixiar com a almofada, levantei da cama e fui para a cozinha. Fiz um pequeno-almoço reforçado para recuperar minhas forças. Após terminar a refeição e colocar o pratos e talheres na pia, fui à sala e assisti mais uma vez o vídeo da minha bisavó Evangeline.

- Quantas vezes você já repetiu esse vídeo? - Zack perguntou próximo do meu ouvido.
- Umas 13 vezes. - Disse e sorri.
- Pretende conhecer sua bisavó pelo vídeo?
- Não. Apenas gostaria de ter em mente o porque de estar fazendo isso.
- Sabe qual a parte que mais gosto nesse vídeo?
- Não.

Ele apontou para a TV.

- MENINO QUE ESTÁ VENDO ESTE VÍDEO! - Ela gritou. - Saiba que todas as Nightshadow têm uma fraqueza.
- Incrivelmente descoberta por mim, Albert Pierre! - Disse brincalhão.
- Somos mulheres duas caras. Sim, nós os odeiamos e os amamos. Talvez pelas coisas que fazem ou como fazem nosso coração bater tão rápido que parece que sairá da caixa torácica. Só posso dizer que toda Nightshadow vale a pena. Então, até as rosas têm alguns espinhos!

- Sério? Sabe que posso quebrar essa tradição.
- Sei que não quebrará.
- Porquê tem tanta certeza?
- Mesmo se fazendo de forte, tentando esconder ou afastar seus sentimentos. Eles sempre aparecem. - Ele se aproximou de mim.
- E se eu não estiver fugindo dos meus sentimentos, mas sim fingir que existem? - Perguntei me aproximando, entrando no seu jogo.
- Bem então, tenho de fazer uma pergunta.
- Faça.
- O que sente por mim? Uma mera atração física? Um pequeno choque? Uma química? Ou não gosta de mim, de jeito algum.

Levantei da cadeira ainda o encarando.

- Não gostar de alguém ainda é um sentimento. É como um odiar com uma pequena retenção amorosa ou sexual. Digamos apenas que eu não sinto nada por você. - Disse ríspida e dei costas para ele indo para o meu quarto.

Mas Zack segurou meu braço e num movimento rápido me puxou para ele. Nossos corpos estavam colados e eu podia sentir sua respiração quente.

- Então se não sente nada por mim, podemos nos beijar e você não terá ressentimento algum. - Ele disse malicioso.

Eu tentei encontrar uma saída do seu plano malicioso. Apenas encarei o chão e lancei um olhar de superioridade e desgosto sobre ele.

- Verdade. - Disse finalmente.

O puxei pela gola da camisa e o beijei ferozmente, mas ali não tinha amor ou paixão. Era apenas ódio e raiva que tinha por ele que revelei naquele beijo.
Após o beijo, o empurrei com força e ele caiu no sofá. Passei a mão pelos lábios vagamente com um certo tom de desgosto e nojo. Zack apenas olhava para mim um tanto espantado e triste.

- Agora vê o que sinto por você. - Disse fria e vai pisando fundo até o quarto.

Me joguei na cama e um frio avassalador tomou meu corpo e meu coração. Eu estava me tornando tão fria comigo mesmo, tentando me enganar. Verdade que tentei fazer com que aquele beijo não mexesse com meu coração. Mas mexeu. Mas por ter sido um beijo cheio de ódio e rancor fez tão mal para mim, como sangue de zumbi para vampiro.
Suspirei e bafo verdadeiramente gelado saiu da minha boca. Eu estava realmente passando mal. Meu estômago doía. Meus olhos e minha cabeça também. Eu estava tremendo, mesmo sentindo um calor do inferno.

- Trinity? - Alguém batia a porta.
- Já... Vou... - Disse entre os dentes que batiam de frio.

Levantei da cama e senti uma tontura inexplicável. Apenas senti o impacto do meu corpo com o chão e apaguei.

- Trinity... Trinity... - Alguém chamava meu nome delicadamente.

Abri meus olhos devagar e notei que estava no laboratório, do meu lado esquerdo vi as enfermeiras na cela e do lado direito notei que estava tomando soro.

A Vida De Uma Morta-ViventeOnde histórias criam vida. Descubra agora