Prólogo

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Romênia, 1610.

O som seco e compassado dos cascos dos cavalos contra as pedras, retumbava ao longe nos ouvidos dos que dormiam em seus aposentos naquela noite gélida. Outros, de sono menos profundo, saltaram prontamente de suas camas, apressados por observar o tumulto, quase dependurados dos parapeitos dos balcões e assim que seus olhos pousavam sobre a cena que se desdobrava logo abaixo de suas janelas, iluminada pelos vários candelabros que empunhavam, seus corações se tornavam tristes.

Uns podiam ver as costas largas e fortes de um jovem cigano, que, agachado segurava entre seus braços o corpo inerte de uma bela moça, de pele tão branca que se fazia iluminada mesmo sob um parco luar e a escassa claridade que se desprendia das velas. Outros viam o rosto do rapaz, desfigurado pelas lágrimas e pelos cachos dourados dos cabelos de sua amada a quem abraçava fortemente, como se ainda lhe restasse no peito a esperança de um sopro de vida, um milagre, no entanto, todos, qualquer que fosse o ângulo pelo qual observassem o desfecho da história dos dois, podiam ver o sangue vertendo abundante e ainda quente do corpo dela, mesclando-se à pele dele, como se no intento de um último beijo.

O cigano Igor,
aprendera uma vez mais naquele instante o que sempre soubera e que o destino insistia, incansável, em ensinar.  Perder Alice mais uma vez e ver a magia do que sentiam um pelo outro se esvair vida após vida, em inúmeras existências, o fazia crer que ambos haviam nascido para viver um conto de bruxas.

Muitos nunca encontram seu destino, outros são inevitavelmente levados à ele, as vezes de uma forma tão cruel como se o mundo estivesse em chamas e ninguém pudesse salvá-los.

As Crônicas de Ostara.  Livro 1- UM CONTO DE BRUXAS (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora